“Hoje, 14 de julho de 2021, a UNEGRO completa 33 de fundação, Entidade que guarda semelhança com o Brasil: nasce na Bahia e se estabelece em todo território nacional.”. Aqui um trecho da nota de hoje para comemorar o trigésimo terceiro aniversário da União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro). Está aniversariando uma das grandes referencias na luta antirracista, do Brasil.
Um outro trecho da nota pública da entidade que merece destaque: “Ao longo desses 33 anos de existência, somada ao movimento negro, a UNEGRO deu importante contribuições para o avanço da pauta racial, destaco a democratização do acesso ao ensino superior, o aperfeiçoamento do ordenamento jurídico antirracismo, o surgimento e fortalecimento das ações afirmativas e a proliferação de organismos de igualdade nos espaços públicos e da sociedade civil. Sem perder a dimensão da luta transformadora que une os movimentos revolucionários e populares.” e sobre o momento atual diz Edson França: “Derrotar Bolsonaro e a corrente político ideológica que sustenta suas sandices é uma importante prioridade da UNEGRO, por isso estaremos nas ruas – lugar de quem luta, lugar de quem transforma – pelo fim de Bolsonaro e por um Brasil sem exploração e opressões e racismo.”
O Jornal Empoderado conversou com Edson França (Vice Presidente Nacional da UNEGRO) e Rosa Anacleto (Presidenta Estadual), ambos dirigentes da entidade.
Jornal Empoderado – Como e por que surge a Unegro?
Edson França – Surgem em 1988, ano do Centenário da Abolição Inconclusa, em Salvador, na ocasião levantávamos contra a violência policial, contra a fome, desemprego, pobreza que vitimava especialmente a população negra e surgíamos para ser uma alternativa de luta de classe, raça e gênero, triplé que sustenta a exploração e opressão no Brasil.
Rosa Anacleto
Jornal Empoderado – Quais os maiores desafios nesses 33 anos?
Edson França – O desafio da existência em todo país sem recurso, de acompanhar vários retrocessos sem perder a convicção que podemos transformar o país, de ver irmãs e irmãos tombar durante a luta e de nunca abandonar a luta ao lado do povo.
Jornal Empoderado – Como é manter uma entidade negra em período tão conservador e na Pandemia?
Edson França – Não existe período fácil em matéria de combate ao racismo, mas sempre é possível piorar. Bolsonaro com sua necropolítica negacionista, corrupta e irresponsável levou morte, desemprego, pobreza e morte ao nosso povo. O impacto sobre a população negra sempre é maior, aliás, nossa convicção é que só é possível um Presidente da República com o caráter de Bolsonaro em um país cujo racismo estrutura as relações políticas, sociais, econômicas e culturais. Diante disso, estamos nas ruas com os movimentos populares dando um basta a política de morte.
Rosa Anacleto
Jornal Empoderado – O PCdoB mesmo com a Unegro, não é reconhecido por ser um partido de luta Antirracista. Como você vê isso?
Edson França – Discordo rigorosamente da pergunta e de quem assim pensa. Os comunistas têm uma longa trajetória de luta política contra o racismo, posso citar várias, mas como não é objeto dessa entrevista darei um dado, o PCdoB é o único Partido do Brasil que ascendeu a sua presidência uma mulher negra: Luciana Santos.
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Jornal Empoderado – A Unegro participa da Convergência, Frente Nacional Antirracista… Qual a importância dessas uniões?
Edson França – Somos uma entidade frentista, consideremos fundamental a unidade do movimento negro, por isso valorizamos espaços com justa pauta, legitimidade de atuação dos integrantes e disposição de luta. Há inúmeros pontos comuns entre a Convergência e a Frente Nacional Antirracismo, diferenciando na prioridade na pauta econômica e na capacidade de diálogo amplo, do ponto de vista da coloração ideológica, da FNA.