Hoje os gritos da favela sofrida soaram com outro tom.
Ouviram-se o estourar de fogos, correria pelos becos e vielas, mas não teve tiroteio.
Pessoas com lágrimas nos olhos, sem ser de tristeza, misturadas ao suor do rosto que desta vez não era do trabalho sofrido do dia a dia.
O Zé servente de obra, igualmente a Dona Ceiça copeira, o Raimundo porteiro e tantos outros desta vez tinham motivos para sorrir: o Flamengo venceu.
E como não se identificar com esta vitória? Foi uma espécie de metáfora da ‘vida real’. O River melhor, se mostrando forte todo o tempo não dava brechas frente a um Flamengo que procurava sair da dificuldade sem sucesso.
Tudo piora com o gol argentino. Impossível não sentir o baque pra quem tanto apanha na vida.
Fica ali ao lado quietinha, mas presente, a Esperança. Ela que deita todas as noites e levanta cedinho com cada pobre do morro, não se deixaria faltar nessa hora.
Ao Flamengo restava fazer o que cada morador do morro faz sempre: buscar forças sabe-se lá de onde e resistir.
Resistir estudando (o adversário/ou as matérias da escola), resistir com a voz (orientando os companheiros de time/ou gritando contra as injustiças), resistir, lutar pela bola como por um prato de comida.
E vem o empate! Mas não é o suficiente. É preciso ir além. As pernas cansadas, sentem o mesmo efeito das pernas de quem pega o trem lotado. É necessário seguir.
Aí a dona Esperança, não ‘a última que morre’, mas sim a gari que trabalha de dia e estuda a noite consegue seu objetivo: sua graduação!
É o momento do gol do título! Suado, sofrido, frente a uma dificuldade tremenda, vem o triunfo!
Fruto da força, foco e fé de pessoas que frente a dificuldade não esmoreceram e escolheram lutar.
Assim é o Flamengo. Assim é a vida. Quem disse que seria fácil?
Hoje a favela acordou sorrindo…
Respostas de 4
Perfeita!!!!
Parabéns flamenguistas…
Obrigado, Iolanda. Continue nos acompanhando!
“O Esporte Inspira a Vida”
Lindo Texto. Parabéns!!!!
Obrigado, Rogerio. Continue nos acompanhando!