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Conheça histórias de mulheres que transformaram suas vidas viajando

Por Lau Francisco 

Por trás da palavra viajar estão diversas denominações: férias, fim de ano, fim de semana, e tantas outras. Mas para muita gente, viajar é mais do que uma experiência única: é um estilo de vida que evidência a liberdade de ir e vir independente da sua condição financeira ou pessoal. Seja solteiro, casado ou com filhos, viajar é uma atitude transformadora que muda a perspectiva, principalmente no universo feminino.

O coletivo Bitonga Travel conta 5 histórias de mulheres que ressaltam a importância de viajar e como isso transformou suas vidas. Pois o projeto tem o objetivo de incentivar mulheres negras latino americanas, caribenhas e africanas a Travel (viajar, percorrer, ir, andar, atravessar, passar por, movimentar-se, deslocar-se, propagar-se)  não só o mundo, mas também suas próprias cidades, país e continente. 

Ou seja, apropriar-se dos lugares que pertencem e encontrar-se como ser humano. Com mais de 60 mulheres negras comprometidas à compartilhar os conteúdos de suas viagens via redes sociais, a Bitonga Travel vem encorajando outras mulheres a também conhecer e se reconhecer no mundo.

Cinco colaboradoras do Bitonga Travel compartilham aqui experiências pessoais que impactaram positivamente suas vidas após tomarem a decisão de adotar a viagem como estilo de vida e agente transformador.

 

Planejamento e economia financeira

A Assistente Social Luana Moura planeja suas viagens anualmente com o marido. Tem a meta de fazer uma viagem nacional e outra internacional. Montou uma planilha onde controla todo o fluxo do seu caixa pessoal, com entradas e saídas de dinheiro. Desta forma, mantém um controle efetivo de gastos e sabe exatamente quanto pode gastar para que mensalmente poupe a quantia necessária para alimentar seu estilo de vida. As viagens nacionais ela cobre o transporte com milhagens. A hospedagem, sempre busca amigos e parentes para economizar, ou mesmo sites de aluguel de carro e casas. Desta forma, ela já visitou países como Portugal, Espanha, França, Itália, Inglaterra, Alemanha, Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile e Peru.
 

Conexão com pessoas

Em 2015 a baiana Claudiane Santana conheceu um viajante que pretendia passar quase um ano na estrada. Por intermédio deste amigo, ela conheceu o CouchSurfing, um serviço de hospitalidade para viajantes com base na Internet. “Desta forma, viajei pela primeira vez para fora do país. Fui ao Peru, Equador e Colômbia. Conhecer a comunidade de viajantes e estar conectada com pessoas do mundo todo a partir disto foi um divisor de águas na minha vida. Comecei a aprender que viajar podia ser simples e barato e trazia mais do que perspectivas sobre outros lugares novos aprendizado de vida. Então adotei essa cultura como estilo de vida”. Claudiane também abriu sua e casa e hospedou muita gente de vários países e, desta forma, aprendeu e estudou a língua inglesa.

Quebra de estereótipos

 
Rosângela Marques, 54, sempre teve o sonho de viajar sozinha. Mas tinha muito medo. Sua virada de mesa começou quando começou a dirigir aos 45 anos de idade. Venceu o medo e as limitações e foi para Maresias, litoral norte de São Paulo e Rio de Janeiro. No final de 2018, resolveu ir para a Bahia, visitar o pai. Nesta oportunidade ela realizou, mesmo sem ter planejado, uma imersão à sua ancestralidade. Na Estado da Baiano, ela aprendeu a se reconhecer como mulher negra observando a população:  homens, mulheres, crianças, idosos, todos negros. E alguns deles, na cidade do interior onde estava, diziam-se seus primos, pois conheciam seu pai. “Nos lugares onde frequento, em São Paulo, não há esta identificação. E minha família nunca teve esta preocupação em discutir o assunto. Alí eu não era uma mulher negra, era simplesmente a Rosângela. Convivo com mulheres na faixa de 50 a 70 anos e elas também querem viajar e vivenciar essas experiências. Espero poder compartilhar e levar essa mudança para outras mulheres”.

