“Dialeto angolano”?
Primeiramente, quem tiver interesse em saber no que idioma, língua e dialeto consistem, deve pesquisá-lo por si só. Este texto não objetiva explicar tal diferença, tampouco tenta implorar por compreensão por parte de quem se faz passar por amigo(a) do povo preto enquanto trata racismo como um tópico trivial.
No que diz respeito ao racismo linguístico, toda e qualquer língua europeia é tratada como tal. A Espanha, por exemplo, hospeda diferentes povos dentro de si, tendo cada um deles sua própria língua. Por questões sócio-políticas, o castelhano tem status de idioma, enquanto que o catalão, o basco e o galego são referenciados como línguas.
Quando se trata de um país africano, a situação muda totalmente. A língua do colonizador, imposta à força, segue sendo o idioma, segue tendo prestígio no sistema de educação e nos meios de comunicação, enquanto que as línguas locais costumam ser erroneamente chamadas de dialetos, o que muitas vezes é feito não só por quem não tem ancestralidade afro, mas também é feito por gente nascida em África e por quem nasceu na Diáspora.
Por que as línguas africanas continuam sendo reduzidas a dialetos? Por acaso as línguas africanas não são sistematizadas? As línguas africanas não possuem variantes geográficas, sociais, etárias e históricas? Por que insinua-se tanto que em África há tribos e na Europa há etnias?
É preciso muito mais do que pieguice, boa vontade e frases de efeito para cativar os mais ingênuos e inocentes. É preciso respeito com a África e com toda sua diversidade cultural, assim como é preciso ter um compromisso verdadeiro com a luta pela autonomia dos povos africanos.
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