Conheça o novo protocolo apresentado em congresso que aumenta chances de gravidez em mulheres acima de 40 e baixa reserva ovariana
Mulheres que tiveram falhas em várias tentativas de tratamentos de fertilização in vitro (FIV) se enquadram na categoria de más respondedoras.
Para o ginecologista e especialista em reprodução humana, Arnaldo Cambiaghi, diretor do centro de reprodução humana do Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (IPGO), pacientes com risco de má resposta devem ser identificadas pelos médicos antes de iniciar um ciclo de FIV.
“O IPGO usa testes de reserva ovariana para avaliar a resposta esperada aos medicamentos estimulantes”, afirma.
Para a avaliação são recomendados os seguintes exames:
- Exames de sangue no dia 3 do ciclo para avaliação do FSH, LH e Estradiol;
- Contagem de folículos antrais por ultrassom.
Esses testes identificarão a maioria das pacientes más respondedoras antes que comecem o tratamento de FIV, permitindo uma oportunidade de fazer algo para melhorar a resposta (resultado).
“A definição de uma má respondedora é variável, mas a ideia básica é que são pacientes que respondem com poucos óvulos maduros aos protocolos habituais de estimulação ovariana”, admite Cambiaghi.
E isso resulta em menor número de embriões e uma chance menor de se ter um bebê
“Portanto, se pudéssemos chegar a um tratamento que ajudasse as más respondedoras a produzir mais óvulos e de melhor qualidade, ou ambos, seríamos capazes de melhorar positivamente a chance de se ter um bebê”, conta o médico.
Vários tipos de protocolos de suplementação têm sido usados para tentar melhorar os resultados para essas pacientes, e a maioria deles é estimulador das mitocôndrias.
As mitocôndrias
O estudo apresentado em outubro desse ano em Nova York explica um pouco disso tudo. As mitocôndrias são organelas situadas no citoplasma das células (fora do núcleo).
Elas desempenham um papel essencial na capacidade celular de produzir ATP (adenosina trifosfato), que é a unidade básica de energia utilizada pelo nosso corpo para manter as funções vitais.
Aproximadamente 90% de todas as energias do corpo são produzidas pelas mitocôndrias. Em algumas células, há apenas algumas mitocôndrias, enquanto em outras há milhares.
O conteúdo de DNA mitocondrial (mtDNA) dos óvulos é crucial para o resultado da fertilização e pode explicar alguns casos de falha de fertilização.
Vários tipos de protocolos de suplementação têm sido usados para estimular as mitocôndrias como a Coenzima Q10, o Resveratrol, a L-carnitina e o ácido alfalipoico. Outra possibilidade é o uso do hormônio do crescimento.
Como funciona o novo protocolo com hormônio de crescimento
“Vários estudos mostram taxas de sucesso de FIV significativamente melhores nas pacientes que adicionaram este hormônio ao tratamento de estimulação aumentando as chances de uma gravidez e onascimentode um bebê”, esclarece Cambiaghi.
Se o mecanismo pelo qual o hormônio de crescimento (GH) pode melhorar as taxas de sucesso da fertilização in vitro não está claro.
No entanto, com base em estudos em animais e humanos, tem sido demonstrado que este hormônio está envolvido na produção de hormônios esteroides no ovário e no desenvolvimento de folículos ovarianos.
O médico completa: “Outros estudos têm demonstrado taxas melhores de gravidez e nascidos vivos com FIV após a suplementação do hormônio do crescimento. No entanto, é importante deixar claro que não é um tratamento mágico, pois cada caso é um caso”.
Protocolos de aplicação do GH
Esquema curto: tradicional de aplicação do GH
Os protocolos são variáveis. As doses mais eficazes do hormônio do crescimento e a duração ainda não foram esclarecidas.
Até a atualidade, os estudos publicados utilizam doses entre 4mg – 24mg, administradas diariamente ou a cada dois dias, utilizadas durante os primeiros dias de estimulação ou para toda a fase de estimulação.
Alguns ensaios clínicos têm demonstrado a sua efetividade quando combinados a protocolos tradicionais de indução de ovulação em mulheres com reserva ovariana diminuída.
Isso porque melhoram a função ovariana e aumentam as taxas de gravidez, mas não aumentam a produção de óvulos.
O novo protocolo: esquema longo
Um novo protocolo pode oferecer melhores resultados: o Esquema Longo do GH. O hormônio GH é iniciado em uma fase precoce, antes da estimulação ovariana e incitando com antecipação as mitocôndrias dos óvulos.
Este protocolo baseia-se na ideia de que a maioria dos estudos até hoje publicados mostra que o protocolo curto, que aplica o GH exclusivamente no período concomitante à estimulação ovariana.
Ou seja: não é aplicado no período mais importante, quando os folículos ainda são pequenos e são mais receptivos aos efeitos proliferativos do IGF-1 (ovogênese e folículogênese).
Nesse novo protocolo, os pesquisadores colocam a hipótese de que ao iniciar o GH, pelo menos seis semanas antes do início da fertilização, a produção de óvulos poderia aumentar e melhorar ainda mais as chances de gravidez.
Serviço:
Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi – IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia)