“Madame” é o novo espetáculo teatral assinado pelo dramaturgo Márcio Telles, da Companhia Odara, com direção de Marcelo Drummond. O monólogo tem o próprio Márcio interpretando Madame, figura emblemática que ora está com vestidos, lenços e maquiagem, ora traz para o palco a malandragem e mandinga do famoso capoeirista boêmio, Madame Satã (1900-1976). O conjunto dessas personas resulta em uma figura emblemática, arisca e cheia de contradições que utiliza de seu cabaré para promover a insurgência da arte considerada “marginal” e a contestação sócio-política de camadas excluídas e preteridas socialmente.
“Dentro da minha trajetória no Oficina, ao longo das turnês dos diferentes espetáculos sempre fazíamos uma confraternização da trupe em um dos quartos dos hotéis onde ficávamos hospedados. Nessas ocasiões eu acabei criando a Madame. Isso acabou pegando e, ao final de cada apresentação, atores e técnicos já perguntavam ‘onde vai ser a festa hoje, Madame? Qual o repertório de hoje, Madame?’ Dentro desse contexto eu transitava muito com o duplo, com o espelho, o gênero. Não à toa, há seis anos tenho um trabalho na Casa Florescer dando aula de interpretação para meninas e mulheres trans que são assistidas”, afirma Telles.
No enredo da peça, Madame ocupa esse terreiro eletrônico que é o Oficina, de forma não linear, transformando-o nesse cabaré que acolhe a luxúria e a cena boêmia, além de reverberar a voz de contestações sociais como o racismo, a LGBTfobia, a intolerância religiosa e a identidade de gênero.
Em sua concepção, Madame é uma figura em transformação contínua que troca de figurino como quem troca de pele, a serpente do arco-íris de Oxumarê. O Ouroboros que pica com seu veneno e também transmuta para a cura. Entre sombras e luzes, Madame envolve o público com seus enredos, sotaques e mandingas, percorrendo caminhos circulares e ancestrais das encruzilhadas, madrugadas, terreiros de candomblés e a apoteose do Carnaval. O sagrado e o profano juntos para celebrar narrativas de resistência.
“Em 2010, durante um ano de temporada com peças do Oficina, começamos a construir as camadas desse personagem que agregava todo o elenco e quando voltamos para São Paulo encarávamos esse personagem, quase uma entidade nas festas do terreiro que o Márcio dirige. O interessante é que quando resolvemos montar o monólogo, não precisamos de muitos ensaios, pois o Márcio já tinha tomado posse desses sotaques de Madame. Só cabia arrumar luz, o tempo das coisas. O próprio Oficina tem o lema de dizer que não somos corpos físicos, somos corpos mutáveis. Essa montagem ilustra bem esse pensamento”, diz Drummond.
Sobre:
Márcio Telles
Ator do Teatro Oficina, produtor e diretor artístico da Tàdito Produção, tendo produzido diversos projetos em parceira com a SMCSP, também é idealizador e diretor cultural do Instituto Odara de Arte e cultura, produtor artístico da Revista Raça e também diretor de carnaval com atuações em grandes escolas de samba em São Paulo.
Marcelo Drummond
Ator, produtor, diretor e iluminador, atuando há mais de 35 anos no Teatro Oficina Uzyna Uzona. Participou de várias peças dirigidas por Zé Celso Martinez Corrêa e, em cinema, fez “Baal ,Ralé” (com direção de Helena Ignez), “Horácio” ( Mathias Mangi), “Esperando Godot” ( Monique Gardenberg). Dirigiu os espetáculos “O Assalto, Santidade” (de Zé Vicente), “Navalha na Carne , Assassinato do Anão do C. Grande” ( de Plinio Marcos), “O Bailado do Deus Morto (de Flávio de carvalho) e “Paranoia”, de Roberto Piva, no qual também atua.
SERVIÇO:
Datas: 14 de março a 28 de março
Local: Teatro Oficina
Rua Jaceguai, 520 – Bixiga
Segundas-feiras, às 21h00
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Valor: 50,00 inteira – 25,00 meia
Link para compra de ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/71980
FICHA TÉCNICA:
Autoria e atuação: Márcio Telles
Direção : Marcelo Drummond
Produção executiva: Diego Dionísio
Direção de Cena: Elisete Jeremias
Cenografia: Tádito Produção
Assistente de Produção : Anderson Vaz e Robson Silva
Direção musical : Ito Alves
Preparação Vocal : Rafaela Romam
Piano : Rodrigo Jubeline
Percussão: André Santana
Iluminação: Luana Della Crist e Pedro Felizes
Assessoria de Imprensa : Baobá Comunicação, Cultura e Conteúdo
Imagem : Jennifer Glass