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MÃE NO VERBO PRESENTE – MATRIOSHKAS E MATRIARCAS

“Nada torna uma mulher mais bonita do que a própria crença de ser bonita”, frase da atriz Sophia Loren em um livro de moda. Em reflexão e envolvida no cenário da moda e da estética, varias vertentes foram se abrindo, uma saindo de dentro da outra, e assim, cheguei as bonecas russas matrioshkas. O nome Matrioshka é o diminutivo do feminino Matryona (matrona), proveniente da raiz latina, mater, ou mãe, portanto simboliza a maternidade e a fertilidade. Ela é a protetora, que guarda, cuida e leva todos dentro de si, que abre seu ventre nos momentos de perigo para esconder e proteger a família.

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Uma boneca dentro da outra, literalmente um ovo oco que aconchega as menores no seu útero, um aninhamento ou nidificação, o ser que vem do ser, a avó, a mãe, a filha, e sucessivamente, o que me remete a ancestralidade. O fato de uma sair da outra encena o parto, a mãe que dá à luz a filha.

Falando de ancestralidade, me veio a palavra matriarca, que segundo o grande oráculo, mulher considerada como base da família, segundo certo sistema sociológico; progenitora. (Do latim.matre+gre.arkhé). E relendo a matéria MULHERES NEGRAS: SEU PAPEL ENQUANTO EMPREENDEDORAS, o paragrafo a seguir ecoou dentro de mim de tal maneira levando-me a repensar e dar vida a essa matéria: “As experiências acumuladas pelas mulheres negras, segundo Angela Davis, … que labutaram sob o chicote de seus senhores, sendo estupradas, criando filhos que não eram seus e vendo os seus próprios serem vendidos como mercadorias. Para cada afeto consentido entre a ama e sua pequena “filha” branca houve uma bebê negra arrancada dos braços maternos.

O filme Historias Cruzadas descreve com clareza em que a personagem Aibileen Clark (Viola Davis, 2011), era uma mulher que vivia sozinha e que cuidava, educava e dedicava a sua maternidade para as crianças brancas nas casas que ela trabalhava, e o único filho dela havia sido assassinado ainda jovem.

As mulheres negras tinham sua sexualidade checada por senhores brancos e seus filhos não tinham direitos e a separação eram comum. As “escravas fêmeas” não possuíam nenhuma exigência legal sobre seus filhos, “os escravos infantis” estavam na mesma posição que os outros animais.

https://youtu.be/KXKQToPNtfM

Voz: Mariana Per Violão: Renato Gama Video: Junior Santos Produção: Sá Menina/JS Filmes

Essa força de sobrevivência, transmitida por gerações, carregam um legado duro de perseverança, autossuficiência tenacidade e resistência. Essa força tem mantido as nossas tradições e formando gerações de pretas e pretos orgulhosos de terem o prazer de chamar uma mulher preta de: MÃE. Nós, mulheres negras somos fortes, sim!, porque a vida sempre nos exigiu força, não porque são geneticamente diferenciadas. Somos fisicamente fortes porque exigiram -nos desde pequenas a realização de serviços braçais. Assim, de geração a geração.

A mulher preta é uma heroína, não só como provedora de muitos lares, mas, como sustentáculo das tradições ancestrais. Quando os seus filhos e filhas começam a enfrentar as discriminações por causa da cor da pele, a mãe é o apoio e a orientação para a preservação da autoestima. E ela que suporta e procura os meios de combater a discriminação, é o verdadeiro amor que sofre com as tristezas e exulta com as vitórias.

Ser mãe é algo que rasga a pele e inscreve cicatrizes profundas. É habitar a sua própria história e ao mesmo tempo viver fora de si. Uma das mais dolorosas histórias da humanidade é a história das “mães pretas,” sendo escravizada ou liberta, é destituída da relação com seus próprios filhos e passa a cuidar e amamentar os filhos das famílias senhoriais branca. As amas de leite que a escravidão gerou por necessidade do alimento primordial – mulheres escravizadas tornadas em puro leite negro.

O Brasil possui 67 milhões de mães, que representam 32% do país. Reunimos aqui 16 coletivos de mulheres focados em maternidade que lutam pelo direito à vida. Quando entramos na maternidade estamos cheias de temores, nos preocupamos com a segurança e o bem estar dos nossos. Segurança esta que está sempre em jogo, por todas as apreensões e pela a marca do racismo que cria obstáculos políticos, sociais e culturais concretos, que prejudicam a vida dos nossos filhos de forma aguda. A começar pela sua identidade.

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Na coluna I “Olhos Que Condenam”: a maternidade negra em perspectiva – Por: Karoline Miranda. (http://maesqueescrevem.com.br/olhos-que-condenam-a-maternidade-negra-em-perspectiva-por-karoline-miranda/), ela relata foram 1h10, em média, de muitos golpes psicológicos e socos no estômago. Assim como ela pausei nos 35 primeiros minutos e diferente dela, não consegui respirar, não aguentei ver todo o desafio imposto pela linha da cor da pele… ousaram ser negros, nossos filhos são negros.

Para Karoline Miranda, uma das cenas que mais marcantes foi quando a mãe de Antron McCray vai visitá-lo no reformatório. Ele diz que tem pesadelos, que ouve passos, ao que ela responde mais ou menos assim:

“SE VOCÊ OUVIR ESSES PASSOS DE NOVO, FILHO, SOU EU TENTANDO TE TRAZER PRA CASA. SEI QUE PARECE QUE O MUNDO TE ODEIA, MAS EU TE AMO PELO MUNDO INTEIRO. SE VOCÊ CHORA, EU CHORO. SE VOCÊ SOFRE, EU SOFRO. SE VOCÊ ESTÁ LIVRE, EU ESTOU LIVRE”

Cris Bartis, apresentadora do podcast Mamilos (https://www.revistaversar.com.br/djamila-ribeiro/), fala sobre a importância de não abrir mão de quem se é por causa dos filhos: “Vejo mulheres que abriram mão de tudo pelos filhos e eles se tornaram a identidade dela. Quando eles vão embora, elas ficam sem ter o que fazer. Minha mãe acha que não era para eu ter saído de casa, por exemplo. Ela teve um trabalho para construir a identidade dela. Eu falo para minha filha que eu a amo muito, mas ela não é a única coisa que eu amo. Tem várias. Minha mãe não tinha esse monte de coisa, era só eu”. Eu, sou Fabiana Silva e tenho dois principes que amo muito, mas eles não são as únicas coisas que eu amo.

NOTA

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