Conversamos com o Professor Doutor e babalaô Ivanir dos Santos que deixou de ser a primeira opção do PDT na corrida pela cadeira do senado. O carioca que é Doutor, é líder religioso e militante negro histórico foi trocado por Cabo Daciolo. O mesmo que já falou pérolas como quando falou para a deputada cadeirante, do PSDB, Maria Gabrilli, para ela levantar e andar…E que tem Enéas como símbolo. O mesmo Enéas que defendia bomba nuclear e pautas reacionárias.
Vídeo da “cura”, na página da Mídia Ninja:
https://www.facebook.com/watch/?v=1206290446195765
Matéria da Folha, na época, com a deputada tetraplégica, do PSDB. Clique aqui!
Perguntamos ao Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos – Professor e orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ).
Jornal Empoderado – Ivanir como você encara a escolha do PDT, nesse processo?
Ivanir dos Santos: Eu encaro como sempre encarei os meus desafios, de cabeça erguida. Sou preto, nasci na favela, cresci em uma instituição de amparo ao menor. Vi minha mãe lutar cotidianamente para que eu pudesse continuar vivo e resistindo. Por isso, que na minha nota oficial eu deixo explícito que não há arrependimento de ter lutado com dignidade em prol do que acredito e ser buscado seguir os passos do nosso saudoso Leonel Brizola em prol da população marginalizada, favelada e preta. Eu sou fruto da favela, sou fruto dos coletivos e dos movimentos negros! Obviamente que faço as minhas leituras políticas e busco dialogar com as minhas bases para que possamos continuar firmes em nossos propósitos.
Jornal Empoderado – Os partidos estão “colocando” mulheres negras como vice. Acredita que serão parte de um projeto de discussão política ou mais uma vez serão utilizadas como Totem?
Ivanir dos Santos: Acredito que a participação das mulheres negras é extremamente importante e cabe a cada uma delas avaliar as suas participações nos partidos.
Jornal Empoderado – Quais os planos políticos para o futuro?
Ivanir dos Santos: Continuar trabalhando, lutando e promovendo ações, junto com as pessoas negras, com as lideranças dos movimentos sociais, das liberdades religiosas, da academia voltadas para as populações marginalizas, faveladas e periféricas, pois a nossas pautas são suprapartidárias.
A baixo nota do líder religioso, professor e militante: “CARTA DE DESAGRAVO A IVANIR DOS SANTOS!”
A alegria da celebração do aniversário do professor Ivanir dos Santos prometia ser o início de um tempo novo. Sua candidatura corria a passos largos para ser homologada pelo PDT. Cabo Daciolo havia desistido de concorrer ao Senado, dissera isto ao próprio Ivanir na padaria que o IFCS faz de encontro e confraternização.
Eu vi a foto! Daciolo abraçava Ivanir, beijava-lhe o rosto, num gesto de falsidade muito conhecido pelo imaginário cristão, aquele em que um dos apóstolos interessados em 30 moedas de prata, como dizem as Escrituras, vende o seu Mestre Maior.
Ivanir, em verdade, não estava interessado nas moedas — nunca estivera, aliás –, mas interessava-lhe algo maior. Ele queria defender uma causa, um conceito, um povo, uma mistura de culturas, sem com que as minorias perdessem sua singularidade toda própria.
Ivanir foi traído, rifado, venderam-no, e, com isso, venderam mais uma vez nossos sonhos, nossos ideais de igualdade, nossa ideia mestra de promoção do povo negro e do exercício da religião de matriz africana/ afro-brasileira.
Deus, porém, é justo, posto que a chance de Daciolo ganhar é próxima a zero, contudo, a chance do PDT se desmoralizar com esta decisão é próxima da total, dos 100%. Encomendaram o enterro de um partido que nasceu de um sonho de promoção de igualdade prioritariamente pela educação pública, universal e de qualidade absoluta.
A primeira vez que vi Ivanir dos Santos não foi na Universidade, foi em 1992, nós últimos esgares do século XX, gritando nos jornais de grande circulação do Estado do Rio de Janeiro contra a chacina da Candelária. Pôs o seu rosto e arriscou sua vida para reverberar o inaceitável, o imponderável, a catástrofe de se matar a juventude preta e pobre deste país sem causa ou motivo, ainda que estes houvesse — e nunca haverá! –, disse o óbvio: “Não há pena de morte no Brasil constitucional, mas vige esta pena de forma informal, que dizima milhares de famílias, pois não morre apenas a menina ou o menino morto a tiros de forma torpe, morrem todos os seus familiares com estes crimes estúpidos e sem explicação.”
Daciolo será, de novo, o meme que divertirá as timelines do Facebook e do Instagram. Subirá montes imaginários, berrará glórias a Deus em seu peculiar sotaque carioca afetado, como se Deus fosse surdo às suas previsões de que ganhará esta eleição. E Deus se fará surdo para ele, claro, porque nem por milagre ele ganhará esta eleição para o Senado; Deus não permitiria tal absurdo.
Nada mudou no Brasil, sinto dizer, e muita pouca coisa mudará com a eleição de Lula — temo. O pacto dos brancos continua incólume, intocável, inamovível.
Baba foi posto numa cruz e crucificado, para utilizar a analogia cristã tão cara a Daciolo. Foi traído, vendido por 30 moedas de prata, e com ele, o sonho de uma juventude imensa: preta, marginalizada, periférica, sem esperanças.
Foi a primeira derrota de uma candidatura mais do que legítima que sinto na carne, pois me envolvi para valer nela. Tentei reunir colegas e amigos. Sorri, me organizei em comunidade, senti o calor dos amigos, abracei Ivanir dos Santos num enlace verdadeiro de corpos e almas, acreditei nele através de seu olhar de paz.
PDT, ou quem quer que o dirija, vc pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão. O seu futuro é inexistente. O espírito de Brizola não mais reside nas tuas hostes. O seu candidato a presidente cairá como uma pena ou um papel amassado, sem capilaridade alguma com o povo, assim como o candidato que vocês escolheram para disputar o Senado. A lata de lixo da História os espera ansiosamente.
