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Terra sem lei, Terra de ninguém e câncer vizinho são alguns termos utilizados para descrever a Baixada Fluminense nos jornais dos anos 70 e 80. Infelizmente, representar essa parte da Região Metropolitana de forma marginalizada continuou sendo um hábito na mídia, causando assim uma baixa auto-estima para os moradores e um estereótipo negativo na mente de quem não mora na localidade.

Por causa da demasiada exploração da violência e da pobreza pelos veículos de comunicação, grande parte dos jovens são afetados pelo preconceito e sonham em viver em áreas centrais das metrópoles, onde acredita-se que o estigma territorial seja menor e as oportunidades culturais sejam mais amplas.

O fator mais óbvio para a construção dessa visão marginalizada da Baixada Fluminense foi a habitual sequência de violência ocorridas em seu território, levando a resolução fundamentada em anistia política, pois essas violências partiam de órgãos vinculados ao Estado. Como um exemplo infeliz, a conhecida “Chacina da Baixada” ocorrida em março de 2005, entre o território de Nova Iguaçu a Queimados, resultando na morte de 29 inocentes.

E ao olharmos essas situações em seu histórico, não podemos apenas realizar uma segregação e deixar tais condições serem a visão central da Baixada Fluminense, sendo necessário lhe oferecer o direito de contar sua história e construir sua identidade. Sendo assim, essa visão negativa sobre a Baixada Fluminense só pode ser revertida pelos próprios habitantes, através de resistência e do resgate da cultura da mesma. Não é justo deixar a história da Baixada Fluminense ser resumida e representada como totalmente negativa e sim como um local de significância positivas e negativas, como qualquer outro território.

Como já explícito na música ‘Baixada’, na voz de Bezerra da Silva, a Baixada Fluminense “infelizmente tem fama de barra pesada”, porém a letra argumenta que “o melhor pra morar é na Baixada”. Composta por Edson Show e Wilsinho Saravá, a letra é um ato de resistência contra todo um histórico pintado como marginal pelos meios de comunicação. Sob este olhar, é necessário se perguntar: “Existe produção da identidade cultural na Baixada Fluminense?”
A palestra online que vai ocorrer esse dia 23 de abril responde essa pergunta. ‘Pautando o Brasil a partir da Baixada Fluminense’ divulga a Baixada por uma perspectiva positiva, apresentando as conclusões de um cronista que já não se contenta em seguir o fluxo a caminho da capital carioca – e usa sua energia para “inverter” esse processo, trazendo gente “lá da cidade” para conhecer a Baixada.

A palestra vai ocorrer no YouTube e tem o patrocínio do Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro.

Mais informações nas redes de Jade Albuquerque: https://www.instagram.com/jade_albq/

Texto: Jade Albuquerque

Imagem ilustrativa enviada pela autora

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