Mais um episódio em que a equipe do presidenciável Jair Bolsonaro e seus aliados buscam atrelar sua campanha a imagem de mulheres negras. Após usar uma imagem falsa de uma mulher negra vestida como Médica, que seria Nordestina e apoiadora do candidato do PSL, Bolsonaro e sua equipe acabaram desmentidos quando veículos de comunicação do Brasil resolveram investigar e descobriram que na verdade tratavam-se de imagens realizadas por uma empresa de Toronto e vendidas através do site Shutterstockser .
A Nordestina negra era na verdade uma modelo Canadense que não conhece o político. Na ocasião o vídeo circulou entre os apoiadores de Bolsonaro e foi compartilhado por seu filho como parte da estratégia de campanha para mostrar proximidade com os movimentos negros.
A busca incessante de Bolsonaro e seus aliados por tentar uma relação e apoio das mulheres negras acabou atingindo dessa vez uma mineira, negra, com uma história de superação, e que diferente da modelo Canadense que teve sua imagem usada sem conhecer o presidenciável, conhece bem muito bem Jair Bolsonaro.
A palestrante internacional e faxineira, Alline Parreira, conta que tem sido vítima de uma enxurrada de mensagens de apoiadores do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Segundo ela, em junho quando palestrou na Cuny University (Em Nova Iorque, Estados Unidos), contou com a participação do candidato a deputado federal Paulo Guedes (PT-MG) e homônimo ao braço-direito de Bolsonaro. Após o evento, teriam deturpado a informação e começaram a divulgar nas redes sociais que ela estaria apoiando o guru financeiro do presidenciável e ele, consequentemente.
“Existem várias Allines, vários Joãos, várias Marias, vários Paulos. Eu gostaria de esclarecer para todos que o Paulo Guedes que faz parte do meu programa de palestras não é o guru econômico do presidenciável Jair Bolsanaro (PSL) e sim, é o deputado Estadual mais votado do Estado de Minas Gerais, que também é meu amigo e conterrâneo da comunidade São José das Traíras, que fica localizada no município de Manga, no norte de Minas, e hoje é candidato a Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores”, aponta.
A palestra ministrada por Alline em Nova York ganhou destaque no Brasil e no Exterior. Crédito da foto: divulgação
Alline, que é militante de movimentos negros e feministas há mais de 10 anos, se chocou ao saber que seu nome estava sendo associado a Bolsonaro, já que sempre demonstrou ser contra os posicionamentos do candidato e defensora do PT . Ela ainda destaca que nunca escondeu que sua trajetória de vida mudou após programas sociais dos governos de Lula e Dilma Rousseff.
“Quando veio o governo Lula, a mudança e a oportunidade vieram juntas. Sendo assim, uma das primeiras conquistas foi ver Paulo Guedes ser diretor do DNOCS, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, e eu chegando a estudar, e hoje podendo ter conhecido diversos lugares, além de ter palestrado nos Estados Unidos”, relembra.
Paulo foi vereador por três mandatos em Manga, levou água para mais de 30 mil pessoas quando foi diretor do DNOCS, e está no seu terceiro mandato de Deputado Estadual, em Minas Gerais.
Já o candidato Jair Bolsonaro foi condenado a pagar 50 mil Reais por danos morais coletivos á população negra em geral após os comentários racistas feitos durante uma palestra realizada no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, no dia 3 de Abril. O candidato também é alvo de atos que reuniram mulheres no último final de semana em de 26 Estados do Brasil após a difusão do mote #elenão. O movimento se espalhou pelo mundo com protestos anti-Bolsonaro em Berlim(Alemanha),Buenos Aires(Argentina),Paris (França),Londres(Inglaterra),Lisboa (Portugal), Nova York (EUA), Washington (EUA) e Barcelona (Espanha).
No ato realizado contra Bolsonaro no Rio de Janeiro manifestantes lembram que a morte de Marielle Franco,vereadora do PSOL,ainda segue sem respostas.
Crédito da foto: Ricardo Moraes (Reuters)
“Eu gostaria de terminar convidando todas as faxineiras e empregadas domésticas deste Brasil a se mobilizarem, politizarem e também participar dos atos #elenão #elenunca, que ocorrerão em todos os estados do Brasil até o fim dessas eleições. Se todas as mulheres que estudaram, frequentaram uma universidade e possuem doutorados estão participando, nós também temos que participar. A maioria de nós possui baixa escolaridade, queremos o fim do assédio moral e sexual, o fim da baixa remuneração, reconhecimento da profissão, mesmos direitos que os demais trabalhadores: horas extras, salário família, seguro desemprego, FGTS e segurança no trabalho”, convoca Alline.
Se todas as empregadas domésticas participarem dos atos, serão mais de 3 milhões de pessoas (segundo dados da OIT, Organização Internacional do Trabalho), 250 mil no Estado de Minas Gerais, majoritariamente formada por mulheres negras. “Um século não foi suficiente para que meninas negras pobres possam ascender socialmente através de outras tarefas senão a doméstica. Avançamos pouco na mobilidade social. Somos milhares e se nos se politizarmos, conseguiremos mudar a mentalidade da sociedade e dos três poderes governamentais”, finaliza Alline.