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Primeiro romance da escritora paulistana Erika Balbino, ‘O Osso: Poder e Permissão’

Obra que foi lançada em 28 de novembro de 2017. E é um romance de ‘ficção-realidade’, captando pontos da vida na metrópole por meio de personagens fictícios e outros que a autora admira. Trata-se da vida retratada, de fato, na ficção.

A autora estreou na literatura em 2014, pela Editora Peirópolis, com “Num Tronco de Iroko Vi a Iúna Cantar”, título voltado ao público infanto-juvenil com 3 mil exemplares esgotados.

Com prefácio do rapper GOG, apresentação do escritor, tradutor e professor José Arrabal e fotos de Gal Oppido, a nova obra de Erika Balbino chega ao mercado pela Editora Cosmos.

Prefácio declamado por GOG:  https://soundcloud.com/user-212479830/prefacio-do-livro-osso-poder-e-permissao-de-erika-balbino-editora-cosmos

 

 

 

O OSSO: PODER E PERMISSÃO

 “Periferia é periferia em qualquer lugar…

Essa frase, que muitos a atribuem aos meus irmãos dos Racionais Mcs, está eternizada no disco “Dia a Dia da Periferia”, gravado em 1993 e de minha autoria. A música em que ela aparece é bastante conhecida, “Brasília Periferia”.

A escritora Erika Balbino confirma que a frase é realidade, pois seu livro, “O Osso – Permissão e Poder”, leva moradores e admiradores a conhecer um pouco mais sobre as gambiarras do cotidiano das comunidades periféricas da Zona Sul da capital paulista, retratando, fielmente, o cotidiano das regiões periféricas do Distrito Federal  e do Brasil.

Obra de ficção? Mera coincidência?

Assistir a si mesmo: milagre da consciência…”. – o Rapper GOG, no prefácio  de O Osso: Poder e Permissão

 

“Painel que no romance se expressa como microcosmo da urbanidade brasileira socialmente desigual e excludente, cuja mobilidade histórica é osso duro de roer, sendo mobilidade no mais das vezes contida pelo poder dos setores dominantes da sociedade, mobilidade que, se existe, acontece como permissão controlada.” – o escritor e professor José Arrabal, na introdução

 

 

São Paulo serve como palco de contradições e junções pouco óbvias. Cidade protagonista de si mesma. Captar as suas posturas sociais, políticas e culturais é um exercício constante realizado pela autora. Colocar em evidência o que está à sombra e à margem é o que motivou Erika Balbino a se debruçar nos personagens expostos, e relatar, a seu modo, o efeito que a metrópole, mesmo quando em silêncio, exerce sobre seus cidadãos. “O Osso: Poder e Permissão”, segundo livro da escritora paulistana, da Editora Cosmos, com lançamento em 28 de novembro, às 19h, na Livraria Martins Fontes, foi escrito em 2006, ano em que ela padeceu de insônia crônica e se deu ao hábito de colocar no papel impressões de suas andanças pela capital, seja como capoeirista, seja como profissional da área de comunicação. A autora estreou na literatura em 2014, pela Editora Peirópolis, com “Num Tronco de Iroko Vi a Iúna Cantar”, título voltado ao público infanto-juvenil com 3 mil exemplares esgotados.

Nesta nova obra, com prefácio do rapper GOG, apresentação do escritor, tradutor e professor José Arrabal e fotos de Gal Oppido, “O Osso: Poder e Permissão” é uma grande crônica com capítulos curtos que costuram as andanças e pensamentos de personagens da fictícia favela do Canhão, no extremo sul de São Paulo. Nos itinerários e nas travessias do livro, um cenário de relações em transporte público, corporações, rodas de capoeira e territórios sagrados.

Só agora compartilhado, o tempo manteve a habilidade de roteirista (de formação) que produz instantâneos fotográficos do tempo, a linguagem coloquial da narrativa convoca alegorias que vestem uma São Paulo como um microcosmo de luta pela sobrevivência: os botecos, pontos de encontros de desvios da solidão e da vida “osso duro de roer”; as igrejas neopentecostais e seus pastores, os terreiros de umbanda, os arranha-céus neoliberais e prepotentes e os casarões de famílias quatrocentonas bandeirantes, cortando a paisagem natural da capital caipira, de quadras de futebol improvisadas, as rodas de capoeira e suas palmas clamando por espaço em uma urbe que renega, desde a sua modernização, a herança e contribuição negra e indígena da pauliceia, receptáculos de sonhos nas passarelas do samba e nas suas quadras aquebrantadas, incrustadas debaixo de viadutos, os muros pichados e grafitados que marcam território e vislumbram potências estéticas de signos, as viagens diárias no aperto do Metropolitano, a apropriação de território, o hedonismo da noite, um homem cansado e sua fiel cadela. 

