Demissões, falta de recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), redução de salário, turmas com mais de 100 alunos e exigência de produzir conteúdo autoral para cada dia de aula são alguns problemas enfrentados por professores de faculdades privadas de Salvador. Mas eles não são os únicos a sofrer ao longo da pandemia de Covid-19. Para os alunos dessas instituições, a situação é crítica – e vem se agravando.
Para o presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da rede FTC e diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE), Thiago Souza, o período de emergência sanitária tem sido muito complicado para os alunos de faculdades privadas. Entre os problemas, ele destaca turmas cheias e dificuldades no atendimento das instituições para a resolução de pendências.
Além disso, a pandemia dificulta a permanência dos estudantes na faculdade, já que muitos ficaram desempregados e não puderam mais bancar o curso.
“O que é mais complicado hoje para o estudante é a permanência dentro da universidade. Quem ficou desempregado e não tem dinheiro não está estudando. A UniFTC ainda deu o crédito de R$ 5 milhões, então a gente teve um teto de bolsa para os estudantes que perderam o emprego. Isso foi uma conquista nossa, do DCE, além dos 30% de redução que a gente conseguiu através da Assembleia Legislativa”, informa.
Mesmo assim, Thiago ressalta que a conquista na Casa não foi muito efetiva, porque essa redução não poderia ser acumulativa.
“Então os estudantes que já tinham 50% de redução da mensalidade não poderiam conseguir os 30%”, explica. “Das 100 mil bolsas oferecidas pelo Fies [Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superio] no último ano, só 46 mil foram ocupadas. Desde o governo Temer, a gente está tendo mais restrições do Fies”, explica.
Os problemas se acumulam desde o início da pandemia. “Na UniFTC, o único curso que teve aulas para mais de 150 alunos foi o de medicina. Não sei como eles conseguiram ter aulas com esse número. O meu curso de jornalismo tinha sala com 70 estudantes, mas a gente tinha aula multicampo. Era muito ruim para o estudante tirar dúvida e o
professor acompanhar todo mundo”, afirma Thiago.
“A UniFTC, Unijorge e a Estácio até conseguiram um sistema bom de aulas, com uma estrutura melhor. As outras [faculdades] foram bem mais complicadas. Quando a gente pensa na UniFTC, o problema é que tem muitos estudantes que moram no interior e voltaram pra lá por não terem condições de bancar a permanência na cidade. Eles tiveram muita dificuldade de acessar o sistema no início”, lembra.
De acordo com Thiago, durante a pandemia, ficou mais difícil para o aluno resolver os problemas financeiros e acadêmicos por falta de profissionais no atendimento. “As faculdades não garantiram pessoas suficientes para resolver os problemas”, reclama.
Retorno ao presencial
Não há previsão para o retorno das aulas presenciais e as instituições seguem no modelo virtual. O presidente do DCE afirma que algumas universidades não possuem ainda estrutura de aulas online. Já outras conseguiram oferecer sistemas melhores, com aulas ao vivo.
“Vejo que os docentes foram mais afetados que os estudantes nesse período. Eles foram exigidos demais, tinham que se dobrar dentro de casa. Na UniFTC, as aulas são ao vivo, além deles gerarem outros conteúdos. Para o professor, teve uma série de tarefas que sobrecarregou. No nosso acompanhamento do DCE, em questão das aulas, a gente conseguiu regularizar muito com a instituição”, pontua.
Thiago informa que ainda será estudado pela UniFTC o retorno presencial no final deste semestre, mas ressalta: “A posição do DCE é de só retornar com os profissionais imunizados”.
“Se a gente for perguntar para o estudante se ele prefere ir para a sala de aula nesse momento de pandemia ou continuar com as aulas híbridas, a gente tem 70% dos estudantes querendo continuar as aulas híbridas. Os que mais desejam voltar às aulas [presenciais] são os estudantes da área de saúde porque são aulas muito mais práticas, mas estes a gente já conseguiu garantir os estágios e as aulas práticas nas universidades”.
O Portal M! procurou a UniFTC que informou, por meio de nota enviada pela assessoria de comunicação, que durante a pandemia redefiniu suas rotinas institucionais sem comprometer a qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Segundo a instituição, desde meados do ano passado mantém um quadro de professores que atende às necessidades acadêmicas das disciplinas ofertadas para o semestre letivo 2021.2.
Leia a nota na íntegra:
A Rede UniFTC esclarece que, baseado no cenário educacional que se desenhou durante a pandemia, redefiniu suas rotinas institucionais sem comprometer a qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Desde meados do ano passado, a instituição mantém um quadro de professores que atendem às necessidades acadêmicas das disciplinas ofertadas para o semestre letivo 2021.2.
O Grupo Educacional reitera que tem realizado investimento contínuo na capacitação do corpo docente, manutenção do quadro de mestres e doutores, na aquisição/manutenção de ferramentas virtuais que garantam a continuidade das atividades acadêmicas com a excelência educacional já promovida pela Instituição ao longo dos 21 anos de existência.
A Rede UniFTC reafirma seu compromisso com toda a sua comunidade – estudantes, seus sonhos e carreiras; professores; colaboradores administrativos e todos aqueles que, direta ou indiretamente, dependem da solidez da Instituição.
fonte: https://muitainformacao.com.br/post/38188-pandemia-dificulta-permanencia-de-estudantes-nas-faculdades-privadas-de-salvador-
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