A Coalizão Negra por Direitos está na Europa onde se uniu aos movimentos socioambientais de todo mundo pelo Dia de Ação Global pela Justiça Climática. Em Glasgow, sede da COP26, a comitiva marchou ao lado de sindicatos, grupos religiosos, povos indígenas e a comunidade local. Em Paris, a Uneafro Brasil e o Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil, integrantes da Coalizão, se reuniram com a imprensa local e marcharam pela capital francesa.
Em discurso no ato de Paris, Eliete Paraguassú, pescadora, marisqueira quilombola e liderança da Ilha de Maré, Salvador, Bahia, falou sobre as ameaças que recebe por defender o meio ambiente, os manguezais e as áreas de pesca. Além disso, denunciou que 116 crianças de Ilha de Maré foram contaminadas por metais pesados lançados na Baía de Todos os Santos, a partir dos grandes empreendimentos e o Complexo Industrial da Bahia.
Na última sexta (05), mais de 200 organizações do movimento lançaram carta em que defendem uma incidência direta contra o racismo ambiental, pela redução do aquecimento do planeta, desmatamento zero nas florestas Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga brasileira e em defesa da titulação das terras e dos territórios quilombolas também como estratégias pelo desmatamento zero. O documento na íntegra pode ser encontrado no site da Coalizão Negra por Direitos .
Como dito no documento, “o racismo ambiental afeta e viola os direitos daqueles que menos contribuíram para a crise climática e humanitária!”. O grupo ainda destaca que “a crise climática é também humanitária e, “continuar negando as estruturas do racismo é negar aos povos e às gerações humanas o direito de Bem Viver e as diversas formas de vida no Planeta Terra”.
“Estamos fazendo história. É a população negra, quilombola e periférica, levando sua voz para o mundo para dizer como podemos contribuir para salvar o planeta. E não mais tendo outras pessoas falando em nosso nome”, afirma Douglas Belchior, historiador brasileiro e cofundador da Uneafro Brasil, um dos representantes da Coalizão Negra por Direitos na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26).
Sobre a Coalizão Negra por Direitos
A Coalizão Negra por Direitos reúne mais de 200 organizações, grupos e coletivos do movimento negro brasileiro para promover ações conjuntas de incidência política nacional e internacional. As entidades definem estratégias para intensificar o diálogo com o Congresso Nacional e com instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a pauta racial, além de fortalecer ações nos estados e municípios brasileiros nesse sentido.