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Por meio de recursos interativos, exposição no Sesc Vila Mariana propõe reflexão acerca de preconceitos sociais

Doze protagonistas, em doze vídeos ativados através de sensores de presença. Doze questões urgentes de visibilidade, expostas em depoimentos contundentes por diferentes representantes na luta contra preconceitos sociais. Esta é a proposta da exposição multimídia PALAVRAS CRUZADAS: LUGARES DE FALA CONTEMPORÂNEOS, que abre no dia 20 de setembro, às 19h30, no Sesc Vila Mariana.

Com curadoria de Daniel Lima, Élida Lima e Felipe Teixeira, a instalação é interativa; cada vídeo é acionado com a aproximação das pessoas. E isto não é por acaso: o outro é indispensável. É indispensável a quaisquer debates; para que nos façamos entender, para que possamos conviver, e tem de estar disposto a nos enxergar e ouvir. Outra escolha significativa na montagem diz respeito a seu espaço expositivo disposto em formato circular: nenhum dos temas presentes tem ascensão sobre outro; são todos igualmente importantes e prementes de reflexão. Assim, o público é convidado a acompanhar os discursos, dentro ou fora do círculo, criar analogias, reflexões e diálogos a partir das falas cruzadas.

Em cartaz até o dia 23 de dezembro de 2018, a exposição tem entrada franca e é livre para todos os públicos.

“Palavras Cruzadas cria um ambiente de escuta, para se colocar no lugar do outro, escutá-lo e reconhecer sua fala. A experiência é ativa, exige posicionamento, tanto para aquele que fala, pois amplifica e transforma a expressão, quanto para aquele que ouve, que se move para o redimensionamento do encontro. Ouvir também é agir. E esse falar e ouvir são ferramentas para que as narrativas sejam percebidas e midiatizadas” LabArtMidia, coletivo participante do projeto.

O termo “lugar de fala” representa a busca pelo fim da mediação: a pessoa que sofre preconceito fala por si, como protagonista da própria luta e movimento. Nesse sentido, a exposição surge de alguns importantes questionamentos: quem pode falar? A quem é conferida a legitimidade e autoridade para se posicionar frente às realidades sociais? Quais vozes são consideradas na organização social, política, econômica e cultural das sociedades?

Nas últimas décadas, intensas reconfigurações das relações sociais no Brasil vem legitimando lugares de fala e protagonismos diversos e entrecruzados: raciais, sexuais, de gênero e de outras expressões, que têm desafiado discursos vigentes. São vozes não de minorias, mas de grupos minorizados pela norma social. Vozes empoderadas pela coletividade, com capacidade de transformar lugares de saber e poder no mundo contemporâneo. Nesse contexto, a exposição PALAVRAS CRUZADAS: LUGARES DE FALA CONTEMPORÂNEOS surge da necessidade artística de oferecer um ambiente propício para debater estes temas, e de fomentar um diálogo entre público e movimentos sociais, por meio de recursos tecnológicos.

Doze protagonistas, das mais variadas vertentes sociais, ocuparão os lugares de fala: Movimento Indígena com David Karai, Movimento Quilombola com TC Silva, Movimento Sem Teto com Carmen Silva, Mães de Maio com Débora Silva, pessoas em situação prisional com Dexter, Movimento das Prostitutas com Lourdes Barreto, Movimento Trans com Amara Moira, Cultura Surda com Edinho Santos, Movimento Secundarista com Marcela Jesus, Feminismo Negro com Juliana Borges, Movimento LGBTs com Jéssica Tauane e Imigrantes com Shambuyi Wetu.

Detectores de presença, videomapping e programação digital em softwares de interatividades são alguns dos recursos tecnológicos utilizados pela equipe de realização do projeto. A exposição é fruto da pesquisa desenvolvida com o LabArteMidia (Laboratório de Arte, Mídia e Tecnologias Digitais), do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão e do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, criado em 2016 em vinculação à pesquisa do Prof. Dr. Almir Almas.

PROGRAMAÇÃO INTEGRADA

PALAVRAS CRUZADAS: LUGARES DE FALA CONTEMPORÂNEOS terá uma programação integrada com oficinas, bate-papos e cursos. A partir de outubro, a grade de programação do Sesc Vila Mariana passa a oferecer atividades ligadas aos temas propostos na exposição, entendendo arte como ferramenta de transformação atuante nas causas sociais.

EDUCATIVO

Durante todo o período em cartaz, a exposição contará com uma proposta educativa específica. A equipe de educadores terá papel fundamental na mediação dos conteúdos com o público visitante, para ativação das reflexões sobre os lugares de fala e os temas abordados pelos protagonistas, exercitando a alteridade e, estimulando a cidadania e o respeito à diversidade.

_PROTAGONISTAS

AMARA MOIRA

Sou travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp com tese sobre o ‘Ulysses’ de James Joyce e autora do livro autobiográfico ‘E se eu fosse puta’ (Hoo editora, 2016). Além disso, sou colunista da Mídia Ninja e professora de literatura do cursinho pré-vestibular Descomplica.

