Ano passado o mundo ficou chocado com as inúmeras pessoas que rompiam o silêncio e falavam de pessoas que sofreram assedio sexual praticado pelo ator Kelvin Space, da serie do Netflix: ‘House of Cards’; e de muitos filmes de sucesso como: Seven – Os Sete Crimes Capitais, de 1995, Beleza Americana, de 1999 e Quero Matar Meu Chefe, de 2011.
Um leitor do JE que vamos chamar de “Michel” ficou sensibilizado com o caso e nos enviou um relato pessoal:
“Woody Allen, notório e cultuado diretor, ator, e escritor cult, expõe sua perversa face, cujo parte de seu público insiste em encobrir. O diretor se posicionou no caso do produtor Harvey Weinstein, acusado de assédio e estupro por dezenas de atrizes.
O ator de 81 anos lamentou o caso no qual alegou que “não há vencedores”. Para ele “Tudo sobre o caso Harvey Weinstein é muito triste para todos os envolvidos. É trágico para as pobres mulheres e triste por Harvey, cuja vida ficou arruinada” e disse também “Você não vai querer entrar numa atmosfera de caça às bruxas, onde qualquer cara que pisca para um garota em seu escritório de repente tem que ligar para seu advogado para se defender”
O diretor que já foi acusado de abuso sexual pela filha adotiva Dylan Farrow. Evidencia a perversidade por trás da mente de um abusador doméstico, quando correlaciona um assédio que pode ser encarado como cantada com assédio sexual e estupro. O pior ele pode estar dentro da família, do trabalho, ou do transporte público. Nunca parecerá violento, a todo momento a vítima é questionado da convicção da agressão. Quebrar o silêncio e tornar conhecido o crime conhecido é um ato de muito coragem.
Poderia concluir o texto no último parágrafo, porém o incômodo com a declaração foi tamanha que decidi expor minha história, até a publicação desta matéria decidi manter minha publicação como Anônima, como disse cada passo para denunciar um agressor é um ato de coragem.
Sou homem, 26 anos, e há vinte anos atrás fui abusado, por uma parente de 14. Demorou muitos anos para entender que o aconteceu num quarto com porta trancada não foi brincadeira, os traumas com relação ao corpo e auto estima, começam a ser recuperados com terapia. Há pouco falado sobre abuso em homens, estudos afirmam que 1 em cada 6 meninos sofrerá abuso sexual até os 16 anos, o texto ainda afirma que “Por exemplo, quando o abuso é cometido por uma mulher, o trauma para o garoto é tão grande quanto se houvesse sido abusado por um homem, mas a sociedade vê isso como uma reprise do filme “A primeira noite de um homem”.” – diz a professora de enfermagem, Elizabeth Saweyc, da University of British Columbia.
É um processo de muito trabalho. Espero que esse texto seja mais um passo de coragem e possa ajudar não apenas a mim, mas a outros a quebrar o silêncio.”.