Moradora desde a infância do Bosque da Saúde (bairro da Zona Sul), a escritora transcreve os acontecimentos narrativos com situações trágicas, cômicas, perversas e afetivas. Numa trama de pontuações duras, as histórias – aparentemente independentes no tempo e no espaço – traçam percursos próprios para se encontrarem numa viela que sinaliza um triplo impasse: a sujeição produzida pela miséria – material e espiritual –, a redenção como projeto de uma vida outra –, a insurreição do grito de alerta, da insurgência. A metáfora do ato de costurar tramas não é gratuita. Filha de mãe costureira, Erika capta a essência do significado de texto, que, nas línguas de origem latina, serve para designar, também, tecido: a trama e a urdidura, como no trabalho de Penélope: o esquecer e o lembrar, a origem e a condição que constroem identidades, signos, gestos, levantes, poesias, cânticos e questionamentos.

Mostrando o avesso deste tecido – o poder e a permissão –, que não deixa de ser tecido, a fragilidade humana e sua capacidade de resiliência se interpõem a qualquer possibilidade de um juízo moral antecipado, a dor e a alegria não são apenas escolhas da alma humana, mas um tênue fio que a qualquer momento pode ser interrompido por um sistema opressor, por um amor mal fadado, por uma sina da vida que não cessa de impor escolhas e decisões, por um simples trem do metrô que se atrasa.

Como num jogo de pergunta e resposta, os segundos sinalizam a cadência entre vida e morte – entre esquivas e negaças do jogo da capoeira, uma paixão da autora – para que lembremos as palavras do sermão do padre Antônio Vieira, como se fosse uma ladainha – que ilumina o meio do romance: “Se já somos pó, qual a diferença existente entre vivos e mortos? Os vivos são o pó levantado pelo vento, os mortos são o pó caído. (…) Nas Escrituras, levantar é viver, cair é morrer“. O osso é gíria, mas pode ser compreendida, na totalidade do romance, como um pedaço ínfimo da complexa arquitetura de um corpo (social), uma não máscara, quando retiramos a maciez confortável da aparência, a carne, e decidimos com lucidez e certa desconfiança entre o poder ou a permissão por meio de nosso instinto homem social.

 

FICHA TÉCNICA

Título: O Osso: Poder e Permissão.

Autor: Erika Balbino

Fotos: Gal Oppido

Prefácio: GOG

Apresentação: José Arrabal

Editora: Editora Cosmos

Páginas: 252 páginas

Formato: 13 x 19 cm

ISBN : 978-85-68800-11-9

Preço: R$ 49,00

 

Lançamento:

28 de novembro, das 19h às 22h

Livraria Martins Fontes – avenida Paulista, 509

 

 

SOBRE ERIKA BALBINO

Paulistana do bairro Bosque da Saúde, formou-se em Cinema com especialização em Roteiro na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e é pós-graduada em Mídia, Informação e Cultura pelo Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (Celacc), da Universidade de São Paulo (USP). Além de seu envolvimento com a cultura afro-brasileira, é uma apaixonada por capoeira, prática que permeou sua vida por quinze anos. Desde 2006, desenvolve projeto de pesquisa sobre essa prática na capital paulista. É autora do infanto-juvenil “Num Tronco de Iroko Vi a Iúna Cantar“, lançado em 2014 pela Editora Peirópolis.

 

 

Editora Cosmos

 

A Editora Cosmos surgiu em 2014, reunindo as experiências de duas décadas dos irmãos Reis — Reinaldo e Sérgio — no mercado editorial brasileiro. 

Desde então, a editora já publicou oito títulos, entre eles romance, biografia, literatura infanto-juvenil, política e cultura popular. 

O nome da editora traz uma homenagem a Seu Cosmo, pai dos editores, e também projeta o futuro com a ideia de pesquisa e valorização do conhecimento.

A Cosmos partiu do princípio de publicar obras que tragam ao público leitor uma herança da memória, dos costumes, experiências, trajetórias e modo de vida de sujeitos que sempre nos brindam com algum ensinamento para melhorar nossa sociedade.

O primeiro livro, a biografia do Seu Cosmo, eternizou em palavras sua passagem pela Terra. A partir daí, passaram a publicar títulos que também remetem a memórias afetivas. 

Em três anos já experimentaram diversidade em projetos distintos e complementares: um livro que reúne mensagens de uma profetisa residente em São Paulo (dona Conceição foi homenageada depois num documentário, junto de outras profetisas); um livro sobre capoeira brasileira que atravessou o oceano, do mestre Cacá; uma linda versão de O Pequeno Príncipe; e a sensibilidade de Miruna Genoino, retratando acontecimentos políticos que acometeram o Brasil e sua família nos últimos anos.

Este livro da Miruna foi notícia antes de ser lançado, pois contou com esplêndida campanha de arrecadação via internet e, depois de pronto, foi lançado em dezenas de cidades, com presença de centenas de pessoas e repercussão surpreendente.

A Cosmos pretende se especializar em sua proposta humanista e conta com vocês, leitores, autores e parceiros que valorizam a vida. www.facebook.com/editoracosmos

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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