A multiplataforma Narrativas Plurais, dedicada ao desenvolvimento e difusão de saberes decoloniais e contracoloniais, acaba de disponibilizar três novos cursos em seu portfólio. A proposta da iniciativa é fornecer conhecimentos que foram sistematicamente apagados pelo processo histórico colonial, promovendo acesso a conteúdos que resgatam, valorizam e reconstroem memórias e identidades de grupos historicamente marginalizados.
Entre os lançamentos está o curso “Introdução à linguagem Tupi Guarani”, ministrado pelo ator, diretor, escritor e ativista Luã Aipiko. Composto por 10 aulas, o curso oferece um primeiro contato com uma das línguas originárias mais importantes do território brasileiro.
“O curso permite aprimorar e aprofundar em uma das linguagens mais importantes de nosso continente. As línguas tupi-guarani foram marginalizadas e até proibidas pelo processo histórico colonial, pois poderiam dificultar o avanço da colonização. Este curso é um manifesto ao resgate de nossas raízes e tradições, e ao valor de nossas línguas originárias”, explica Aipiko.
Outra novidade é o curso “Lei de Drogas e Direito Canábico: como se refletem em nossa sociedade?”, conduzido pela advogada, ativista dos direitos humanos e professora de Direito Penal da UFRJ, Luciana Boiteux. A formação apresenta uma análise crítica da legislação antidrogas no Brasil e seus impactos sociais, especialmente sobre a população pobre, preta e periférica.
“No conteúdo, procuro trazer ao centro da discussão de que forma a descriminalização do porte de maconha se atribui no Brasil, e os reflexos, diretos e indiretos, em nossa sociedade”, pontua a professora.
Com o foco na valorização das periferias, o curso “Favela é Potência: como se apresentam as forças, movimentos e ações que mobilizam a favela como espaço de poder?” é ministrado pelo empreendedor e ativista Raull Santiago. A formação aborda a favela como território de resistência, criatividade e soluções, discutindo temas como racismo ambiental, segurança pública, cultura e empreendedorismo.
“Aqui, vamos abordar temas importantes como racismo ambiental, insegurança pública e luta por direitos, cultura, empreendedorismo e movimento, sempre articulado às propostas e horizontes de soluções que validam e significam o poder da favela e do favelado como inspiração e transformação”, analisa o empreendedor social.
Clube do Livro: discussões decoloniais em pauta
Além dos cursos, a Narrativas Plurais também mantém um Clube do Livro, com encontros que propõem discussões em torno de pautas decoloniais, antirracistas, feministas, LGBTQIAPN+, ambientais e de valorização dos povos originários.
Atualmente, o grupo discute o livro “A Fé e o Fuzil: Crime e Religião no Brasil do Século XXI”, do jornalista investigativo Bruno Manso. A obra investiga a relação entre o crescimento das denominações evangélicas e o crime organizado no Brasil, além de traçar paralelos entre migração urbana, valores conservadores e política.
Manso também é autor de “A República das Milícias”, livro vencedor do Prêmio Jabuti 2021, que mergulha no universo das milícias no Rio de Janeiro e suas implicações para o país.
Uma plataforma voltada à reparação histórica
Com essas ações, a Narrativas Plurais reforça sua missão de produzir, propagar e tornar acessíveis cursos, workshops, formações e outros recursos educativos voltados à reparação dos efeitos da dominação colonial, promovendo a ruptura com padrões de poder historicamente impostos.
Todos os cursos e atividades podem ser acessados através da plataforma:
🌐 narrativasplurais.com
