Judoca vence a luta contra o preconceito e a depressão
Edição e revisão de texto: July Fabri / Crédito da Imagem: Divulgação
Rafaela Silva, de 24 anos, filha de pais humildes, nasceu e foi criada na cidade do Rio de Janeiro, tem muito a nos ensinar sobre superação. A atleta não imaginou que, hoje, seria motivo de inspiração para todos que desejam ultrapassar seus próprios limites.
Nada poderia parar aquela criança hiperativa, que cresceu na Cidade de Deus, brincando, correndo e soltando pipa, a não ser sua paixão pelo esporte. Quando menina, adorava jogar futebol no terraço com os meninos, mas sua vida começou a mudar aos 7 anos de idade, seus pais a matricularam nas aulas de judô no Instituto Reação.
A paixão pelo Judô só aumentou ao decorrer do tempo, pois além de gostar do que fazia, Rafaela começou a conquistar o seu espaço. Campeã Mundial em 2008, Vice-campeã em 2011 em Paris; ainda em 2011 competiu nos jogos Pan-Americanos e foi Vice-campeã, mesmo assim foi a primeira brasileira a subir no pódio.
Mas foi em 2012, que a judoca enfrentou o momento mais difícil de sua carreira, após ser eliminada nos Jogos de Verão de Londres por praticar um golpe ilegal, também teve que enfrentar o racismo em sua forma mais cruel. Rafaela recebeu uma enxurrada de comentários ofensivos por meio das redes sociais, entrou em depressão profunda, e até pensou em abandonar o kimono para sempre.
“Depois da minha derrota eu ia largar o Judô para sempre, mas minha psicóloga não deixou, meu técnico também me ajudou muito”, confessou Rafaela em entrevista ao site UOL .
Em 2013, após lutar contra a depressão, a atleta voltou a brilhar, ela se tornou a primeira campeã mundial de Judô no Brasil – essa foi a sua primeira grande conquista.
O que muitos não sabiam é que o melhor ainda estava por vir. Rafaela Silva conquistou medalha de ouro nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. E o mais irônico, a guerreira superou seu medo, sua depressão e as expectativas de todos na cidade em que nasceu.
“Tive uma sensação de satisfação e alívio, pude realizar meu sonho dentro da minha cidade e pude passar para todas as crianças da comunidade – Cidade de Deus -, que eu saí de lá, tive oportunidade, aproveitei e acreditei. Hoje eu conquistei o mundo”, desabafou ao jornal Folha de São Paulo.
A superação de Rafaela Silva é uma vitória cheia de dores, cheia de calos e cheia de simbolismos. A atleta representa a mulher negra da periferia, que tem de vencer sozinha os desafios diários, sem deixar “a peteca cair”. Terão mais Silva’s no pódio da vida, mais mulheres vendo que a luta é longa e dura, mas que a recompensa chegará ao seu devido tempo. A judoca é um exemplo de superação e resistência, e como ela todas as mulheres podem conquistar o mundo.