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O sentido da representatividade

Ainda no caminho ou já estamos lá? É aí que entra o sentido da representatividade

Estamos chegando!

Essa frase ecoa nos meus pensamentos e, não tenho dúvidas de que nos pensamentos dos meus colegas pretos, também.

Muito falamos sobre representatividade, mas alguma vez você já parou para pensar no que isso realmente impacta ou no real significado da palavra?

Quando falamos em ser representados, nos referimos a ver pessoas como nós, em todos os cantos, em todas as esferas sociais, em todas as profissões, estampadas em brinquedos e em ilustrações de livros, estrelando filmes com papeis fora do convencional, afinal, o preto está acostumado a fazer cota nos filmes através de coadjuvantes ou até mesmo sem grande importância.

Entretanto, quando um ator preto assume o protagonismo em um filme que não fale exclusivamente do sofrimento do nosso povo, ele está mostrando às nossas crianças que o futuro delas pertence a elas e a ninguém mais.

Imagine precisar carregar a boneca branca, não porque achou mais bonita, mas sim porque não há outras opções.

Suponha pensar em fazer uma prova para concurso e achar que somente serviços gerais irão servir, não por escolha ou por escolaridade, mas porque você foi ensinado desde cedo a duvidar da sua capacidade.

Presuma sair na rua e precisar se preocupar com a forma com a qual irão te olhar e precisar ter cuidado com a roupa, a maneira de se comportar e precisar agir naturalmente ao ser seguido por seguranças em lojas, ver pessoas escondendo bolsas ou mesmo temer uma abordagem policial por não saber se será justa ou agressiva por conta da cor da sua pele.

Imagine viver num lugar onde dizem que quem fala de racismo é chato, porém, onde as pessoas praticam atitudes racistas diariamente.

É aí que eu repito para mim mesma: estamos chegando!

O ator Eddie Murphy durante a homenagem recebida por sua carreira no Critic’s Choice Awards 2020

A representatividade é tudo!

Mas daí me lembro que já estamos lá, lá onde se cria produtos para consumo, brinquedos, vestimentas, filmes e desenhos para a população preta.

Lá onde somos protagonistas literários e também os escritores da obra, onde vemos as domésticas e as madames terem a mesma cor de pele, onde a chefia se destaca pela capacidade e pela sua raça.

Sim, nós chegamos! Não, ainda não é o suficiente, pois sabemos agora que podemos ir muito mais além de onde já estamos.

E é nisso que a representatividade consiste, em mostrar aos nossos que o nosso lugar é em qualquer lugar.

Até a próxima!

Ellen Moraes Senra

 

NOTA

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