 
Viajar sozinho aumenta o poder de escolhas

Atualmente residindo na Noruega, Gabriela Rocha, negra, gorda e viajante, já foi para 20 países, como Croácia, Eslovênia, Argentina, Inglaterra, Alemanha, França, República Theca, Noruega, Rússia, Africa, Portugal, Espanha, Uruguai, EUA, entre outros. Gabriela é autora do livro “Gabyanna – negra e gorda”, um livro de representatividade, empoderamento e resistência. Trata-se da busca pelo amor quando se é negra e gorda “Comprava as passagens por conta própria, nunca dependi das agências”, conta. O segredo e a vantagem é que ela estava sozinha e isso proporcionou a liberdade de não ficar em hotéis e sim nos Hostels, um tipo de acomodação que se caracteriza pelos preços convidativos e pela socialização dos hóspedes, onde cada convidado pode arrendar uma cama ou beliche, num dormitório partilhado. Nestes locais ela pôde pagar mais barato, conhecer mais pessoas e aumentar a possibilidade de conhecer lugares, já que se hospedava em quartos coletivos. Com isso as trocas de informações, lugares de lazer e passeios eram mais amplas. Sobre o livro, Gabriela expõe ali sentimentos a respeito das situações que já viveu. “A gordofobia está em todo lugar. Na catraca do ônibus, no tamanho da poltrona do avião, nos olhares das pessoas enquanto uma gorda caminha na rua, na acusação de preguiçosa ou da incapacidade de cuidar do corpo”, diz Gabriela.
 
Poder transferir a experiência de viajar para os filhos

Debora Galva, também correspondente do Bitonga Travel, viajou por 18 países e 55 cidades. Sempre viaja com suas duas filhas. É mãe solteira há 12 anos e acredita que o gosto em viajar é dos maiores bens que deixará para suas filhas. Ela encontrou o verdadeiro sentido em viajar após refletir que não seria feliz trabalhando e vivendo sempre no mesmo lugar. Deixou casa e trabalho para viver o sonho de viajar pelo mundo. Já foi para Ásia, Europa, América e tem um projeto para ir a outros lugares. Sempre com as filhas. “Quero transmitir essa mensagem a muitas mulheres que vivem escravizadas emocionalmente, achando que pelo fato de ter filhos não podem viver esse sonho”.

 A idealizadora da Bitonga Travel, Rebeca Alethéia, diz que assim como essas histórias reais, o coletivo convida as mulheres a pegar sua mala ou mochila e viajar, venha só, acompanhada, com as amigas  com as familiares, filhas, companheiras. “Vamos juntas, Mulheres Negras, viajar e mostrar que VIAJAR É UMA NECESSIDADE e nosso objetivo é encorajá-las a se permitir”.

 
Próximos destinos do Bitonga Travel já estão definidos

Paconte Galanga Chico Rei em Outro Preto – Entre os dias 18 e 20 de abril de 2019 onde o grupo conhecerá de perto a história do mítico Chico Rei, o ex-escravo que comprou a própria liberdade e se transformou em dono de mina de ouro. A realização é da Brafika.

De 19 a 23 de junho de 2019 haverá a  “Vivência no Quilombo”, uma viagem imersiva para o Quilombo do Remanso, em Lençóis, na Bahia. Rodas de conversa, oficinas, trilhas, passeios de barco e festas estão inclusas no roteiro. uma viagem imersiva para o Quilombo do Remanso, em Lençóis, na Bahia. Rodas de conversa, oficinas, trilhas, passeios de barco e festas estão inclusas no roteiro. Realização -Plana Turismo 

 

Para encontrar as mulheres do Bitonga Travel, acesse:.

Luana Moura – (@pretinhospelomundo)

Claudiane Santana (@claudiane_santana)

Rosângela Marques(@rosangela_silva1964)

Gabriela Rocha (@gabyannanegragorda)

Debora Galva (@chancleteandocondeborah1)

Bitongatravel.com

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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