Na noite de sábado para domingo, 15/04, morreu a Raquel Trindade, a escritora, artista plástica, folclorista, dançarina e uma das maiores representações da cultura regional e do Brasil.
A despedida
A talentosa e premiada artista deixa família com filhos (as), sobrinhos (as), e netos(as). Além de ser Yalorixá do Candomblé, jogou Búzios. Professora, dançarina, curadora de teatro, artista plástica, escritora e folclorista.
Falamos com sua filha Dada Trindade: “Ela (Raquel trindade) era folclorista pintora e ativista. Em 1945 ela viajou com meu avô Solano Trindade pela Europa com o grupo Teatro Popular Brasileiro. E ela teve um grupo chamado Teatro Popular Solano Trindade”, continua: “O velório vai ser lá hoje e amanhã tem cortejo com maracatu. Todo mundo tem que ir de branco. “Cortejo de Maracatu”. Tem que ir de branco por causa do axê.” “Ela deu aula na Unicamp de cultura brasileira e sincretismo religioso”
Dadá informou ao JE que o cortejo sairá as 15h de Embu das Artes, do Teatro Popular Solano Trindade, da Av. São João 100, bairro Jardim Sílvia de São Paulo, dia 16/04.
A vida e Obra…
Raquel tinha 81 anos e deixou longa obra artística para um país que teme perder cada dia mais direitos. Sempre que um governo desposta entra no poder ele acaba sempre com arte e cultura. Por isso, se torna tão importante manter acessa a chama de Raquel que teve três filhos e nove netos. Sempre teve orgulho de ser negra mesmo sabendo que sofria preconceito por ser mulher, negra, nordestina e de religião de matriz africana. Sempre lutou para que os negros (as) tivessem autoestima e que brancos parassem as ações discriminatórias. E sobre brancos ela sempre disse que não podia generalizar, pois nem todos são racistas. No seu grupo de trabalho e na sua família tinha brancos – um neto “japonegro” e uma neta “afro germânica”.
Raquel sempre foi além de artista e lutou pelos vulneráveis, ensinamentos que vem de um pai que era comunista, o Solano Trindade. Com o pai aprendeu a importância da luta e da arte. Tanto que cuidou desde sempre do teatro que leva o nome do pai.
Raquel falava da importância do papel da mulher ao lado do homem e não rivalizando com ele, mas repudiava qualquer forma de submissão fermina. A mulher deve ser respeitada. Admirava lideres comunitárias e aquelas mulheres que sozinhas cuidam de seus filhos(as). Achava elas heroínas. Ficava feliz em ver mulheres ocupando todos os setores da sociedade.
Raquel teve três livros publicados, um deles sobre a Cidade de Embu das Artes, aonde chegou do nordeste na década de 60. Um local onde ela sempre dizia que existem inúmeras mulheres fazendo arte e política, sendo líderes de religiões e mostrando seu valor e força. Seu pai dizia que Embu era um Oasis e não sairia dali nunca.
Sua sobrinha a Katia trindade falou com o EMPODERADO:
“Raquel Trindade, a matriarca da família Trindade, filha do poeta Negro Solano Trindade, meu avô, foi pra mim uma referência e um exemplo de luta, consciência e amor pela cultura negra!
Raquel Trindade retorna Orun com o respeito e admiração de todos que a conheceram ou conheceram de algum modo seu trabalho!!
O que fica é seu legado, conhecimento ancestral, livros, pesquisas, xilogravuras, palestras, pesquisas, amigos, posicionamento político, danças, cultura popular, conselhos e o seu amor pela família.
Para mim resta a honra e a alegria de ter feito parte da sua vida mostrando como essa Griot foi importante na história do povo negro e na minha formação como mulher negra e militante!
Esse é o legado de Raquel, trazer a nós negros em especial as mulheres negras que antes de tudo sejamos conscientes de quem somos!!
“Pesquisar na fonte de origem e devolver a povo em forma de arte”- Solano Trindade””
O Jornal Empoderado visitou recentemente a Agência Solano Trindade no evento do Versus e Versus e fica nítido a influência da Família Trindade e seu legado. Obrigado por nos trazer um mundo melhor, Raquel Trindade!
Raquel e Katia Trindade
O Jornal Empoderado visitou recentemente a Agencia Solano Trindade no evento do Versus e Versus e fica nítido a influencia da Família Trindade e seu legado. Obrigado por nos trazer um mundo melhor, Raquel Trindade!