Com a presente reportagem, inaugura-se uma parceria entre o JE e o sul do país. A parceria foi realizada para que esta sessão seja um permanente divulgador da Cultura Afro-gaúcha. O mito da democracia racial reina ainda hoje no nosso país e traz de rastro a invisibilidade dos afrodescendentes. E esta realidade se torna mais potente nos estados meridionais. Criando no imaginário do resto do Brasil, a inexistência dos negros.
No Rio Grande do Sul, devido à imigração Ítalo-Germanica e a mídia que reforça a nossa total invisibilidade, nossa história não é reconhecida ou valorizada. Devido a isto, tornou-se necessário um espaço como este para mostrar a presença negra sulina.
Esta espaço é reservado para as atividades negras que ocorrem no sul do País, ou melhor , eu, Perla Santos , a convite do Anderson recebi a responsabilidade de escrever matérias neste espaço visando dar visibilidade ao povo negro do Rio Grande do Sul, os Afro-gaúchos, porque nós negros existimos e resistimos e lutamos para enegrecer nosso estado. E também mostrar para o resto do Brasil que apesar da imigração Italo-germanica, existe uma história afro -sulina. Nós, negros-gaúchos, comumente, quando saímos do Rio Grande, e falamos nosso estado de origem, causamos espanto, pois ninguém acredita, falas do tipo: eu não sabia que existiam negros no Rio Grande tornam-se comuns. Para mostrarmos o nosso movimento black que estamos aqui!
Todos nós sabemos, que passamos por tempos difíceis, de intolerância e retrocessos, com muitos distúrbios sociais nos chocando a cada dia. Mas ainda há espaços de resistência, no qual, os que lutam por dias melhores se encontram. E os momentos promovidos por esses encontros são bálsamos para nossa alma e acalento para o espírito. Um encontro com este ocorreu no Museu Júlio de Castilhos, na capital gaúcha. No dia 12/10, dia das Crianças, foi promovido pelo referido local, uma tarde de atividades afrocentradas. A equipe de profissionais da Instituição formada pelo Analista em Assuntos Culturais e historiador Fabio Sosa, juntamente com Gabriel Costa, que ocupa a mesma função e Cinara Vargas, estagiaria convidaram o professor Manuel José Àvila da Silva para atividades de Ciranda e Mancala e integrantes do projeto Meninas Crespas que apresentaram Músicas de Trabalho, Ciranda e contos africanos. A atividade era para crianças e seus pais e foi emocionante ver pais e filhos num momento singular de aprendizagem, carinho e respeito. Iniciou-se com uma Roda de Benção, ministrada pelo docente Manuel e neste momento, os presentes saudaram a ESù e toda orixalidade, como também, os ancestrais, seus pais e avós. Os mais velhos da roda também foram saudados: como o Mestre Cica de Oyó- que estava presente.
Uma tarde enegrecida, que o povo negro ocupou o museu e mostrou que ali também é lugar de cultura Afro. Quebrando com o silêncio e a formadidade, por vezes fria dos Museus: as danças, cantos, rodas e pés descalços alegraram o espaço. E na hora de jogar Mancala, todos sentaram no chão e jogaram, relembrando a importância do contato com o chão. Depois ocorreram as danças e a apresentação de contos africanos.