A elitização do futebol brasileiro acabou de fato com o torcedor que sempre geriu os times na sua história, o torcedor da geral e arquibancada. Pagando 10, 20 Reais por jogo ele sempre comparecia em qualquer circunstância, contribuindo para o seu time.
Quando questiono sobre o assunto, muitos me falam que é o progresso das arenas, que “infelizmente” com o custo dos novos estádios não existem formas para o ingresso ser barato, que apenas o sócio torcedor pode fazer isso.
Os próprios clubes apregoam isso para os seus fãs. Alexandre Kalil e Paulo Nobre, ex-presidentes do Atlético-MG e Palmeiras, respectivamente, foram categóricos com um pensamento uníssono de que o futebol não é para o povo e sim para quem tem dinheiro, pois o mercado exige o lucro, as receitas.
Existem exemplos vitoriosos como a Academia do Povo, no Internacional de Porto Alegre, que conseguiu dois mil lugares com ingressos a 10 Reais. Ou ainda o América-MG que tem setores populares, onde o ingresso varia de 5 a 20 Reais, além de vários times do Nordeste nessa mesma metodologia.
Na capital paulista um time que sempre teve um ar de “elitista” mudou a sua visão. O São Paulo está lotando em praticamente todos os seus jogos no Morumbi com setores aonde o valor chega a 20 Reais, uma atitude que foi pensada por muito tempo após perceberem uma coisa que, para mim, é meio óbvia: de que “ganhos esportivos + ganhos financeiros” podem encontrar um equilíbrio favorável.
Não tenho a menor dúvida de que sempre há espaço para os torcedores de setores populares em estádios, arenas ou adjacências. Basta apenas ter vontade e querer, de fato, que isso aconteça. E não acho errado pensar na sua receita, mas é vital que também se pense em angariar mais adeptos para conquistar esse lucro.