A história e a luta das mulheres trouxe inúmeras discussões sobre isso. Veja na construção das masculinidades a um século atrás, os homens que determinaram em massa as construções sociais, pensavam exatamente assim.
Falar masculino e feminino, “fica estranho” , “pouco entendimento”, “seria uma confusão”. Sim mas a “confusão” é a intencionalidade. Se gera confusão deixamos assim e o domínio permanece no gênero e do gênero masculino. Este é na luta do protagonismo e da igualdade de gênero o grande desafio também para a língua portuguesa.
Colocar nomenclaturas definindo o gênero psicologia e psicólogos, gera desconforto entre muitos então toda a CBO é instituída no gênero dominante o masculino.
Voltando a linguagem, na história da academia da língua portuguesa, quantos são homens e quantas são mulheres que ocupam a ABL – Academia Brasileira de Letras? E Porquê sempre foi assim?
Veja Academia Brasileira de Letras (ABL) entidade privada, sem fins lucrativos, foi criada em 20 de julho de 1897, no Rio de Janeiro, pelos escritores Afonso Celso, Graça Aranha, Inglês de Sousa, Lúcio de Mendonça, Machado de Assis, Medeiros e Albuquerque, Olavo Bilac, Joaquim Nabuco, Teixeira de Melo, Ruy Barbosa e Visconde de Taunay.
Foi inspirada na Academia Francesa de Letras, de 1635, que também leva 40 membros representativos na história do Brasil.
Nas iniciais oito décadas de existência da Academia Brasileira de Letras, não existiu a participação feminina na instituição. Até 1951, o Estatuto da ABL previa que apenas “brasileiros que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, publicado obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor literário” concorriam a cadeiras.
Quando houve a primeira candidatura feminina, em 1930, Amélia Beviláqua foi rejeitada, sob a justificativa de que o vocábulo “brasileiros” restringiria suas vagas apenas ao sexo masculino, ficando claro que a Academia relacionava valor literário a gênero.
A ABL, só passou a reconhecer e ter a presença feminina em 1976, com o ingresso da primeira mulher Rachel de Queiroz, reconhecida pela sua atuação como tradutora, escritora, cronista prolífica e jornalista.
De sua fundação até dias atuais, com 40 membros este foi o histórico de presença feminina Em 1980, foi a vez de Dinah Silveira de Queiroz, que já tinha sido candidata anteriormente. A terceira mulher a ser membro foi a escritora Lygia Fagundes Telles, em 1985; em seguida, Nélida Piñon, em 1989; Zélia Gattai, em 2001; Ana Maria Machado, em 2003; Cleonice Berardinelli, em 2009; e por fim, Rosiska Darcy, em 2013.
Vejamos na história da entidade foram consagrados e imortalizados 288 intelectuais, apenas 8 mulheres, ou seja, cerca de 3%, para um país de 51,6% de população feminina e se desagregados por raça/cor aí temos evidente a invisibilidade racial. Não é que não tenhamos grandes literários negros e negras, mas esta é uma superação da estrutura do racismo e também de identificação e identidade racial. Machado de Assis presidiu 1897 a 1908, ocupou a cadeira mas não falava sobre está questão.
De volta a discussão de gênero observe, o argumento sobre o gênero feminino adequado na linguagem, acaba sendo na justificativa de pertencimento e participação, o mesmo no argumento histórico, a baixa participação é uma questão de gênero também. Esta regra resvala também na forma econômica de transversalizar políticas e economizar ações concretas no reconhecimento da participação e da visibilidade das mulheres.
Neste caso, o que dá trabalho, acaba virando um desafio para o reconhecimento do papel social e integral de todas as mulheres no desenvolvimento da nação.
Parece chato, mas ao par e passo que nós não superamos também na linguagem, na maneira escrita, a reafirmação do gênero como instrumento de protagonismo de mulheres invisibilizam a participação da mulher em todas as coisas, inclusive na literatura.
Fontes:
www.academia.org.br
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