Cia Odara, dirigida por Márcio Telles, retorna aos palcos com novo espetáculo que mergulha nos processos de cura dentro de territórios sagrados e profanos
Com grande elenco, a peça, que foi apresentada em praças públicas e monumentos históricos da cidade durante a Virada Cultural de 2019, ocupa o Teatro Oficina em duas únicas apresentações nos próximos dias 22 e 29 de novembro
O Teatro Oficina recebe, em 22 e 29 de novembro, o espetáculo “Atotô – Silêncio, o Rei Está na Terra”, com montagem da Cia Odara e direção de Márcio Telles, que reúne, em seu elenco,cerca de 40 pessoas entre atrizes, bailarinos, dançarinos, cantores, músicos, percussionistas, capoeiras, sambistas, técnicos, produtores e promotores da cultura e das tradições de matriz africana que estão no alicerce da construção da apresentação.
A montagem, que foi apresentada durante a última Virada Cultural, ocorrida em 2019, traz como tema central a figura sagrada de Obaluaiyê, a divindade de matriz africana que representa a doença e a cura e os ciclos de renascimento, de crescimento por meio da dor, do amor e do autoconhecimento.
“A peça é inspirada em um dos Itans de Obaluaiyê, Orixá do elemento terra, senhor da doença e da cura que, rejeitado por sua aparência, se fazia repugnante aos olhos dos outros devido às chagas que exibia em seu corpo e que, com o passar do tempo, teve o poder da transmutação, trazendo a magia da cura”, afirma Telles.
Nessa retomada dos encontros presenciais, o diretor e sua trupe resolveram ocupar o Teatro Oficina dentro de sua proposta de dialogar com territórios legítimos da contracultura e, no caso desse emblemático endereço da capital paulista, por estar incrustado em uma região historicamente ligada à ancestralidade preta da cidade. “Vivemos, todos, um longo período de luto que ainda não acabou, mas passa por uma travessia, um ressignificado, entendimento e aceitação. Obaluaiyê é a divindade que traz o peso desse sentimento, responsabilidade e consequências, mas também é aquele que alivia a dor, permite a cura de fato, profunda, de todas as chagas”, pondera Telles.
Com duração de 90 minutos e elenco majoritariamente negro, o espetáculo reúne importantes elementos para a manutenção e a resistência de narrativas yorubás, seja na música, na dança, na literatura e na dramaturgia.
Em “Atotô – Silêncio, O Rei Está na Terra” a luz confronta a sombra, o amor confronta a dor, atabaques e xequerês buscam consonância com violinos e violoncelos. Tudo coberto pelas palhas do grande rei negro.
Com participações da cantora Raquel Tobias e da atriz Lena Silva, o espetáculo tem a assinatura de Ito Alves na direção musical e coreografias de Cristina Matamba. Nesta edição, a produção executiva é de Diego Dionísio, da Tadito Produção.
A Cia Odara já havia ocupado o Teatro Oficina em sua última montagem,“Odara – Tradição, Cultura e Costumes de um Povo”, em outubro de 2018, levando para a cena a narrativa da criação do mundo segundo referências yorubás, em alinhamento com o pensamento afro-centrado de toda a produção e trajetória de Telles.
“Acho que a Cia Odara tem um conceito de narrativa e uma visão estética que lhe são muito peculiares. Caminho nesse chão há muito tempo e recolhi, dentro de toda a minha trajetória, vivência e pesquisas. Admiro extremamente o trabalho e a trajetória do Balé Folclórico da Bahia e o bailarino e coreógrafo Ivaldo Bertazzo, por exemplo. Até hoje, em todas as minhas montagens a dança, a música e a negritude se fazem foco central”, diz Telles.
