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Efeitos psicológicos causados pela pandemia

Conversamos com Emílio que saiu da Uneafro para se tornar um medico respeitado. Nosso colaborador veio falar sobre os efeitos  psicológicos durante a pandemia.

A participação de profissionais de saúde mental no enfrentamento das pandemias tem sido insignificante ou pouco expressiva. Sabe-se que poucas experiências humanas são tão profundas e aterrorizantes como o medo de se contagiar ou de morrer, e os surgimentos de novos vírus, sem cura conhecida, podem causar medo e pânico coletivo na população. No entanto, faltam estudos e modelos que possam prever reações e comportamentos psicológicos na população durante pandemias que se espalham rapidamente.

Com a possibilidade real de contágio infeccioso, nos contaminamos simbolicamente com o sofrimento mental. Pelo temor do contágio muitas pessoas se afastam dos que possuem doenças infecciosas ou transtornos mentais. Ainda hoje muitos têm dificuldades de lidar com portadoras de HIV, tuberculose e hanseníase, por exemplo. Os transtornos mentais apesar de não serem transmissíveis também carregam um grande estigma na sociedade. Estigma do medo.

Com o avanço da pandemia passamos a ter pensamentos indesejados. Esses são aumentados pelas incertezas e dúvidas que vão surgindo com o alastramento da doença. Por exemplo, medo de perder um ente querido, ser contaminado, dúvida sobre usar ou não a máscara, fazer ou não quarentena, incerteza sobre manutenção do emprego e muitas outras situações singulares ao momento de vida de cada um.

Os meios de comunicações são fundamentais em momentos como esse que estamos vivendo. É neles que a população encontra as informações necessárias e respostas para algumas dúvidas. Destaca-se o papel da internet nesse processo, facilitando o acesso às informações, mas também o aspecto negativo das fake news. Essas colocam a população em risco minimizando o impacto da pandemia e das medidas necessárias para sua contenção, além de informações imprecisas sobre supostos medicamentos que possam curar o vírus, levando a sua procura desenfreada e seu desabastecimento para os doentes, que de fato, necessitam desses remédios.

As pandemias não disseminam apenas doenças físicas, elas também são responsáveis pelo aumento na incidência de transtornos mentais. Estima-se, que entre um terço e metade da população exposta a uma epidemia pode vir a sofrer alguma manifestação psicopatológica, caso não seja feita nenhuma intervenção de cuidado específico para as reações e sintomas manifestados.

Cerca de 20% dos profissionais de saúde podem desenvolver Transtorno do Estresse pós traumático.

Durante as pandemias também vemos aumento de discursos de ódio, racismo, xenofobia, homofobia etc. A pandemia de COVID-19, identificada pela primeira vez em Wuhan, Hubei, China, levou ao aumento dos preconceitos contra chineses.

O impacto sobre a população negra.

No Brasil, acreditamos que a população negra será a mais impactada pela pandemia devido as questões sociais, históricas e ao racismo institucional aos quais estão submetidos. Segundo IBGE: 64% dos desempregados são negros e são quase metade dos trabalhadores informais. Nas comunidades e favelas a população negra chega a ser 70% dos moradores. Na saúde não é diferente, negros apresentam piores indicadores de saúde, são a maioria dos usuários do Sistema Único de Saúde, 76% das pessoas atendidas pelo SUS são negras, e são responsáveis por 81% das internações.

O risco de suicídio na faixa etária de 10 a 29 anos foi 45% maior entre negros do que entre brancos em 2016. A cada dez jovens que se suicidam no Brasil, 6 são negros. O risco de suicídio neste grupo foi 67% maior do que entre adolescentes brancos do sexo masculino.

Dados recentes mostram que em Louisiana-EUA, cerca de 70% dos óbitos por Covid19 são negros, embora a população negra no estado corresponda a 30% do total. Nacionalmente, os negros correspondem a 40% dos óbitos, embora sejam 14% da população.

No Brasil a população negra “embora minoritária entre os registros de afetados pela pandemia, pretos e pardos representam quase 1 em cada 4 dos brasileiros hospitalizados com Síndrome Respiratória Aguda Grave (23,1%) e chegam a 1 em cada 3 entre nos mortos por Covid-19 (32,8%)”. Com os brancos, ocorre o contrário: são 73,9% entre aqueles hospitalizados com Covid-19, mas 64,5% entre os mortos.

Nos impressiona que 341 óbitos e 1.942 casos de Síndrome Respiratória Agudas Grave tenham sido excluídos da avalição do quesito raça cor por falta de notificação.

Um grupo de 150 entidades representativas do movimento negro e de periferias do Brasil enviou uma carta ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e às secretarias de saúde dos 26 estados do país pedindo que essas pastas informem dados sobre etnia, raça, gênero e território (cidade e bairro) de pessoas infectadas pelo novo coronavírus e mortas em decorrência da Covid-19“

Vemos uma completa ausência do Estado e de políticas públicas que visem proteger a população negra e pobre durante a pandemia. A grande maioria das ações desenvolvidas nas comunidades tem sido por iniciativas dos movimentos sociais e comunitários. Um deles, a Uneafro Brasil que está elaborando um projeto de agentes populares de saúde. O objetivo do projeto é oferecer apoio comunitário em prevenção e cuidados de saúde no combate à pandemia de coronavírus. Já foram iniciadas ações de promoção de saúde em 24 territórios periféricos da grande São Paulo, Rio de Janeiro e Baixada Fluminense, pela distribuição de cestas básicas, kits de higiene e limpeza a 2.379 famílias. Além dos cuidados terapêuticos e acompanhamento psicológico que oferecem permanentemente a 23 lideranças comunitárias, atualmente 34 ao longo de 2019.

Devemos lembrar que o fato dos negros adoecerem e morrerem mais pelo COVID-19, tanto no Brasil, quanto nos EUA, não se refere apenas a pobreza. O racismo institucional, presente em instituições públicas e privadas, faz com que negros recebam um pior atendimento nos serviços de saúde do que não negros. É imprescindível reconhecermos que vivemos em uma sociedade racista. Dados de 2012 apontam que 60% das mortes maternas naquele ano foram de mulheres negras, enquanto em mulheres brancas esse dado foi de 34%. Estudos indicam que profissionais de saúde empiricamente acreditam que a população negra é mais resistente a dor do que a não negra, isso com certeza contribui para os atuais indicadores de saúde.

Foto de capa: https://jornal.usp.br/

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