Ter um olhar atento para novos artistas sempre foi uma marca de Regina Boni desde a sua época na Galeria São Paulo. Desde que abriu a SP Flutuante em fevereiro de 2021, não foi diferente. Já se foram cinco exposições e, agora, o amplo galpão na Barra Funda recebe dois jovens nomes. O paulistano do Capão Redondo R.Trompaz e a sergipana Fabiana Wolf. Primeira individual de ambos em galerias, eles se identificam nas linhas, na intensidade de preencher os espaços de suas plataformas, as intersecções das ideias entre o social, a periferia, o feminino e a urbe.
Enquanto R.Trompaz, de 33 anos, explora a cidade andando quilômetros a pé, Fabiana deixou Aracaju aos 18 anos para tentar a vida de artista na capital paulista. Ele se formou em Design Gráfico na Belas Artes. Fabiana começou e deixou cerca de seis faculdades.
Para Regina Boni, curadora e proprietária da SP Flutuante, o trabalho de Fabiana emociona: “Já comecei a redigir o texto curatorial algumas vezes, mas me deparo muito mais com uma emoção profunda do que qualquer categorização ou análise teórica”. Já para Manu Maltez, artista visual, músico e co-curador da galeria, o trabalho de R.Trompaz é quase uma síncopa de notas sobre a pauliceia e suas discrepâncias: “R.Trompaz cria um abcdário próprio. Usa dos signos para produzir um dialeto das ruas, sobrepondo elementos gráficos. É uma partitura. Quando olho para os seus quadros é como se sentisse ruídos saindo deles”, analisa.
Admirador de Lívio Abramo e Artur Barrios, R.Trompaz produziu muito em PB, mas para a exposição que será aberta em 8/10 e seguirá até 24/11 ele colocou cores nas obras. Serão 20 no total,de desenhos com caneta ponta de feltro a pintura em acrílica e verniz acrílico com pigmento em pó, processos de reprodução negativados nos quais usa uma técnica de guache sobrepondo com nanquim .
R.Trompaz utiliza a arte como meio de expressão e crítica social, principalmente por meio do projeto Segregação Social Geograficamente Escancarada (SSGE). “É a minha concepção de um fazer sobre a condição de vida das periferias e suas contradições”, comenta.
Com 26 anos, Fabiana realiza seus trabalhos em um ateliê no bairro do Cambuci e exerce o seu fazer artístico e político em grandes telas que chegam a 5 metros utilizando técnica mista, giz, pastel oleoso, seco e tinta acrílica. Para essa mostra na SP Flutuante ela pretende levar de 10 a 12 trabalhos, todos realizados ao longo de 2022, portanto inéditos.
“Acho o trabalho da Fabiana extremamente maduro para uma jovem artista. Não tenho dúvida sobre o caminho promissor que ela terá. Para mim, é muito claro”, complementa Regina.
“Quando estava elaborando o material gráfico a ligação poética entre os dois artistas ficou evidente. São artistas densos, trabalham com o excesso, ambos têm a denúncia presente em suas obras mas trazem ao mesmo tempo um primor estético, uma inesperada leveza; alcançam uma beleza inusitada. São as contradições da arte, por isso ela existe, resiste”, afirma Manu Maltez.
“Conheci o trabalho da Fabiana agora no momento da produção e fiquei feliz, pois a linguagem conversa bastante comigo quando você foca nos detalhes, no preenchimento. Tenho horror a espaços vazios. Acho que ela também”, diz R.Trompaz.
“Meu trabalho reflete muito da minha busca interna e política. A política é importante na minha vida. Ela se apresenta na obra. Sobretudo uma revolta muito presente. Fiquei feliz de imediato quando vi o trabalho do R.Trompaz. Se as nossas linhas se cruzam nos processos de intersecção, nossa poética fala alto dentro de um viés de insurgência”, avalia Fabiana.
(serviço)
FABIANA WOLF E R.TROMPAZ
Onde: Galeria SP Flutuante
Endereço: Rua Brigadeiro Galvão, 130, Barra Funda, São Paulo/SP
Quando: 8/10 a 24/11
Horário de visitas: às terças, das 14h às 18h; às quartas e aos sábados, das 10h às 18h
Tels: 11 91036-3054 e 94535-6422
Site: www.saopauloflutuante.com
Instagram: @sp_flutuante @rtrompaz @fabianawolfart
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Agendamento: saopauloflutuante@gmail.com ou, ainda, via whatsapp (11910363054)