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Favela Vive: Projeto leva Jiu-jítsu para periferia

“O esporte me tornou um cidadão melhor“. A afirmação é do segurança patrimonial, e também professor de Jiu-jítsu, Murilo Brossi (@brossimurilo). Nascido em Itaquera, São Paulo, Murilo hoje vive em Mogi das Cruzes e, com apenas 23 anos, é fundador do projeto Favela Vive (@projeto_favelavive).

Conversamos sobre a importância do esporte na sua vida e qual o propósito de levar o Jiu-jítsu para crianças, adolescentes e adultos que vivem “à margem”. O papo foi emocionante, e você confere abaixo:

Fale um pouco sobre o Projeto FAVELA VIVE Jiu-jítsu. Como ele surgiu, qual seu propósito?

Murilo:
O projeto Favela Vive foi criado para atender crianças, jovens e adultos. Eu acredito que um projeto social é feito justamente para toda a sociedade, então ele não tem que atender apenas um nicho específico. Porém, temos um foco maior em atender pessoas carentes – aqueles que não se encaixam em determinados padrões e parâmetros, como condição financeira, desempenho escolar, ou até mesmo crianças que, por diversos motivos, têm comportamento agressivo.

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A ideia surgiu em 2020, e a minha inspiração foi minhaprópria história como atleta noJiu-jítsu. Eu sempre fui uma criança que tinha certa dificuldade em socializar, por muito tempo fui agressivo, e o esporte mudou essa parte em mim. Então, minha maior vontade era ajudar crianças que passam pelo mesmo, ou que tivessem dificuldades em outros sentidos. Trazer essas crianças para socializar, interagir, fazer parte de algo, se enxegar na socidade.

Sobre a parte administrativa, além de fundador eu sou professor, secretário e cuido de todas as áres. Graças a Deus o projeto está se  expandindo e eu tenho conseguido ajuda para tocar algumas outras coisas.

Como começou sua história com o esporte?

Murilo: Desde criança eu sempre amei esportes. Sempre gostei muito de jogar bola na rua, acordar de manhã, me vestir com o uniforme…mas, ao mesmo tempo, eu tinha dificuldades na escola, eu não me encontrava nesse meio, não me dava bem com nenhuma matéria. Era um conflito, mas o esporte foi a válvula de escape.

Aos 15 anos, eu era um adolescente muito problemático, eu brigava muito, sentia uma revolta enorme dentro de mim, que só depois eu pude entender e tratar. O Jiu-jítsu fez parte dessa evolução como pessoa. Então eu entendi, desde o começo, os pilares que regem meu projeto: respeito, cidadania e humildade. Esses três pilares eu encontrei no Jiu-Jitsu, ele foi uma ferramenta. Eu passei a ser menos agressivo, a prestar mais atenção nas minhas atitudes.

Meu mestre falava: “Hoje, se você sair na rua, você é uma arma. Então você precisa tomar muito cuidado com suas atitudes, palavras e em como trata os outros”. Com isso, eu entendi que o  Jiu-jítsu é feito no tatami, e não para fora dele. Isso me ajudou a formar o caráter que tenho hoje. O esporte me ajudou a me tornar um cidadão melhor.

Como o projeto impacta a vida desses jovens?

Murilo: É difícil falar, pois sou professor. Talvez a minha avaliação não seja a mais precisa… mas eu vejo alunos que não tinham disciplina, chegando lá pela primeira vez, e quando pedido que saudassem o tatami (prática que é a base desse esporte, onde você demonstra respeito), era algo que os deixava reciosos. Mas já no segundo ou terceiro treino, você observava essas mesmas crianças saudando o tatami, cumprimentando os mais velhos, demonstrando respeito e humildade.

Outro exemplo foi no final do ano, quando a empresa Winover doou 10 cestas básicas para o projeto. Durante a entrega, um dos meus alunos disse que há tempos não comia uma bolacha, e que ele estava muito feliz em receber a cesta. Então, para mim, o impacto está tanto no cotidiano e vivência social de cada um, como também dentro de casa. Eu acredito que é muito além do tatami, além das aulas. O projeto afeta de maneira positiva e intensa a vida dessas pessoas.

Quais os próximos passos para o projeto? Como você enxerga o Favela Vive daqui 5 anos?

Eu espero ampliar a quantidade de pessoas que nós atendemos, e daqui há cinco anos eu o enxergo de uma maneira muito otimista. Que ele agregue diversos valores, desde colocar uma criança e ensiná-la, como também ajudar adultos a se inserirem no mercado de trabalho.

Desejo ajudar frequentemente essas famílias – com cestas básicas, por exemplo-, atender em lugares mais distantes e necessitados, toda a periferia de Mogi e bairros que são esquecidos. Eu já tenho estudado alguns locais, e quem sabe, um dia, chegar até mesmo em outras cidades. O intuito é englobar várias áreas, pessoas e lugares. Mais professores (de inglês e outros cursos), mais capacitadores, empresas parceiras, etc.

Eu sou muito sonhador. E, em resumo, a palavra para daqui 5 anos é: ampliar.  Colocar o projeto em comunidades, afinal, como diz o próprio nome, eu quero que a favela viva Jiu-jítsu, eu quero que a favela entenda que eles têm como crescer na vida. Que eles não estão sozinhos.  A teoria do abandono pressupõe que todo ser humano que se sente abandonado, tende a cometer algum delito. E eu quero justamente o oposto: que a favela entenda que eles têm alguém que zela e olha por eles.

Para encerrar nossa entrevista, algum agradecimento especial?

Gostaria de agradecer minha esposa, Miriã Alves. Ela é responsável por toda organização, o que me ajuda a ter aulas melhores e mais produtivas. E também Luciano Marcos (Mestre Jabá), equipe da qual faço parte.

FAVELA VIVE NAS REDES:
O projeto recebe pessoas de todas as idades e locais. Quer mais informações de como participar, ou como ajudar o Murilo a expandir seu projeto? Então siga o @projeto_favelavive, envie uma DM, e faça parte desse movimento de transformação.

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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Respostas de 2

  1. O murilo sempre gostou muito de esporte e esta forca de vontade de ajudar de passar toda experiencia dele e muito grande fico muito orgulhosa

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