É um evento sócio cultural regional, integrante das comemorações da Festade Nossa Senhora do Rosário e São Benedito da Igreja dos Homens Pretos que faz parte do calendário dos festejos da cidade, realizado anualmente pela Comissão dos Festejos do Rosário/Noite Odara. Igreja essa que foi erguida com a força e o sangue negro, simbolizando a energia e a resistência que nossos antepassados fizeram para professar sua fé e dar dignidade a morte de seus/nossos irmãos e irmãs pretos, demonstrando a toda a sociedade que pertencemos há esse lugar e que nossos corpos negros devam ser respeitado com toda a importância que possuem.
O evento que nesse ano está em sua 21ª Edição, tem sempre por objetivo reconhecer o trabalho de destaque de homens, mulheres (negros e não negros), bem como entidades por sua atuação na sociedade em suas mais diversas áreas, em busca de um país mais justo, igualitário e equânime desprovido de preconceito, discriminação e racismo.
Busca-se ainda, a valorização e manutenção da cultura afro brasileira, reconhecendo e resgatando muitas personalidades que anonimamente deixaram e deixam sua marca.
Entendemos que cabe a cada um de nós, mostrar para nossa juventude, que podemos ser o que quisermos, que temos sim nossas raízes e nossos heróis e heroínas negras, que nossa história/origem antecede e muito o terrível advento da escravidão, e devemos conhece-la e dela se apropriar, para contá-la a partir de nossa perspectiva bem como, resgatar o orgulho de nossa etnia em sua unidade, pois, somente assim, poderemos ocupar o espaço na sociedade que nos é devido.
Há aproximadamente 7 anos, a já tradicional Noite Odara, apresenta temas, entendidos como relevantes para o nosso fortalecimento étnico.
Temas como: “Recado ao Ancestrais”, “Da Licença que eu Quero Passar”, “Pisa nesse Chão com Força”, “Resistir, Insitir, Persistir, Resistir e não Desistir”, “Sou o que sou porque somos todos nós”, “Somos do tamanho dos nossos sonhos”, “Ritos dos 19 Anos –Empoderando a Negritude” simplesmente significa que fazemos parte desse chão, que ajudamos a construí-lo, que merecemos respeito, sem se esquecer de enaltecer a todos e todas que mesmo após sua partida deixaram seu legado, e como nós por tradição, respeitamos nossos mais velhos não podemos nos furtar a tal responsabilidade.
Nesse ano, o tema da festa, é: “A Força Negra Resiste em Mim” após dois de distanciamento social, a noite vem resistindo e mostrando que essa força Ancestral resiste em mim, em você, portanto resistindo em Nós.
Nomes como: Dr. Maurício Silva, João Acaibe, D. Cida do Beco do Samba, o cartunista e jornalista Mauricio Pestana, Netinho de Paula, Profº Drº B’asilele Malomalo, Cidinha Raiz, Dr Hédio da Silva Junior, Negritude Junior, Drª Carmen Dora, Padre José Enes, Projeto do Instituto da Mulher Negra – Promotoras Legais Populares do Geledés, Dep. Leci Brandão, Produtor Cultural Cacau Raz, Silvia Cibele, Bloco Afro Ilu Oba de Min, Profº Carlos Machado, Profª Elisa Lucas entre tantos outros expoentes, a já foram nossos homenageados.
Preservar a memória é uma das formas de construir a história, nas mais diversas manifestações culturais do povo brasileiro, seja na religião, culinária, música, dança linguagem e costumes, está presente a contribuição do povo negro, portanto, quando homenageamos os Nossos, estamos também reverenciando e empoderando nossa população.
Para tanto, ter uma publicação que descreva todos esses fatos, contando desde o seu nascedouro, até os momentos atuais, pontuando e elucidando que a história negra vive em nós, servindo de base para ser um instrumento/material de pesquisa, possibilitando a todos independente de sua origem e/ou nacionalidade se aproprie do que nossas personalidades negras são capazes de fazer quando há oportunidade. Ressaltando sua importância no contexto político histórico social, ou seja, nós nos mostrando para o mundo e não apenas para nós mesmos.
Foto de capa do site: https://culturaleste.com/
Texto: Profa. Anair Novaes
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