Conheçam um pouco sobre a carreira que mais emprega invisiveis: Telemarketing

Hoje 4 de julho é dia do Telemarketing e, por isso, o Jornal Empoderado conversou com dirigentes sindicais do Sintratel – Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing – e com seu Presidente Marco Aurélio Coelho de Oliveira, além de algumas trabalhadoras que falaram um pouco da realidade de quem trabalha em Call Center. Colaboraram para esta matéria Ronaldo Lopes e Marcí­sio Mendes de Moura.

Jornal Empoderado: Quantos operadores de telemarketing existem no Brasil e em São Paulo?

Ultimas pesquisas em dezembro 2019, apontavam 1 milhão de profissionais (as) em território nacional e 100 mil trabalhadores (as) na Cidade de São Paulo e Região Metropolitana da Grande Paulo, área de atuação sindical do SINTRATEL.

Jornal Empoderado: Qual o perfil desses (as) trabalhadores (as)? Em sua maioria são? (Gênero, raça, idade…).

  70% da categoria é composta por jovens trabalhadores (as) entre 18 a 26 anos de idade, onde muitos deles estão em seu  o primeiro emprego.  E 76%  é formada por mulheres.

Jornal Empoderado: Qual o salário base da categoria?

Valorização da classe trabalhadora, melhorias de condições laborais nas diversas modalidades do Setor de Telemarketing e ampliação de renda, são também constantes bandeiras de lutas do Sindicato.

O SINTRATEL atua em várias empresas do Setor, defendendo reivindicações do conjunto de representados (as) garantindo conquistas consideráveis, assinando os ACT. O SINTRATEL garantiu em CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) para que nenhum trabalhador (a) ganhe abaixo do piso estabelecido de R$ 1.057,00.

Jornal Empoderado: Quais as principais reclamações que fazem com que o (a) trabalhador (a) procure o Sindicato?

Quitação de Verbas Rescisórias, Erro na Folha de Pagamento, Férias, Recolhimento de FGTS, Pagamento das Renumerações Variáveis, Descumprimento da CLT, CCT e AII da NR17 são algumas das principais demandas trazidas pelos representados (as) ao SINTRATEL.

Jornal Empoderado: O que é e como esta a NR17? E como fica a regulamentação e as demandas trabalhistas com a nova reforma trabalhista? 

A aprovação do Anexo II da NR 17 aconteceu em 2007, foi uma grande vitória do SINTRATEL, que participou ativamente da sua elaboração, regulamentando o ambiente de trabalho e exterminando algumas regras absurdas que antes eram impostas ao trabalhador (a) em telemarketing. Como a Garantia de pausas para alimentação e repouso, ergometria, fim do controle excessivo sobre o trabalho e melhorias de condições laborais em prol da saúde física e psicológica são algumas conquistas do AII NR17.

Jornal Empoderado: O Sintratel tem quais ações para combater racismo, homofobia e machismo nos call centers? E como deve proceder o (a) profissional para buscar ajuda?

 A equidade nas Relações de Trabalho é também uma  constante bandeira de luta do SINTRATEL ,para enfrentar os obstáculos de forma mais igualitária para mulheres, negros, lgbts e jovens no Setor de nossa base de atuação sindical.

O SINTRATEL promove constantes ações de combate, audiências publicas, fóruns de debate, work shop, palestras dentre outros. O departamento jurídico fica a disposição da categoria para orientações, denuncias e ações trabalhistas.

Jornal Empoderado: Como se diferencia um operador de telemarketing e uma telefonista? São categorias diferentes?

O trabalho em Telemarketing possui CBO (Código Brasileiro de Ocupação) especifico. Classificam-se como profissionais em telemarketing/teleatendimento aqueles que exercem atividade laboral nas centrais de relacionamento direta ou indiretamente com clientes (call centers) logo desenvolvidos através do telesserviço para o desenvolvimento de relações de terceirização de processos e negócios com clientes e usuários de serviços e produtos para sua aquisição, cobrança, pesquisa, prestação de serviços técnicos e cadastramento com a comunicação pela voz com o uso de equipamento telefônico, comunicação eletrônica digital em tempo real e mensagem eletrônica com a utilização simultânea de terminais de computador para a elaboração, análise, prospecção, monitoria e coordenação de cadastro informatizado de pessoas física e jurídica a serviço da necessidade do cliente ou usuário.

