Um café da manhã reuniu na sexta – dia 27 de setembro, o Cônsul Geral Scott Hamilton, Babalawô Ivanir dos Santos, Pastora Lusmarina Campos Garcia, o Procurador da Republica José Júlio Júnior e outras lideranças religiosas, em um terreiro, em Duque de Caxias, para encontro Inter-Religioso, em mais um ato em prol das liberdades, contra o racismo e a intolerância religiosa.
E nada mais pertinente que acompanhar de perto esse vilipêndio religioso. A base da conversa foi ouvir vítimas, que sofreram intolerância religiosa, para uma compreensão maior dos atos sofridos com as religiões de matriz africana.
“É extremamente importante que as comunidades internacionais tomem ciência do crimes religiosos que vêem crescendo cotidianamente no Estado Brasileiro. A visita do Cônsul americano à um dos tempos religiosos de matriz africana é extrema relevância, pois ganha destaque internacional e volta os olhos do mundo para os casos de intolerância religiosa que nos assola. Não podemos nos esquecer que a visita aconteceu semanas depois da 12ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, um dos maiores atos inter-religiosos do mundo que busca construir a paz e promover os diálogos em prol das liberdades!”, afirmou o Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos.
Em tempo – Prof. Dr. (UFRJ) Babalawô Ivanir dos Santos recebeu o prêmio Internacional Religious Freedom (IRF), em julho. Entregue pelo Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos, durante evento em Washington.
Foi o único líder religioso no Ocidente a ser premiado. E esse reconhecimento mostra que o mundo está atendo à intolerância religiosa, um dos maiores fenômenos sociais brasileiros, e chega em um momento oportuno, quando terreiros vêem sendo atacados e destruídos.
“Eu parabenizo e admiro Ivanir, que recebeu um prêmio do Secretário de Estado Pompeo por seus incansáveis esforços na luta pela liberdade religiosa de pessoas de todos os credos. Com este encontro queremos reiterar nosso compromisso contínuo em prol da liberdade de religião, um direito humano universal e valor fundamental nos Estados Unidos”, atestou o Cônsul Geral Scott Hamilton .
O Ministério Público Federal também se fez presente – “Foi um momento importante nesse esforço de mobilizar as instituições e os governos para essa questão. A sensibilidade do Cônsul ao ouvir os relatos e colocar-se em defesa da liberdade religiosa e do estado laico nos anima a buscar parcerias para enfrentar a intolerância religiosa”, atestou Júlio José Araújo – MPF.
“Estamos inaugurando um novo capítulo da nossa luta contra o racismo religioso! O encontro nos deixa esperançosos de ver nossas reivindicações ouvidas em um outra instância. Que desse encontro possibilidades de um projeto que valorize nossa luta e visibize os ataques que nosso povo de matriz africana no Brasil vem sofrendo”. sentenciou Conceição d’Lissá.
Em 2014, o 2º andar do barracão – Kwe Cejá Gbé, da mãe Conceição d`Lissá, foi incendiado no bairro Jardim Vale do Sol, na Baixada Fluminense, na noite do dia 26 de junho. E não foi o primeiro incêndio e muito menos foi o primeiro caso de violência e ainda hoje, outras vítimas aguardam de alguma forma uma reparação.
No mesmo ano, a então presidente do CONIC-Rio – Pastora Luterana Lusmarina Campos Garcia, lançou a ideia de promover a reconstrução do barracão, com apoio da diretoria, e em conjunto com a CCIR – Comissão de Combate à intolerância Religiosa, que tem como interlocutor o Ivanir dos Santos, quem vem há anos chamando à razão da sociedade para a falta de respeito sofridos pelas religiões de matrizes africanas. E uma campanha de reconstrução foi iniciada.
A campanha ficou interrompida por um período, mas uma das igrejas-membro do CONIC-Rio – manteve-se mobilizada e a Igreja Cristã de Ipanema, através da atuação do Pastor Edson Fernando retomaram a ideia e decidiram então fazer uma doação para que o compromisso assumido, pudesse ser cumprido e o terreiro de Conceição d´Lissá pode iniciar a sua reconstrução, com a doação recebida de em torno de R$ 13 mil – de uma igreja evangélica para o barracão de candomblé – Um ato mais que inter-religioso.
“Marcante do ponto de vista das possibilidades abertas de parceria no combate à intolerância religiosa no Brasil. O cônsul foi ao terreiro para ouvir as experiências de perseguição sofridas por estas religiões, e comprometeu-se a tornar visível tal realidade. O diálogo foi cordial, franco, aberto, e deixou um rastro de esperança de que a nossa luta contará com a companhia e o apoio destes novos parceiros”. Completou a Pastora Lusmarina Garcia – CONIC.
O encontro serviu para um renovado compromisso, de respeito e direito à proferir a fé, que ganha um outro impulso.
Fotos de Carlos Külps -Consulado Geral dos EUA – RIO de janeiro