Por Vinicius Pedro
Tem um provérbio africano que diz algo como: “Até que os leões inventem as suas próprias histórias, os caçadores serão sempre os heróis das narrativas de caça.” No último sábado (15), estreou em SP – mais precisamente, ali no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso (finalzinho da Inajar) – a exposição ‘Afeto e memória’. A proposta fundamental da exposição é mostrar algo que só pode ser vivenciado longe dos “espetáculos” midiáticos no cotidiano, que nada mais é do que os aspectos positivos da população negra no Brasil.
Claro, como diz aquele som, “só quem é de lá sabe o que acontece” e só quem é de lá e está atento à vida cotidiana das quebradas poderia retratar de maneira fiel os reais sentimentos, sorrisos do rosto dos sofredores e afetos de corpos que são comumente animalizados e colocados como massa de manobra pelas balizas sociais. É importante sempre lembrar que a grande maioria da população da metrópole não se vê representada com muita frequência, dando a entender que aquilo que não vem da ponte pra lá é mais “fino”, “requintado” ou até mesmo tem mais importância. Balela. É preciso se conectar com aquilo que vem do povo, da população que, apesar de todos os males, se mantém de mente erguida e, entre um busão e outro, consegue sorrir.
Como falei, a exposição tá rolando no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, perto do Hospital Geral de Vila Nova Cachoeirinha. Vale a pena conferir e ver, se reconhecer e se encontrar em cada detalhe da exposição. Ah, a nossa fotógrafa oficial assina a exposição. Salve, Ina Henrique Dias – trabalho lindo!
Conversamos com a curadora da exposição Eliara Andrade.
Jornal Empdoderado – Como surgiu o projeto?
Como sou fotógrafa há mais de 30 anos, com passagens pelos jornais Diário Popular, Diário de São Paulo e jornal O Globo, sempre convivi com poucos fotógrafos negros no mercado, ou seja, tive uma caminhada solitária. Com o acesso aos editais, veio a ideia da construção da Mostra Afeto e Memória, um projeto com Exposição Fotográfica “ Afeto e Memória “, Rodas de Conversa, Oficinas online e gratuitas e o Lançamento do Livro “ Afeto e Memória“, também com distribuição gratuita, um evento com o protagonismo das fotógrafas e fotógrafos negros e também das curadoras negras, criando uma narrativa de memória, cultura e afeto.
Jornal Empdoderado – Como foi a escolha dos expositores?
Alguns artistas foram convidados pelas curadoras e a grande maioria por mim, além do critério ser o protagonismo dos profissionais pretos, achei interessante mesclar pessoas com mais experiência com outras que não tiveram oportunidade de participar de um grande
projeto expositivo.
Jornal Empdoderado – O edital foi fundamental para o projeto?
Sim, pois sem o aporte da Secretaria Municipal da Cultura seria impossível a construção da Mostra Afeto e Memória, ou seja, a 3ª Edição do Edital de Apoio à Cultura Negra foi necessária e é fundamental para a continuidade do apoio e da divulgação da Cultura Negra.
Jornal Empdoderado – Quem participa do projeto?
Artistas:
Bete Marques @betemarques
Daisy Serena @daisy_aserena
Eliária Andrade @eliariandrade
Gsé Silva @gessesilva
Helen Salomão @helesalomao
Ina Henrique Dias @inahds_
Júlio César Almeida @juliocesaarrrr
Mariana Ser @mariserfoto
Nego Júnior @negojunior_
Rodrigo Zaim @rodrigozaim
Curadoras
Bárbara Copque @barbara.copque
Rosane Borges @_rosaneborges
Jornal Empdoderado – Quem quiser ir à exposição como faz?
Quem quiser ver a exposição deverá se dirigir ao Centro Cultural Ruth Cardoso, na Av.Deputado Emílio Carlos, 3641, de terça a sábado das 10 às 22h e domingos e feriados das10 às 18h – Entrada Gratuita
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