Rio de Janeiro, precisamente Jacarezinho na zona norte, presenciou em 10 pontos imagens de rios de sangue, efetuado pela mão da insegurança publica presente por todos os locais. Famílias, pessoas colocadas em risco por uma ação policial. Cenas fortes em tempo real invadiram as redes sociais, de milhares de pessoas, imagens de policiais que mesmo com a redenção de suspeitos, atiravam inúmeras vezes sobre o corpo já estendido morto ao chão.
Desde quinta-feira, foram contabilizados 29 mortos, segundo as informações da própria polícia que justificou ao Ministério Público do Rio de Janeiro que a operação visava cumprir mandados de prisão contra-acusados por associação ao tráfico de drogas.
O estado tem 3,7 milhões de habitantes em áreas dominadas pelo crime organizado só a milícia controla 57% da área da cidade, é o que mostra pesquisa inédita sobre a expansão de organizações criminosas batizado de Mapa dos Grupos Armados do Rio de Janeiro. O levantamento configura o seguinte quadro: 2,1 milhões de pessoas (33% da população) vivem em área sob o comando de milícias; 1,1 milhão de pessoas (18,2% da população) vivem em área dominada pelo Comando Vermelho; 337,2 mil pessoas (5,1% da população) vivem em área dominada pelo Terceiro Comando; 48,2 mil pessoas (0,7% da população) vivem em área dominada pelo Amigos dos Amigos.
A violência das abordagens policiais desqualificadas, sobem os morros, mas não reduz o poder de dominação dos milicianos que controlam área maior do que traficantes de drogas, seguindo com a manutenção do poder sobre as famílias, destituindo a possibilidade de viver livre e de ter acesso real a dignidade humana aos cariocas do alto das comunidades.
A comunidade sofre com uma intensificação de uma política antidrogas que desde a década de 70, não tem dados sinais de alterações comportamentais relevantes, uma vez que a marginalização só cresce. A intervenção do fogo cruzado permanece matando inocentes vítimas da guerra interna das drogas, a exemplo da vila vintém, jacarezinho demonstra a alta letalidade da polícia.
A brutalidade tem custo elevadíssimos que saem do povo. É interessante saber que o orçamento gasto em um ano das guerras antidrogas custam só para dois estados como Rio e São Paulo Guerra R$ 5,2, bilhões. O que põe em questão a desmilitarização.
Como disse o porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU, Rupert Colville, houve uso “desproporcional e sem necessidade da força pela polícia do Brasil”, houve para nós mais uma vez o abuso do poder e a desqualificação dos direitos humanos. O projeto necropolitico do estado segue forte, perpetrando o racismo e mantendo negros e negras, pobres das favelas como alvo perfeito da ingerência de estado, no abandono inconstitucional e institucional.
Pelo fim de toda a forma de opressão, queremos um estado livre.
foto de capa: CARLOS SANTTOS/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
O JE conversou com autoridades do governo e entidades sobre o banho de sangue provocado pela polícia civil, na comunidade do Jacarezinho (RJ)
Jacarezinho chora mar de sangue provocado pela Policia Civil do Rio de Janeiro
NOTA PÚBLICA DE ORGANIZAÇOES, COLETIVOS E ONG’s QUE ATUAM NO JACAREZINHO