No Brasil existem muitos movimentos comunitários que nascem pela necessidade de enfrentamento dos problemas da população mais esquecida pela sociedade. Uma luta feita por homens e mulheres que se organizam buscando melhor condições de vida para seu povo. Nada se constrói sozinho, e é no coletivo surge muitas vezes a força necessária para enfrentar os verdadeiros problemas. Hoje entrevistamos Fabiano Negreiros, que é líder comunitário e nos conta sobre União de Vilas da Grande Cruzeiro, os problemas e a luta dos moradores desta comunidade. Uma organização comunitária que está fazendo um importante trabalho neste bairro de periferia de Porto Alegre, distribuindo cestas básicas com alimentos e materiais de limpeza às famílias mais necessitadas. Bem como realizando diversas outras ações, buscando o fortalecimento dos núcleos das lideranças locais.
Empoderado – Quem é Fabiano Negreiro?
Sou militante do movimento comunitário da Grande Cruzeiro. Território onde nasci e cresci. Quanto a minha formação sou advogado e faço doutorado em ciência política na UFRGS. Tendo em vista o aprofundamento das dificuldades nas comunidades devido à pandemia, o movimento comunitário vem fazendo um trabalho importante tanto na questão de doação de alimentos quanto nas ações de natureza educativa sobre a necessidade de cuidados para diminuir a disseminação do coronavírus.
Empoderado – Como é a sua comunidade, quais os problemas que enfrentam?
As imensas dificuldades econômicas nos territórios, combinado com a omissão do poder público têm como consequência um aumento significativo das dificuldades das famílias de se alimentarem. Por isso, o trabalho das várias entidades do território adquiriu uma importância muito grande. Cabe destacar que essas iniciativas do movimento comunitário de forma alguma se confundem com os deveres do poder público que deveria trabalhar incansavelmente pela segurança alimentar e medidas educativas nas periferias, mas não é o que acontece.
Empoderado – Quais são as maiores demandas e que tipo de ações são realizadas?
Estamos trabalhando na questão educativa também, com iniciativas culturais dentro de um projeto que envolve entidades do território. São várias abordagens que vêm sendo construídas, como uma música produzida pelo grupo de hip hop Alcatéia que busca conscientizar as pessoas acerca da necessidade de cuidados em relação à pandemia como também chama a atenção para uma avaliação do comportamento do Estado.
Em breve faremos um grande lançamento do clipe dessa música. Também está sendo construída uma peça de teatro com temática semelhante, bem como muros que serão grafitados. Também estamos construindo um curso de brigadas de agentes populares de saúde que visa qualificar lideranças e militantes comunitários no sentido de atuar na conscientização das comunidades em relação às medidas necessárias para minimizar a disseminação do coronavírus.
Empoderado – Qual a importância dos movimentos comunitários? Onde você acha que o poder público está falhando?
Em um cenário de tamanhos desafios para a periferia, o movimento comunitário adquire ainda mais importância por conta de sua atuação que busca auxiliar as famílias de alguma maneira, embora tenha imensas limitações. Entretanto, é importante sempre lembrar que o seu papel não pode ser confundido com o do poder público que deveria atuar fortemente para amenizar as dificuldades dos territórios.
Não menos importante é a preocupação que temos na organização do movimento comunitário como uma condição para pensarmos a médio e longo prazo as lutas pelas melhorias das comunidades.
Empoderado – Existem ações de parcerias entre as lideranças de outros territórios?
Nesse sentido, há uma busca pelo fortalecimento dos núcleos das lideranças locais em cada comunidade. Acredito que um dos grandes desafios do movimento comunitário é o fortalecimento da unidade entre os territórios. Assim, possibilitando um acúmulo de forças ainda maior que contribua para o seu empoderamento na luta pelos seus direitos.
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