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180 dias de terror em Paraisópolis

Por Anderson Moraes e Juca Guimarães

Crianças de todas as idades não conseguem ir para a escola ou participar de atividades culturais ou esportivas nas ONGs de Paraisópolis, na zona Sul da capital paulista, por conta da brutalidade policial na região. De acordo com moradores e líderes comunitários, há seis meses o terror imposto pela Polícia Militar nas operações que acontecem de quarta a domingo, viram a madrugada até a manhã do dia seguinte. 

São dezenas de policiais militares que fazem tocaias escondidos em vielas, agridem moradores, invadem casas e estabelecimentos de forma brutal e destruindo propriedade particular.

“Não é possível que o único diálogo que o Estado queira manter com a comunidade seja a violência repressora. A população reforça o interesse na atividade policial, pois acredita que a segurança pública seja um direito, no entanto, sem retirar o direito à escola, aos atendimentos de saúde e ao lazer”, aponta um trecho da denúncia feita por meio de carta aberta, assinada por moradores, entidades da sociedade civil, ONGs e ativistas dos Direitos Humanos.

Além da extrema violência, comprovada em trechos de vídeos gravados, legalmente, por moradores com o intuito de preservar a própria segurança e de seus vizinhos, essas operações policiais alteram todo o cotidiano da favela há pelo menos 180 dias.

“Que as abordagens sejam realizadas a partir de justificativas coerentes, com mandatos judiciais. Mulheres, crianças e idosos, não podem mais ser surpreendidos com a presença policial nos lares, sem que haja justificativa legal para tanto”, diz um outro trecho da carta denúncia.

O jornal Empoderado recebeu vídeos gravados durante essas operações em Paraisópolis que mostram policiais agredindo mulheres com o cano da metralhadora, derrubando motos na rua e cadeiras dentro de estabelecimentos comerciais.

As lideranças da favela de Paraisópolis, onde vivem mais de 50 mil famílias, estão organizando uma série de ações para levar as denúncias de brutalidade policial, que se tornam cada vez mais recorrentes. 

Segundo um líder comunitário, que aceitou falar com o jornal Empoderado sob a garantia de anonimato, a Ouvidoria das Polícias, órgão independente do governo Estadual que recebe denúncias e reclamações sobre a ação dos departamentos de Segurança Pública, e o Condepe ( Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana do Estado de São Paulo) já foram informados sobre o que está acontecendo com os moradores de Paraisópolis.

Uma parte significativa dos casos de brutalidade policial em Paraisópolis é atribuída às ações de policiais militares do 16º batalhão, que tem como área de atuação os bairros do Morumbi, João XXIII, Paraisópolis, Campo Limpo e Vila Andrade.

Toda última quinta-feira do mês, num hipermercado na Marginal Pinheiros, acontece a reunião do Conseg, conselho de segurança da região, para avaliar questões sobre a segurança nos bairros. Na reunião mais recente, cerca de vinte moradores da favela foram ao encontro para pedir providências sobre os casos de abuso da polícia e as motivações das operações diárias de repressão.

Estavam na reunião um sargento da PM, um delegado da Polícia Civil, o presidente do Conselho e outros moradores da região. 

“Na reunião do Conseg, os moradores de Paraisópolis questionaram quais seriam as justificativas para essa violência toda. Se tinham sido feitas prisões importantes, grandes apreensões de entorpecentes, encontrado pessoas foragidas da Justiça ou algo assim, mas não deram nada de concreto. Nenhuma explicação”, disse um dos líderes comunitários de Paraisópolis.

Cláudio Silva, conhecido como Claudinho, é ouvidor das polícias de São Paulo

Outro lado

Entramos em contato com a Secretária de Segurança Pública de SP (SSP) e recebemos como resposta que estão ainda apurando. Antes tinham falado “não é possível levantar as informações sem os detalhes da ocorrência”. Nota: a matéria foi baseada em denuncias de moradores (as) que enviaram fotos, relatos e vídeos. E assim que a SSP nos enviar seu posicionamento colocaremos na matéria.

NOTA

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