Dia 09 de novembro, aconteceu a segunda reunião nacional entre torcidas organizadas, coletivos esportivos e entidades do movimento negro, com objetivo de participarem juntas das manifestações do dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, data que rememoramos os feitos do herói quilombola Zumbi dos Palmares e a luta do povo negro contra a escravidão e o racismo.
Por que?
O Brasil passa um dos momentos mais difíceis da sua história e não seria diferente para a população negra que é a mais afetada pela falta de políticas públicas e o aumento de racismo contra pessoas negras.
Historicamente desde que o povo negro foi sequestrado do continente africano e chegou ao Brasil sua vida nunca foi fácil. Sempre foi luta, resistência e sobrevivência.
O que governo Bolsonaro piorou o que já era ruim
A CPI da Covid e o noticiário diário estão mostrando que a população que mais sofre e morre é a negra e periférica. O povo perdeu renda, muitos a vida e a fome voltou aos lares brasileiros, – são mais de 116 milhões de pessoas em insegurança alimentar, segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e o atual governo que deveria ter soluções, ele acaba sendo a principal parte do problema e da desesperança. Esta última semana está se vendo o esforço para acabar com os benefícios que davam dignidade alimentar ao povo como: “Auxílio Emergencial” e “Bolsa Família”. E se não bastasse tudo isso ainda temos o recorde negativo de mais de 610.000 mortes por causa de negligência e incompetência. E essa política de morte afeta a maioria negra do país que corresponde a mais de 54% da população nacional.
A luta será popular
As torcidas organizadas correspondem um dos maiores agrupamentos populares do mundo. São entidades que têm em sua maioria pessoas humildes, trabalhadoras e negras. Que se juntam para torcer pelo seu time e fazer as festas nas arquibancadas. Mas por virem de camadas populares sempre são taxadas pelos casos esporádicos de violência que existem, mas não são o motivo delas existirem.
As torcidas têm seus departamentos sociais que durante o ano ajudam a distribuir cobertores em período de frio, fazem festas no dia das crianças e na pandemia saem para distribuir cestas básicas. Assim como os coletivos que nascem de ideias normalmente progressistas uma dentro das torcidas e se juntam para contribuir por um país mais justo e humano.
O Movimento negro tem uma história pautada em luta contra o racismo e pela melhoria da qualidade de vida do povo pobre e periférico. Defende mais políticas públicas a população: educação, saúde e segurança pública, por exemplo. Atua contra toda forma de opressão e discriminação.
A reunião
As reuniões, que têm caráter nacional, estão sendo organizadas pela “Convergência Negra”, o jornalista e militante Anderson Moraes, os coletivos esportivos e as torcidas organizadas de todo país.
Estiveram presentes, na reunião UNEGRO – União de Negras e Negros pela Igualdade, Círculo Palmarino, CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras, Jornal Empoderado, Convergência Negra, ANATORG – Associação das Torcidas Organizadas, Torcedores Pela Democracia, Coletivos esportivos e torcidas organizadas do país todo.
Sobre o ato de 20 de novembro o Empoderado falou com Alex Minduim, sociólogo e Presidente da Anatorg Associação Nacional das Torcidas Organizadas do Brasil que disse: “O encontro do movimento das Torcidas Organizadas do Brasil com o Movimento Negro Brasileiro foi um dos grandes marcos da história dos movimentos sociais no Brasil, algo que trará muito frutos ao combate ao racismo e ao preconceito racial.”
Já Mariani Freitas, da coordenação do Somos Democracia Paraná, da Resistência Alviverde, torcida antifascista do Coritiba e membro do Coletivo Feminista Coritibano – CFC falou que “diálogos como o que ocorreram na última terça, são indispensáveis para uma construção coletiva. Foi perceptível à disposição do movimento negro e dos coletivos de torcidas antifascistas em lutar pela democracia, pelo fim do racismo, pelo fora Bolsonaro e outras pautas das quais somos convergentes.” e continua “Vale ressaltar que faz-se necessário um trabalho de base em todos os espaços, estádios, comunidades, periferias… Para que vislumbremos, em um futuro próximo, uma nova forma de sociedade e de consciência. Saudações Alviverdes!”.
Fátima Sanchez falou: “Nós do Bloco Tricolor Antifa reforçamos o convite e o compromisso de estarmos nas ruas dia 20 de novembro unidos ao Movimento Negro .
Como coletivo de torcedores antifascistas do São Paulo Futebol Clube, reforçamos também a necessidade de união entre todas as torcidas , a necessidade de nos unirmos pela luta que exige força maior nesse momento. O fascismo avança a passos largos trazendo a tona atitudes racistas que são cada vez mais frequentes e relativizadas na nossa sociedade, o genocídio do povo pobre e preto, das maiorias minorizadas, não pode ser relativizado, não pode ser esquecido e nem pacificado. A carestia infringida a nós pelo governo Bolsonaro afeta diretamente e na sua maioria o povo preto periférico. Hoje e sempre , o futebol é a maior manifestação popular que temos , é através dele que podemos iniciar um movimento para barrar o avanço das medidas assassinas desse governo. Se não a justiça não há paz para eles!”
Onã Rudá, da LGBTricolor, do Bahia lembrou “…acho que é um passo positivo, importante, que acumula de forma importante pro combate ao racismo em toda sociedade e mostra perspectivas de construção.”
Eliana Frazão, do MTPC – Movimento Toda Poderosa Corinthiana: “Nós, mulheres do MTPC, acreditamos que o combate ao racismo não deve ser uma luta apenas do povo preto, é uma pauta da sociedade brasileira que pensa num mundo mais justo e igualitário. Somos contra toda a forma de preconceito e exclusão. Por isso apoiamos que as torcidas e coletivos do futebol, façam parte dessa luta e participem da Marcha da Consciência Negra em todos os estados e que se organizem para seguir em luta contra o racismo.”
Emerson Marcio Vitalino, o Emerson Osasco pontuou sobre a segunda reunião: “… em relação a construção vou pontuar! É um importante e necessário passo, que o MN e as Torcidas Organizadas, estão construindo, se aproximando e se conhecendo, nossas ideias, lutas e dores são idênticas, pois nascemos e vivemos nos mesmo lugares, somos vítimas das mesmas atrocidades, então estamos juntos e preparados para as batalhas que virão, nos farão vitoriosos!”.
A reunião virtual, do último dia 09/11, que foi conduzida pelo jornalista Anderson Moraes, do Empoderado que contou com a presença de coletivos e torcidas uniformizadas da Bahia, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo entre outros lugares mostra a força do movimento negro e das torcidas uniformizadas e coletivos esportivos. A organização espera uma grande mobilização no dia 20 de novembro.
Agradecimentos: MTPC – Movimento Toda Poderosa Corinthiana, Botafogo Antifascista, Coletivo Tricolores de Esquerda Fluminense RJ, Coletivo Democracia Corinthiana, Coletivo Leste Negra, Coletivo Bem Viver, Torcedores pela Democracia RJ, Bahia Antifa, Raizgatando, DEMOCRACIA RUBRO-NEGRA, Porcomunas, Bahia Antifa, Cearamor, Movimento Negro Unificado/CE, Convergência Negra, Coletivo Democracia Corinthiana, Coletivo Leste Negra, Coletivo Bem Viver/SP, MOC/FUT, Bloco Tricolor Antifascista, Soweto Organização Negra da cidade de São Paulo, CONEN-Coordenação Nacional de Entidades Negra, UNEGRO, Coletivo Democracia Corinthiana e a todos e todas que estão ajudando nessa histórica construção.
Vídeo da Reunião
https://youtu.be/dBkvKfXyANc