Jornal Empoderado: Ainda sobre diferencas, como se caracteriza uma empresa legal e uma ilegal? Existem ainda Birôs e Falsa Cooperativas? Explique.

A relação capital trabalho gera conflitos sempre prejudicando a parcela mais vulnerável: A Classe Trabalhadora. O SINTRATEL historicamente defende de seus representados (as) pautando sempre na legislação. CLT, CCT, ACT, AII NR17, CBO são algumas ferramentas jurídicas no enfrentamento de irregularidades trabalhistas. 

Jornal Empdoerado: Aumentou o numero de reclamações no período de Pandemia (Covid-19)?

Enquanto existirem conflitos prejudicando a classe trabalhadora continuará a demanda sindical e a defesa intransigente dos interesses de seus representados. É o ciclo da modalidade econômica que vivemos. A pandemia trouxe mais desafios de enfrentamento ao Setor de Telemarketing.

Jornal Empdoerado: O que pensa o Sintratel sobre Home Office para a categoria, mesmo depois da Pandemia?Já que muito trabalhador (a) mora longe da empresa.

Manutenção de emprego, continuidade do desenvolvimento do setor, maiores investimentos em tecnologias no trabalho a distância, a ampliação dos postos em HOME OFFICE, com prioridade para os grupos de risco como pessoas com doenças congênitas, as lactantes e, gradualmente, promovendo o aumento no número de trabalhadores em home office em cumprimento a recomendação da OMS de afastamento social. O SINTRATEL elaborou o “Documento Home Office Covid-19” para compor uma proposta que as centrais sindicais encaminharão ao Governo do Estado.

Conheça mais sobre o Sintratel aqui: “Em 2007 é aprovado o Anexo II da NR-17, Norma de Saúde que estabelece regramento, limites e avança na organização do trabalho em Telemarketing, até então, regulados por Convenções Coletivas de Trabalho. Avanços como jornada de 6hs em todo Brasil, implementação do Ticket para alimentação e fortalecimento do sindicato, ocorrem nesse período. Envolvimento, participação e aprendizado com os movimentos sociais, foram bases sólidas construídas, culminando no entendimento de ações concretas da luta antirracista, combate à homofobia e pela igualdade de gênero no mundo do trabalho e sociedade.” – Marco Aurélio C. Oliveira (Presidente Sintratel-SP).

Sobre Home Office falamos com duas teleatendentes: 

“Tem seus prós e contras. O bom é a comodidade do lar, finalizar o serviço e não precisar enfrentar o transporte público. O ruim é o sistema cair, vc não conseguir acessar no horário previsto por conta do sistema e isso impactar seus indicadores, por um problema que não foi causado pelo agente de atendimento. E nem sempre temos o suporte necessário por parte do supervisor.” – Atendente que por medo de represálias não quis se identificar  

“Bom, eu comecei a fazer home office em maio, até então a empresa Atento, havia me afastado pois faço parte do grupo de risco. Minha supervisora foi quem trouxe meu computador, me deram suporte. Porém tudo tem dois lados.  Tenho uma filha de 4 anos, que também esta tendo aula remota, tinha sobrinhas morando em casa de lá para cá, e começava a atender as 8:40, e isso foi acumulado com os estudos pois faço psico, e também virou remoto, e o cuidar de casa.  Unir filho, cliente, supervisão, estudo, saúde mental, e vida conjugal me pareciam impossível, porém estamos indo até aqui. Criança não entende, e nem tem obrigaçao, cliente entende quando convém, realmente é estranho, e desafiador.” – Lais Lima

“Ser operador de telemarketing não é fácil, não é uma profissão valorizada e sim discriminada. Temos medo nessa pandemia de irmos exercer nossas funçoes, pois muitos de nós não podemos ser home office, porém encaramos porque sabemos que nossas atividades também são essenciais, pois os serviços que prestamos não podem parar como, por exemplo, oferecer suporte técnico, informações sobre compras, cartões e tudo mais. Nesse dia quero deixar os meus parabéns a todos os operadores pela coragem e paciência. Não é só porque precisamos do salário, que é pouco rsrs, mas pelo carinho também de não permitir que nosso pais pare totalmente”. – Suelen Andrade

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