CARMEN SILVA

Nasci em 1960, sou uma das fundadoras e a principal liderança do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) que atualmente lidera 10 dos 21 prédios ocupados na cidade de São Paulo com cerca de 5 mil pessoas lutando por uma moradia digna e definitiva. Natural de Santo Estevão, na Bahia,  passei parte da minha juventude no subúrbio de Salvador, onde me casei e tive oito filhos. No início da década de 90, após sofrer forte violência doméstica, mudei para a capital paulista, buscando melhores condições de vida mim e meus filhos. Após um período de tempo morando com familiares e depois na rua, fui para um albergue, onde conheci pessoas engajadas na luta por moradia. Sou protagonista no filme Era o Hotel Cambridge. Hoje, me dedico a diversas frentes ligadas à expansão e consolidação dos direitos de cidadãs e cidadãos de áreas urbanas.

DAVID KARAI

Sou Karai Popygua, 30 anos, do povo Guarani Mbya, líder na Terra Indígena do Jaraguá e trabalho como professor desde 2008 na aldeia do Jaraguá Tekoa Ytu. Também sou Presidente do Conselho Estadual dos Povos Indígenas de São Paulo (Cepisp), onde luto para fortalecimento e criação de políticas públicas  estaduais para comunidades indígenas de São Paulo. Minha atuação no movimento indígena começou aos 16 anos quando percebi que tinha uma vocação reconhecida pelos mais velhos, nossos xamãs, que através de minha fala os não indígenas iriam aprender a respeitar mais e nos ouvir. O ponto focal de nossa luta é pelo reconhecimento de nosso território. O  estado brasileiro insiste em nos privar do direito de viver na nossa terra para manter nossa cultura.Tenho pela graça de Nhanderu presenciado vitórias importantes de nosso povo. Com muita fé e coragem continuaremos seguindo nossa bela caminhada.

DEBORA SILVA

Sou coordenadora do Movimento Mães de Maio, rede de mães, familiares e amigos de vítimas da violência do Estado brasileiro, principalmente da Polícia Militar, formado após os Crimes de Maio de 2006.  Sou pesquisadora do Centro de Arqueologia e Antropologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e educadora popular em parceria com a Anistia Internacional no Brasil. Nossa luta é pelo direito à verdade, à memória, à justiça e à reparação plena de todas as vítimas da violência sistemática contra a população pobre, negra e indígena. Transformamos a dor e o luto pela perda de nossos filhos, familiares e amigos  juntas.

DEXTER

Atuo no Hip hop nacional desde os anos 90, quando fundei o grupo 509-E quando estava na Casa de Detenção de São Paulo. Nosso álbum teve muito sucesso nas rádios de todo Brasil com as músicas “Saudades mil” e “Oitavo anjo”. Nestes 27 anos de carreira, marco uma referência no Hip Hop nacional e considero a música uma ferramenta de disseminação de cultura, conhecimento e valores. Há 6 anos estou em liberdade e, graças a música, tenho visto minha vida mudar.

EDINHO SANTOS

Sou surdo, pedagogo, ator e poeta. Em 2017 participei do Slam SP – Campeonato Estadual de Poesia Falada e me classifiquei entre os cinco melhores poetas de São Paulo para o Slam BR. Minha participação nos campeonatos de poesia (slams) estão reunidas na página Edinho Poesia no Facebook. Atualmente é educador do Itaú Cultural.

JESSICA TAUANE

Sou fundadora do Canal das Bee – canal pioneiro em questões LGBT no YouTube. Atualmente me dedico ao divertido Gorda de Boa, canal sobre empoderamento feminino, autoestima, diversidade, cotidiano, humor e lifestyle. Dirijo o projeto social Bee Ajuda, que acolhe jovens LGBTs em situação de vulnerabilidade.

JULIANA BORGES

Sou escritora e socióloga. Fui Secretária Adjunta da Secretaria de Políticas para as Mulheres e assessora da Secretaria do Governo Municipal da Prefeitura de São Paulo (gestão Fernando Haddad). Sou autora do livro “O que é encarceramento em massa?” da coleção Feminismos Plurais, coordenada pela filósofa Djamila Ribeiro (Letramento/Justificando).  

LOURDES BARRETO

Sou natural da Paraíba, moro em Belém há mais de 50 anos.  Fui fundadora, ao lado de Gabriela Leite, do movimento político de prostitutas, criando a Rede Brasileira de Prostitutas (RBP), que teve como marco o I Encontro Nacional “Fala, Mulher da Vida” (RJ -1987). Tenho 76 anos de vida, mais de 50 anos na prostituição e 31 anos de movimento. Puta e Ativista, sou reconhecida na luta pelos direitos das mulheres, das prostitutas e na luta contra à Aids, no Brasil e no mundo.

