Em 1517, o sacerdote católico Martinho Lutero deu início ao que hoje é históricamente conhecido por “Reforma Protestante”. O germânico religioso protestou contra várias práticas e negligências da Igreja Católica Apostólica Romana, a qual pertencia. Porém, percebemos que nada desde a venda de indulgências assim como sua famosa “Sola Scriptura” constam nas teses publicadas sobre o comércio de seres humanos africanos, iniciado neste mesmo período histórico. Lutero perdeu uma grande oportunidade uma vez que a Reforma Protestante desencadeou uma série de mudanças estruturais, políticas e sociais na Europa e consequentemente nos territórios conquistados, frutos de suas incursões colonialistas e capitalistas.
Haja vista que em vários países de população e confisão protestante a escravidão não tenha arrefecido, pelo contrário, até recrusdeceu-se por demais em virtude de uma visão mais “racionalista” e individualista do capitalismo. Individualismo que prejudica a coletividade e entrava o desenvolvimento social da maioria em virtude do lucro e da prosperidade a custas do trabalho d’outrem: (capitalismo industrial). Esta modalidade de capitalismo casou perfeitamente com o lucrativo negócio de venda de escravos para as chamadas “plantations”, a excessão de nossa particular “plantation” que mais beneficiou senhores de engenho que a sociedade.
Com o fim da Guerra de Secessão nos Estados Unidos da América, entre 1861 e 1865, colonos do Estados do Sul dos E.U.A viram no Brasil a oportunidade de manterem seu estilo de vida por aqui, onde o racismo e o privilégio branco vigoravam. Destoando da doutrina bíblica de Cristo, estes eram protestantes e reformados em sua maioria e usavama Bíblia para justificar uma suposta superioridade; o que não incomodou as autoridades brasileiras; pelo contrário, “branquear” o Brasil era o projeto de nação do momento.
Passados 500 anos após a Reforma Protestante, nem a posterior Reforma Radical e nem a preferência da maioria dos negros pelo protestantismo foram capazes de superar o racismo, o machismo e outras mazelas sociais características
de nossa sociedade tão “naturalmente”desigual. As contribuições da Reforma Protestante e de suas variantes na formação do pensamento e políticas ocidentais são várias mas é nítida a necessidade de uma nova reforma em toda cristandade, pela via do amor e da justiça, sem justificativas teológicas descabidas para manutenção de privilégios. A igreja pode dizer amém?!