Assim como a marcha de Selma a Montgomery, a marcha da consciência negra fala muito o que somos e literalmente para onde iremos.
Hoje temos muitas marchas, cada uma dialoga com uma necessidade do povo negro. A marcha das mães de maio para que o filho negro não lhe seja tirado pela violência policial, a marcha de Sergio Vaz e de toda Cooperifa que transforma um bar em uma comunhão de poesia e empoderamento, a marcha do manifesto crespo contra o preconceito que cabelo crespo é ruim, ensinando manos e manas o orgulho de seu Black Power e a amarem o seu corpo negro…
No YouTube canais como o do PH Côrtes, Afros e Afins e Monique (Neggata), marcham por direito, representatividade por mais conscientização e assim fazer chegar a voz para mais irmãos e irmãs. A cada marcha, a cada passo dado, fortalecemos a luta do povo negro, assim como meu amigo Cavanha da Rede Quilombação, que no dia 20 marcha contra o racismo e para que a democracia chegue à periferia.
Feiras e eventos tratam de empreendedorismo do povo negro e como as empresas estão lidando com a diversidade no ambiente de trabalho. O que os empresários estão fazendo? Estão aceitando as diferenças? Algumas empresas ainda torcem o nariz para irmãs e irmãos (funcionários) que usam cabelos estilo Black Power, trançados e Crespos. Muitas mulheres negras ainda lutam para serem respeitadas em seus lares e ambientes de trabalho.
A marcha tende a ser bandeira também contra o genocídio de jovens negros e principalmente que sejam mantidas as políticas publicas que são direitos adquiridos por anos de lutas que estão ameaçados diariamente (como o possível fim da SMPIR-Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial).
A Marcha é também um recado para aqueles que quando vêem negros com cabelos trançados, calças largas, gingados e trejeitos, utilizam de argumentações racistas e os taxam de “maloqueiros” e “aqueles ali”, não respeitando sua identidade.
Outro fator que se deve a discriminação, é para com quem vive em periferia; morar em comunidade não pode ser fator de vergonha e sim de alegria e representatividade, pois quando aqui acabou a escravidão (se é que acabou), os negros foram jogados em favelas sem serem perguntados se ali queriam ficar, mas como bons guerreiros, fizeram de seus morros e favelas um lugar para se orgulhar, mesmo com todos problemas e distanciamento de políticas publicas.
Dr. King trabalhou exaustivamente para o fim da discriminação racial sem uso de meios violentos e ecoou seu mantra sobre seu sonho de igualdade. Hoje lutamos para que este sonho seja realizado e que nas palavras do reverendo possamos gritar: “Graças a Deus Todo Poderoso, somos livres, finalmente.”
Só por isto já é motivo suficiente para marchamos juntos em prol das bandeiras de representatividade, legitimidade, identidade, visibilidade e respeito para o povo preto.