MARCELA JESUS

Tenho 19 anos e participo do movimento secundarista desde 2015. Em 2016, ocupei coletivamente a escola que estudava, a Escola Estadual João Kopke e também o Centro Paula Souza. Atualmente atuo em um grupo de teatro, estreando a peça “Quando quebra queima”, que conta vivências e histórias dessas ocupações.

SHAMBUYI WETU

Sou artista congolês e vivo em São Paulo há 4 anos. Estudei arte na Academie de Beaux art em Kinshasa na República Democrática do Congo. Desenvolvo esculturas e pinturas abordando diversos assuntos através de minhas performances e narrativas sobre as experiências da diáspora e a situação do negro no mundo.

TC SILVA

Sou filho de Geralda Santos Silva e Alfredo Januário. Atuo como músico arranjador autodidata. Fui articulador do Movimento Negro Unificado desde 1974 e fundador do Grupo de Teatro Evolução com Benedito Luiz Amauro (Lumumba) no período  1972/1979. Em 1989, junto com Antonia Frutuosa Felisbino em Campinas, fundei a Casa de Cultura Tainã onde foi gestado a Rede Mocambos que reúne quilombos do Brasil e das América. Ganhei Prêmio Ordem do Mérito Cultura da Presidência da República em 2006.

CURADORES

DANIEL LIMA

Bacharel em Artes Plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da USP, Mestre em Psicologia Clínica pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade da PUC/SP e doutorando em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Desde 2001 cria intervenções e interferências no espaço urbano. Próximo de trabalhos coletivos, desenvolve pesquisas relacionadas a mídia, questões raciais e processos educacionais. É membro fundador dos coletivos A Revolução Não Será Televisionada, Política do Impossível e Frente 3 de Fevereiro. Atualmente, dirige a produtora e editora Invisíveis Produções.

ÉLIDA LIMA

Escritora, pesquisadora, editora e professora. É bolsista de Doutorado no Núcleo de Estudos da Subjetividade da PUC-SP. Atualmente desenvolve pesquisa sobre feminismos interseccionais, com foco nos campos “branquitude” e “cisgeneridade”. É professora do Cursinho Popular Transformação, projeto de educação voltado para pessoas transgêneras, travestis e não-binárias em São Paulo. Realiza encontros de formação feminista com os coletivos PartidA e Associação Baobá. Nos últimos anos, tem organizado livros de poesia, arte e política pela Invisíveis Produções.

FELIPE TEIXEIRA

Formado em Relações Internacionais pela USP e Mestre em Economia pela UFRJ, é especialista em Gestão Pública. Membro fundador da Frente 3 de Fevereiro e DJ (conhecido como DJ Fatah).

LABARTEMIDIA (Laboratório de Arte, Mídia e Tecnologias Digitais)

Grupo de pesquisa em inovações poéticas, técnicas e estéticas em conteúdos audiovisuais, do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão e do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais, da Escola de Comunicações e Artes da USP, criado em 2016 em vinculação à pesquisa do Prof. Dr. Almir Almas.

Os agendamentos de grupos são realizados através do e-mail:

agendamento@vilamariana.sescsp.org.br

No Portal Sesc SP:

http://bit.ly/ExpoPalavrasCruzadas

Fotos para divulgação:

https://www.dropbox.com/sh/lbrkyp87v57ofzm/AABQhxbWUrgK2NKNkS-WEKXLa?dl=0

Serviço:

PALAVRAS CRUZADAS: LUGARES DE FALA CONTEMPORÂNEOS
Curadoria de Daniel Lima, Élida Lima, Felipe Teixeira e LabArteMidia
Abertura: dia 20 de setembro, quinta-feira, às 19h30
Visitação: de 21 de setembro a 23 de dezembro; terças a sextas-feiras, das 10h às 21h30; sábados, das 10h às 20h30; domingos e feriados, das 10h às 18h30
Local: Hall dos Elevadores
Entrada: Grátis

Horário de funcionamento da Unidade: Terça a sexta, das 7h às 21h30; sábado, das 9h às 21h; e domingo e feriado, das 9h às 18h30.

Central de Atendimento (Piso Superior – Torre A): Terça a sexta-feira, das 9h às 20h30; sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h30.

Estacionamento: R$ 5,50 a primeira hora + R$ 2,00 a hora adicional (Credencial Plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). R$ 12 a primeira hora + R$ 3,00 a hora adicional (outros). 200 vagas.

 

Sesc Vila Mariana

Rua Pelotas, 141, São Paulo – SP

Informações: 5080-3000

sescsp.org.br

Facebook, Twitter e Instagram: /sescvilamariana

 

Assessoria de Imprensa | Sesc Vila Mariana

Carlos Daniel Dereste

Joana Teixeira (estagiária)

(11) 5080 3011

imprensa@vilamariana.sescsp.org.br

 

Assessoria de Comunicação | Curadoria

Carola Gonzalez

(11) 9 6664 2048

carola.imprensa@gmail.com

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