Diáspora é o termo é o termo utilizado para indicar o afastamento de um povo ou etnia de seu lugar de origem. O quadrinho “A herança Africana no Brasil” contribui de forma brilhante para expor o período mais hediondo do país. Publicada em 2015 pela editora Nemo, idealizado pelos autores Daniel Esteves, Wanderson de Souza e Wagner de Souza.
A obra é narrada através de uma conversa entre neta e avó em Salvador, a garota questiona por que as coisas eram diferentes na casa da avó, mais coloridas com música e tambores. a senhora explica que faz parte da identidade de sua descendência. Nesse ponto a primeira página termina com a garota fazendo uma pergunto cujo todo afrodescendentes já deve ter feito. E quem somos nós?
Daí em diante o quadrinho propõe contar histórias que ilustrem períodos da escravidão. A história de um africano que perdeu a família e foi raptado para o Brasil, a origem da capoeira, a liberdade através da alforria ou da fuga para os Quilombos.
Vale destacar que no terceiro capítulo a trama toma um caráter mais pessoal já que a avó conta sobre a história de seus antepassados, o capítulo é marcado com a perversidade em como raptavam afro-brasileiros livres para vende-los internamente; por causa das mudanças de outros país sobre a proibição escravidão.
O estupro de mulheres também é lembrado e como os senhores da casa grande tinham que se livrar das crianças fruto da violência. Já no último capítulo, a protagonista conclui a jornada de seus descendentes, aborda os impactos racistas, excludentes e hegemônicos usados pelo estado contra a população negra pós abolição, como as religiões de matriz africana influenciaram a música, dança e os costumes brasileiros, além de reforçar a importância da cultura africana.
Daniel Esteves além de ser um grande roteirista também é graduado em História, isso explica como a história do livro transitava bem entre o entretenimento e o didático, também vale elogiar o tratamento que Daniel dá para história, fugindo do ponto de vista eurocêntrico colonialista.
Acompanhando o roteirista estão o ilustrador Wanderson de Souza e o Colorista Wagner de Souza, a dupla é responsável pelos belos traços da hq, por induzir a um tom mais tenso em pontos mais sombrios e festivos em momentos mais leves, Wanderson consegue transportar expressões nos personagens como determinação ou perversão que são muito importantes já que as histórias são contos rápidos.
Não há um material no mercado que conte a história do período escravista que seja tão universal, a obra consegue ser para todas as idades, ser instrutivo e ao mesmo tempo agradável, só cuidado com o gostinho de banzo que o quadrinho deixa ao final da leitura.
Editora: Nemo
Autor: Daniel Esteves (Roteiro), Wagner de Souza (Ilustrador), Wanderson de Souza (Ilustrador).
Número de páginas: 64
Data de lançamento: Janeiro de 2015