VOCÊ SABIA? Um dos precursores do Rock foi uma mulher…
Pois bem, Rosetta Nubin nascida em 20 de Março de 1915, em Cotton Plant, Arkansas, filha de Willis Atkins e Katie Bell Nublin, apanhadores de algodão, aos quatro anos começou a tocar guitarra, aos seis acompanhava sua mãe em coros na igreja fundada por seu pai no Arkansas. A sua mãe tornou-se pastora evangélica, cantando e tocando para a sua congregação e é através dela que a pequena Rosetta Nublin fez a sua primeira atuação acompanhada pela guitarra, cantando o conhecido tema gospel Jesus is on the mainline.
Durante a juventude com a sua mãe, fez digressões em circuitos evangélicos. Influenciada pelo seu meio e pela energia de Chicago, uma cidade que fervilhava a Blues e Jazz, a jovem Rosetta misturava o Gospel com os ritmos seculares, o que, juntamente com o seu engenho com a guitarra, tornaram-na bastante popular. A forma como tocava transpirava Blues e impressionou muitos. Rosetta era também uma das poucas mulheres negras a tocarem guitarra na década de 20 do século passado.
Na estrada desde cedo, Rosetta viu sua popularidade crescer, até que se tornou grande demais para se apresentar como atração em pequenas cerimônias religiosas, onde se transforma em Rosetta Tharpe. O Tharpe vem de Thorpe, com mudança de grafia feita por ela, tirada do sobrenome do primeiro casamento, usando seu talento e uma Gibson L5, tornou-se em poucos anos conhecida como a maior cantora gospel da América já nos anos 30 e 40.
O seu pioneirismo não se resume a ser mulher, negra e guitarrista, mas sua competência e seus riffs inspiraram nomes como Elvis, Little Richard, Johnny Cash e Jerry Lee Lewis. Alguns críticos juram que estes e outros de sua época, adaptaram o gospel e soul, e criaram o Rock, e nisso nossa heroína tem que se lembrada sempre. Não bastasse isto, ela foi a primeira a ter um ônibus com seu nome nas laterais (anos 30), onde viaja com sua própria banda completa chamada “Rosetta & the Rosettes”. Apresentavam-se pelo país em plena segregação racial e às vezes, o ônibus lhes servia de dormitório e refeitório, pois em algumas cidades, bares, restaurantes e hotéis, só serviam brancos, mas nada disso a deteve.
Com contrato com a Decca Records, uma gigante da época, e ao lado de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, aparecia nos cartazes de propaganda da gravadora.
Rosetta continuou gravando durante a Segunda Guerra Mundial, ela era um dos únicos dois artistas autorizados a gravar “v-discs” para tropas do outro lado do oceano. Sua música “Strange Things Happening Every Day”, gravada em 1944 com Sammy Price, pianista de boogie woogie da Decca, mostrou sua virtuosidade como guitarrista e suas letras espirituosas. Essa também foi a primeira música gospel a ir para a corrida do top 10 da Billboard, algo que Sister Rosetta Tharpe conseguiu mais algumas vezes em sua carreira. A gravação é creditada por algumas fontes como a primeira gravação de Rock and roll.
Na década de 50, Rosetta troca sua L5 por uma SG, e numa jogada de marketing de mestre, a sua gravadora promove um concerto em um estádio de beisebol em Washington DC. Até ai, tudo bem, se não fosse também o dia do seu casamento. Foi cerimônia de casamento, lançamento do LP, e Show, com nada menos de 25.000 pessoas, “convidados”, que pagaram ingresso para ver o seu casamento com seu manager e quarto marido, Russell Morrison, com quem viveu por 22 anos. Após esta união, ela grava algumas músicas fora do mundo gospel com relativo sucesso, porém desagrada os seus fãs e não demora a voltar às origens.
É com o aparecimento de jovens vindos do delta do Mississippi que surge o Rock n’ Roll e Elvis é coroado como rei do novo gênero musical. Rosetta, a mulher que vinte anos antes começou a fazer estes ritmos mantem-se fiel a si, mas a sua popularidade e o seu brilho ofuscam-se pelos novos artistas.
A partir dos anos 60 é que temos algumas filmagens dela nos EUA, e uma interessante turnê pela Inglaterra, com a presença de Muddy Waters, onde ela toca em uma estação de trens fora de operação. O palco é a plataforma e do outro lado da linha foi montado uma arquibancada.
https://www.youtube.com/watch?v=ZBA5JVx_X3g
Mas, nem turnês na Europa, nem as gravações ao vivo, lhe devolveram o sucesso de outrora.
Em 1970, Rosetta, após um derrame e consequente perda de uma perna, tem dificuldades na fala, o que reduz o seu ritmo. Porém, ela não para de se apresentar até sua morte em 1973.
Rosetta Tharpe foi uma inspiração para Etta Jones, Johnny Cash, Little Richard, entre outros. O seu legado é enorme, marcou a história da música, marcou gerações e apaixona todos aqueles que a ouvem, isto derivado à alma que possuía, à sua energia e poder.
Em 2004, Down by the Riverside entra para a National Recording Registry, da biblioteca do congresso norteamericano. Em 2007, entra para o Blues Hall of Fame e, em 2008, o governador Edward Rendell declara o dia 11 de Janeiro o dia da Sister Rosetta Tharpe, no estado da Pensilvânia. No seu discurso, destacou a lendária cantora, a pioneira que levou o Gospel para a cena mainstream.
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sister_Rosetta_Tharpe
http://www.saladarock.com.br/blog/2012/01/provocacoes-pradoquianas-forgotten-heroes-herois-esquecidos-sister-rosetta-tharpe.html
http://pensadoranonimo.com.br