Revisão e edição: Tatiana Oliveira Botosso
Foto de capa: equipe Oxfam Brasil
O Jornal Empoderado (JE) participou, nessa quarta-feira (15), da coletiva de imprensa com Viviana Santiago, que é a nova Diretora Executiva da Oxfam Brasil. Além do JE, também estiveram presentes: o Jornal Valor Econômico e mídias alternativas que atuam nas periferias de São Paulo: Agência Pública; Ponte Jornalismo; Portal Geledés; Blogueiras Negras; Desenrola e não me Enrola; Nós Mulheres da Periferia; Agência Mural; e Manda Noticias.
A Oxfam Brasil foi criada em 2014 e é uma organização da sociedade civil brasileira, que atua em quatro áreas temáticas: Justiça Racial e de Gênero; Justiça Rural e Desenvolvimento; Justiça Social e Econômica; e Justiça Climática e Amazônia.
A nova diretora, Viviana, com um sorriso no olhar, nos contou sobre o papel do Hip Hop como agente político em sua vida:
“Gosto de dizer que eu sou cria do movimento do hip. Foi o movimento do hip hop que eu aprendi o que é a partir da ação que a gente tem condições de ter uma ação que transforma a sociedade”.
Viviana também falou sobre o racismo estrutural e como é ser uma mulher negra no Brasil. Principalmente pela necessidade de ter que provar sua capacidade para ocupar os espaços de poder e como isso é uma pressão negativa na vida dela e de todas as pessoas negras. Ou seja, como a sociedade lida com uma mulher negra e nordestina no seu direito humano de errar. Ela entende que é preciso lutar pela humanização da população negra e citou a escritora Conceição Evaristo: “somos o sonho dos nossos ancestrais”.
Nota: sobre esse assunto, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, disse que, se as pessoas negras não estudam não são boas e, se estudam, os brancos também vêem apenas os defeitos em nós.
A Diretora também contou que a Oxfam só passou a produzir relatórios raciais a partir de 2019. E destacou a importância de produzir textos com uma linguagem simples e inclusiva, que atinja toda a população com e sem deficiência e de qualquer nível de escolaridade.
Ela relatou que já teve que responder perguntas de jornalistas sobre como ela se portaria sendo uma mulher negra nordestina num cargo de diretora executiva. E dialogou sobre a importância de entidades como a Oxfam investirem em mídias que estão nas periferias das cidades. Pois, mesmo com a concentração de renda na região sudeste, a maioria dos recursos de mídia são investidos em empresas de comunicação que já recebem muito dinheiro, com redações lideradas por pessoas brancas.
Outra crítica importante da Viviana, foi sobre como as bigtechs – como se denominam as grandes empresas de tecnologia – podem ser consideradas grandes vilãs. Pois essas empresas desenvolvem algorítimos que incentivam e enaltecem, nas redes sociais, a divulgação de várias formas violência e ódio, como a intolerância, o racismo, a LGBTQIA+fobia, e o machismo, em detrimento de matérias com agendas positivas sobre essas populações.
E concluiu dizendo que a Oxfam Brasil pretende promover, para o fortalecimento e a continuidade institucional das entidades – para além de seus projetos – numa perspectiva de raça, gênero e classe. E, dessa maneira, cumprir sua missão de contribuir para a construção de um Brasil justo, sustentável e solidário que elimine as causas da pobreza e da desigualdade. Trabalhando com parceiros e aliados, como parte de um movimento nacional e global pela transformação social.