O Supremo Tribunal de Justiça Desportiva da Confederação Brasileira de Futebol puniu na tarde dessa terça-feira 14 de novembro o goleiro Rodolfo do Oeste de Barueri por injúria racial na partida entre América-MG e Oeste, jogado no Estádio Independência dia 01/10 e vencido pelo time de paulista.
Após receber a denúncia e ouvir as partes, o STJD puniu o atleta Rodolfo, goleiro do Oeste por cinco jogos de suspensão e multa de R$5 mil. A agremiação foi absolvida e o zagueiro Messias foi advertido pelo que se chamou de “conduta contrária a disciplina”.
ENTENDA O CASO:
Na partida realizada entre América de Minas e Oeste de Barueri o zagueiro Messias do América ficou furioso após um lance com o goleiro Rodolfo, do Oeste onde teria sido chamado de macaco. O zagueiro indignado acionou a Polícia Militar e prestou depoimento a Central de Flagrantes (Ceflan), juntamente com o goleiro Rodolfo.
Após o depoimento, Rodolfo pagou fiança de R42 mil e foi liberado. O fato curioso nessa confusão é que ambos os atletas (Rodolfo – o acusado e Messias – o acusador) são negros.Rodolfo negou o ocorrido a Polícia, mas no julgamento do STJD o atleta Rafael Lima do América confirmou a ofensa. Os atletas do Oeste não prestaram depoimento pois segundo o seu presidente “estavam em preleção” com o técnico. O Oeste joga hoje a noite contra o Internacional.
https://www.youtube.com/watch?v=tm8_57iIPRQ
Nesse caso a Injúria Racial se caracteriza quando as ofensas de conteúdo discriminatório são empregadas a pessoa ou pessoas determinadas, procurando segregar a pessoa por sua cor, religião, ofendendo-a. A condenação na esfera esportiva pode complicar Rodolfo na esfera criminal
OPINIÃO – por Anderson Moraes
Já ouviu falar da teoria do espelho?
O negro(a) que não se reconhece como preto(a), vai oprimir seu igual.
Podemos ir lá atrás quando os africanos(as) chegaram no Brasil é que eram todos como não gente e sim como simples ferramenta e com a miscigenação e o clareamento de pele estas novas “ferramentas” acabavam ganhando um certo status perante seu irmão(a) mais escuro(a) – Os que iam trabalhar na casa Grande e acabavam recebendo vantagens também – Sendo assim, quem chegava do continente Africano era chamado de boçal era aquele que merecia ser menosprezado até pelos negros que aqui já estavam em outra condição. Existia uma diferenciação de tratamento que veio a ser chamado de compadrio. Ou seja, ter um padrinho mais claro era motivo de ascensão social. Então o negro que humilhava o outro estaria “apenas” tentando sobreviver(Cultura de sobrevivência). E permanece infelizmente ate hoje até involuntariamente. São heranças e arquétipos que carregamos e são reproduzidos até hoje.
O que ocorreu no caso do “jogador” merece um cuidado e uma atenção redobrada. Seria o caso de convida-lo a conhecer melhor sua história para que saiba lidar melhor com o outro(irmão).
Um outro ponto seria que o grande problema de normatizar a piada racista ou transforma-la em brincadeira do dia a dia, é cairmos na armadilha imposta pelo sistema e sem saber, ingenuamente ou maldosamente, repetimos o preconceito sem nos darmos conta que estamos sendo apenas um transmissor que ecoa uma voz que ilegitimamente que não fomos nós os criadores desta fala e que nos traz tristeza, como chamar alguém de macaco.
Por fim, seja por herança errônea, complexo, Auto Defesa, desconhecimento ou maldade, devemos conhecer nossa história para não repetirmos aquilo que nos traz tristeza e mágoa.
Como diz a letra:”Não seja um robozinho do sistema”!
Uma resposta
Triste e lamentável; o racismo é uma atitude degradante, que fere a moral de quem é ofendido e mancha a imagem do agressor, mas o que não se pode aceitar, é a injúria racista entre iguais, entre irmão, esta é a pior das situações. Parabéns Marcelo Pela matéria; parabéns Anderson pela aula de história dada na expressão da sua opinião.