A delegação saiu do Rio, no dia 18, retornando ontem a noite (22), comandada pelo Prof. Dr. (UFRJ) Babalawô Ivanir dos Santos, o encontro foi pautado para a festa de Oxóssi, no Terreiro Ilê Alabaxé, casa do saudoso Babalorixa Edinho D Oxóssi (dos seus 65 anos de vida, 50 anos foram dedicados à religião de matriz africana), onde Ivanir foi iniciado para o Orixá Oxoguian – o templo religioso, tombado pelo patrimônio histórico, na Cidade de Maragojipe.
“Me honra está acompanhado de uma comitiva composta por religiosos de matrizes africanas pra o Terreiro Ilê Alabaxé”, alega Ivanir, que tem em auto estima Edinho D Oxóssi, falecido há 7 anos, data essa da última visita ao local por Ivanir, e ao chegar no terreiro, foi surpreendido com uma recepção calorosa dos muitos integrantes da casa. Com almoço, café da manhã e lanches. Além claro, da comoção maior nas cerimônias como a incrível Ori Malu, onde o boi chega em procissão, seguida das obrigações. E como era dia de festa, muitas atividades carregados de emoção como o Xirê do Candomblé.
A comissão, com 34 pessoas contou com Yango da Agen Afro, Erinlé Babá Mí, Jone de Odé, Kátia Marinho e sua neta Kailane Campos, Mãe Ivone de Oya (SP), entre outros. Onde participaram das atividades religiosas e também tiveram a oportunidade de conhecer o centro histórico de Maragojipe, antes administrado por Edinho de Oxóssi, primeiro Babalorixá do Ilê Alabaxé, e vivenciaram de perto a memória viva de um dos maiores representantes das religiões de matrizes africanas no recôncavo baiano.
“A Festa de Oxóssi do Terreiro Ilê Alabaxé é um verdadeiro patrimônio cultural da brasileiro e principalmente para a cidade de Maragojipe. Eu tive a honra de ser iniciado, em 1981, para Oxoguian, neste Ilê pelas mãos de Edinho de Oxóssi”, afirmou Ivanir dos Santos.
“Além de ser uma das festas mais importante para as religiões de matrizes africanas, a cerimônia em si, que envolve toda a festa, nos permite mergulhar nas tradições culturais e espirituais dos homens e mulheres negros africanos que chegaram no Brasil na condição de escravos e, promoveram, através da religião, os primeiros atos de resistências contra todos os processos de racismo e intolerância religiosa”, completou ainda
Com uma trajetória de 39 anos de vida iniciada ao culto aos orixás, e hoje, nos auge dos 65 anos, articulou e se movimentou em diversas frentes do movimento negro, na área da educação, passeou ainda pela política. Na academia, vem desenvolvendo um importante papel na formação de uma nova geração de universitários. Mas sua maior resistência está em torno do movimento e articulação ao combate à intolerância religiosa, como interlocutor da CCIR – Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, no Rio de Janeiro, onde realiza todo ano a Caminhada de Combate à Intolerância Religiosa e se prepara para a 12ª edição, em 15 de setembro, em Copacabana.
Iniciado para Orixá Oxoguian, cumprindo todas as obrigações, de 1, 3, 7, 14 e 21 anos com o Edinho D. Oxossi. Confirmou duas Ekedis e um Ogã, iniciou um Iawo para Oxum. Em 2006 se iniciou para Ifá, na Nigéria, começando um novo ciclo, com inciados na Nigéria e no Brasil.
A emoção correu solta, com Ivanir e convidados que prestigiaram o Axé e o atual herdeiro Babá Robinho D Otin, para Ivanir foi reviver o seu respeito à ancestralidade e aos antepassados, nesta visita tão especial e sagrada, que faz parte de sua história de sacerdócio. Na festa, comoção ao reencontrar Ogan Antônio Rufino D.Ogun, filho biológico do finado Babalorixa Rufino D. Beru, Maria Helena Barbosa – Iyá Tebesé e Mãe Pequena Kisasse, Ebomy Odete – ícones da memória viva do Ilê Alabaxé e tutores de um legado imensurável.
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Por Rozangela Silva