Faleceu esta semana, em São Paulo, após lutar contra um câncer o militante político, Benedito Cintra, o tio Ditinho. Muitas homenagens foram prestadas ao Cintra, entre elas um minuto de silêncio na reunião da construção da 19ª Marcha da Consciência Negra de SP.
Nascido em 1953 no bairro da Brasilândia (zona noroeste), ele foi o sexto de sete filhos de um casal de migrantes do sul de Minas Gerais – o pai era carpinteiro de obras, e a mãe, lavadeira. Em 1962, com 9 anos, Cintra ficou órfão de pai. Aos 16, matriculou-se no Senai e virou mecânico da antiga CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos). (texto retirado do site do PCdoB e para ler a matéria completa entre no site aqui!
Benedito Cintra, filho das lutas do povo, ícone histórico do PCdoB – PCdoB
“…Benedito Cintra, homem comprometido com os trabalhadores, com nossa pátria e com a construção do socialismo em todo planeta. Um revolucionário, militante do movimento negro, arguto estrategista político, aliás a política era sua arte. Vereador, deputado estadual, membro fundador da UNEGRO em São Paulo, deu contribuição singular na construção da política de igualdade racial no governo Lula figurando entre as pessoas que deram forma aos anseios de muitas negras e negros na SEPPIR. Benedito Cintra foi a peça fundamental na aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, conversou reiteradamente com cada deputado, cada senador e muitas autoridades da República para assentar uma redação que desse a esse Estatuto instrumentos institucionais capazes de contribuir com a promoção da igualdade racial.
Além desses predicados, guardo de Cintra o gosto pelas coisas boas, a cachaça que tomamos juntos – não foram poucas. As picanhas em bons restaurantes de Brasília. Os colóquios até altas madrugas, especialmente na fase de articulação e redação do Estatuto da Igualdade Racial. A malandragem, conversas ao pé de ouvido, composições de sambas que embalavam nossas cachaças e risadas. Benedito Cintra foi um grande, amava a Serrinha e, claro, o Peruche, era da ala dos Compositores da Escola. Vascaíno. Político amplo. Um querido. Perdemos um herói, mais um herói forjado pelo povo em suas periferias pauperizadas.” – Edson França, do PCdoB e da UNEGRO.
Cintra é água!
“Alguém falou. Falou da Portela, falou da Mangueira e do Império sagrado lá de Madureira. Mas se falou, falou de samba e falou por mim, pois na Cachoeira o samba não tem fim.”
Esta estrofe é de um lindo samba de quadra de autoria de meu querido amigo e mestre Benedito Cintra.
Ontem Cintra seguiu cachoeira, virou rio perene e se espalhou no mar.
Mas ele sempre foi água e sabia se movimentar, driblar obstáculos, construir soluções com palavras compridas e paciência para compreender e explicar.
Generoso nas vitórias e firme nas adversidades, Cintra é todo política, vida e bom humor, mesmo nas horas mais difíceis das batalhas.
Amizade, admiração, respeito e gratidão. Cariz da lembrança que me faz chorar, Cintra é um amigo muito especial. Nele me identifico, navego em incertezas, construo pontes e absorvo energia para viver e lutar.
Conversas inesquecíveis, coisas que só Cintra sabe narrar, estabelecer conexões que nos fazem sorrir logo neste instante de vontade teimosa de chorar.
Cintra é cachoeira, água nervosa que sobe e desce ladeira. Cintra é vento que não se prende, nem em roda de capoeira. Hoje ele pediu passagem, cantou pra subir, deu volta por cima e levantou poeira.
Até um dia meu Mestre! – Por Alexandro Reis
FOTO DE CAPA: DIVULGAÇÃO.