A edição 2018 da Comic Con Experience foi marcada pela diversidade na sessão dedicada aos artistas gráficos, quadrinistas e cartunistas, o Artistas Alley. No geral, percebemos a falta de negros e mestiços e mais que nas últimas edições, mas haja vista que estes se encontram no espectro social mais economicamente vulnerável, é compreensível. No entanto percebi a diversificação dos artistas ao constatar a ausência até de alguns “medalhões” do gênero e a presença de algumas caras novas. Porém podemos ver até a presença mais evidente de um público mais incomum como a comunidade LGBT e portadores de deficiências.
No geral, pode-se fazer algumas observações. O gênero terror se destacou e a presença feminina foi notável. Mesmo com o previsto lançamento do filme Aquaman da DC Comics, a Marvel foi predominante devido a seus projetos atuais: Capitã Marvel, X-Men Fênix Negra e as novas aventura do Homem-Aranha (Miles Morales e Peter Parker), fora as séries de televisão. Mas enfim, além dos tradicionais painéis a diminuição de profissionais e empresas ligadas às histórias como editoras e em quadrinhos e seus estandes é evidente.
Mas apesar destes detalhes ainda temos motivos para exultação. Encontramos velhos conhecidos do Jornal Empoderado e conhecemos novos. Dentre estes destacamos a paraense Tamilis Oliveira ilustradora do “Livro dos Dedinhos”, assim como encontramos novamente a ilustradora e quadrinista Ana Cardos que mais uma vez apresenta seus trabalhos o já conhecido “We Pet Animal Center” e seu mais novo lançamento “Quando você for embora” e sua amiga Virgínia Froes e seu “Lollipop”, defensoras de suas posturas femininas e afros num mercado que se abre para a diversidade. Falando em diversidade, temos Luiza Lemos que produz quadrinhos e cartoons independentes que abordam questões LGBT, principalmente a transgeneralidade. É autora da HQ “Transistorizada”.
Os homens, predominantes nestes eventos, deixaram suas marcas entre a diversidade étnica. O já conhecido e premiado Alex Mir mais uma vez presente lançando sua trabalhos “Folklóricas, “Inventices” e suas séries sobre o panteão afro-brasileiro como o “Orixás Renascimento”. Outros famosos por seu trabalho de sucesso é a dupla Jefferson Costa e Rafael Calça responsáveis pelo álbum “Jeremias: Pele”que agora lançam mais um sucesso, o álbum “A Dama do Martinelli”. Ainda podemos citar o quadrinista do Alto Tietê agenciado da Chiaroescuro para a Marvel Comics. Mais uma vez o pessoal da Camucada esteve presente com sua arte alinhada ao que há de mais novo e atual, não decepcionam.
Outro destaque foi Yorhán Araújo que causou surpresa nos fãs que passavam e descobriam ser ele o autor do sucesso cyber comics de suas tiras “devaneios”, os famosos e queridos animaizinhos cheios de indagações. O gaúcho Braziliano com trabalho suburbano é outro que aparece em destaque com seus lançamentos pela editora Draco “Periferia Cyberpunk” e 2018 desenhando “Iansã Ferida”. Nesta de exaltar figuras importantes da comunidade negra temos Jean Lins com seu trabalho sobre Dandara a mais representativa liderança feminina na República de Palmares.
Enfim, para além dos holofotes sobre cosplay e da predominância da mídia televisa e cinematográfica o futuro das histórias em quadrinhos e artes gráficas pode ser mais divertido e diversificado. A CCXP é uma grande janela de oportunidades. Arrisquemos produtores independentes e artistas fora do “perfil” da grande mídia, pois nós do Empoderado estaremos lá para continuar dando voz a quem merece e a quem se encontra invisível por enquanto. Até o ano que vêm.