SINOPSE
Em “Atotô – Silêncio, O Rei Está na Terra, Exu, o mensageiro entre os dois mundos com seu gingado embalado pela capoeira, convida o público a silenciar os pensamentos, em uma alusão ao significado da expressão ‘Atotô’, que significa silêncio. Em sua ginga, Exu conduz os convidados ao grande portal da floresta sagrada, onde a luz confronta a sombra, o amor confronta a dor, atabaques e xequerês buscam consonância com violinos e violoncelos e onde todos poderão acompanhar o nascimento do grande rei negro. Ele, coberto de palhas,se faz presente na terra por meio da dança dos corpos pretos, da música e da oralidade, para representar, por meio de seu elenco, acura de todas as almas que sofrem com os efeitos da pandemia e que buscam, na celebração da vida, a força para resistir e transformar o luto em luta.
O espetáculo apresenta canções, bailados e performances inspiradas no afro-futurismo, que, para a Cia Odara, representa uma volta às fontes inspiradoras do passado e sua ligação com a ancestralidade. A peça tem direção de Márcio Telles e conta com as participações da cantora Raquel Tobias e das atrizes Lena Silva e Vera Luz, direção musical de Ito Alves, coreografias de Cristina Matamba e grande elenco sob a produção executiva de Diego Dionísio, da Tadito Produção.
(serviço)
Atotô – Silêncio, o Rei Está na Terra
Local: Teatro Oficina
Endereço:Rua Jaceguai, 520- Bixiga
Datas: 22 e 29 de novembro (segundas-feiras), às 20h
Duração: 90 minutos
Elenco:
Direção: Márcio Telles
Classificação indicativa: 12 anos
Ingressos: R$70 (inteira), R$ 35 (estudantes, professores de rede pública, classe artística mediante comprovação, moradores do bairro mediante comprovante de residência), R$5 (estudantes secundaristas de escola pública, imigrantes, refugiados, moradores de movimentos sociais de luta por moradiamediante comprovante)– limitados a 10% da lotação diária.
Ingressos antecipados: https://bileto.sympla.com.br/event/70118/d/115706/s/679618
A bilheteria do teatro abre com uma hora de antecedência nos dias de espetáculo
Instagram:https://www.instagram.com/odara.telles/
Facebook:https://www.facebook.com/Projetoodara/
Twitter: https://twitter.com/OdaraProjeto?s=09
FICHA TÉCNICA:
Texto e Direção: Márcio Telles
Produção Executiva: Diego Dionisio
Direção de Cena: Elisete Jeremias
Coreografia: Cristina Matamba
Direção Musical: Ito Alves
Preparação Vocal: Rafaela Romam
Desenho de Luz: Luana Del la Cristie
Operador de luz: Lua Mello Franco
Operação de Foco Móvel: Angélica Taise
VJ: Lucas Mendes
Cabelo e Maquiagem: Anderson Vaz
Concepção de Figurino: Márcio Telles e Anderson Vaz
Direção de Figurino: Anderson Vaz
Camareiras: Yaminah Olubunmi e Fabiana Casagrande
Atrizes: Lena Silva, Vera Luz, Silvina Elias
Ator: Oda Silva
Elenco Dança: Ysmael Ribeiro, Paulo Coortez, Adejatay, Marvin Alves,Teka Peteka, Jana Reis, Cristina Matamba, Jeniffer de Paula
Banda: Percussão – Daniel Oliveira, Diogo Presuntinho, Claudinho Santana, Kauã Teko, Ito Alves. Guitarra e Piano – Rodrigo Jubeline. Violoncello – Amanda Ferrarezzi
Cantora Solista: Raquel Tobias
Coro: Marcelo Dalourzi, Dogge, Pérola
Arranjos: Ito Alvez
Tecnico de som: DJ Clevinho
Tecnico de som assistente: Otávio Silvares
Elenco Capoeira: Renato Freitas,Preto Quilombola,Webert Bahia, Surikate
Produção Geral: Tádito Produção
Design gráfico: Diego Dionisio
Comunicação: Baobá Comunicação, Cultura e Conteúdo