A cantora americana Esperanza Spalding, uma das participantes do Grammy 2025, demonstrou sua indignação ao perceber que a organização não reservou um lugar para Milton Nascimento nas mesas principais do evento. Em resposta, a artista — que colaborou com Bituca no álbum “Milton + Esperanza”, indicado a melhor álbum de jazz nesta edição — trouxe uma representação de Milton feita de “papelão”, ou seja, uma foto dele impressa com a frase: “essa lenda viva deveria estar sentada aqui”.
Falar de Milton aqui no brasil é ser redundante, ele é um dos maiores poetas de todos os tempos, com uma vasta contribuição para a cultura nacional e infelizmente deixou de fazer shows recentemente por causa de limitações da sua idade, aos 82 anos.
Agora claro que podemos falar e denunciar do histórico racista do Grammy que já esnobou nomes do quilate de Beyonce, Prince e do Rei da Música Michael Jackson que receberam diversas estatuetas, mas sempre foram ignorados nas principais categorias, como o Álbum do ano e da Gravação do Ano. O músico Weekend, que em 2021 teve o grande sucesso mundial Blinding Lights totalmente ignorado pela premiação que não teve nenhuma indicação, por isso Weekend boicotou a premiação não enviando mais os seus trabalhos até esse ano, um ato de coragem.
Diante disso não é surpreendente da organização da premiação agir dessa forma com um ícone de todo um continente que poderia estar sentado junto de Esperanza sem nem precisar aparecer, pois Milton não precisa de holofotes, ele é o próprio holofote de puro talento e cultura.
Em Para Lennon e McCartney, Milton diz “Eu sou da América do sul, eu sei vocês não vão saber”, o pessoal do Grammy pode não saber, mas sinceramente azar do Grammy em não conhecer e apreciar a genialidade de Milton Nascimento que terá o seu trabalho eternamente reconhecido pelos seus verdadeiros fãs do mundo todo.
Revisão e edição: Tatiana Botosso
Respostas de 2
Texto de extrema necessidade para ampliação do nosso olhar cultural! Seus textos são uma riqueza cultural.
Adorei seu texto! Você destacou brilhantemente a importância de Milton e abordou questões relevantes sobre o Grammy. Obrigada por compartilhar essa perspectiva e por essa discussão tão importante. Continuarei acompanhando seus textos!