Uma coisa é certa, a religião, conquanto exprima o sentido de re-ligação, parece não conseguir esse objetivo. Ao contrário, ela tem servido como regra para divisões, fomentação de ódio, guerras e tantas outras coisas extremamente negativas ao contexto do ser humano. Desnecessário será traçar aqui um cronograma dos acontecimentos ligados a religião que tomou rumos extremos e acabou em tragédia. Mas uma coisa é preciso observar bem de perto: Quando surgiu, a religião não tinha o propósito de causar problemas mas, ao contrário, trazer soluções ao ser humano que caminha lado a lado com o próximo e juntos enfrentam as dificuldades. Basta dizer que no âmago de todas as organizações religiosas não há textos que incitem a violência ou qualquer coisa parecida. A sã doutrina ensina o amor e isso transcende o grupo e atinge a todos de forma integral e absoluta. Jesus, reconhecido por praticamente todos como grande mestre, ensinou que “…pelos frutos se conhece uma árvore…” e esses frutos são o amor demonstrado de forma abundante e sem medida. Amor que junta, amor que conserta, amor que torna possível a convivência seja de que raça, credo ou opção sexual for, amor que constrói pontes que levam ao mesmo lugar comum: O Espaço da Convivência.
A notícia veiculada nessa quarta feira, 25, pela mídia mostra essa realidade, a da possibilidade ligada a boa vontade.
Acontece que o terreiro de Conceição d’Lissa, localizado em Duque de Caxias, na baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, tem sido alvo de intolerância por parte de grupos religiosos e não religiosos. Vandalismos, tiros e finalmente um incêndio em 2014 que praticamente destruiu o local impossibilitando a prática cultual. Quando tudo parecia perdido em apenas mais uma notícia do mundo da intolerância, eis que surge uma mulher que desafia os protocolos em busca de novos paradigmas. Lusmarina Campos, pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana, sob o lema: “Se em nome de Cristo eles destroem, em nome de Cristo nós vamos reconstruir”, resolveu sair do lugar comum e iniciou uma campanha de arrecadação para ajudar na reconstrução do terreiro. Em fevereiro, em uma manhã de sábado, Lusmara, acompanhada de mais três voluntários, estava no terreiro auxiliando na remoção dos entulhos e na preparação da reforma do espaço. No final do ano passado, 12 mil reais, arrecadados em grande parte pela Igreja Cristã de Ipanema que é liderada pelo pastor Edson
Fernando, foram entregues durante um culto Inter-religioso realizado no terreiro de Conceição e ainda contou com a participação do conhecido cantor evangélico Kleber Lucas. O depoimento da mãe de santo sobre a atitude é revelador: “Quando eles vêm dar essa ajuda prá gente, é justamente reconhecer que a gente tem o direito de existir e professar o nosso sagrado. Eles não vieram aqui prá me mudar, evangelizar ou dizer que o que eu faço está feio ou é do diabo. Vieram prá dizer: Faça aquilo que você crê. Eu vou te ajudar”. A pastora enfrentou grande oposição e até ameaças pela iniciativa, mas seguiu em frente criando um divisor de águas que culminou na criação do Fundo de Solidariedade para Enfrentamento de Violências Religiosas. Fundo que será administrado por uma equipe multi-religiosa.
Como diz a velha canção religiosa: “ Nos galhos secos de uma árvore qualquer, onde ninguém jamais pudesse imaginar, o Criador fez nascer uma flor…” A pastora Lusmara é exemplo de que o amor vence preconceitos e constrói castelos e que a preocupação do ser humano deve ser espalhar amor e não tijolos (Templos).
Onde a religião divide, o amor e o respeito une e conserta.
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Parabéns pelo texto e por nos presentear com histórias que nos relatam e testemunham de que ainda há esperanças e que este ser humano de essência boa e amável – existe sim – atua e caminha entre nós. Sou Cristã-evangélica e histórias como esta relembra da máxima: O amor sem vencerá, passe o tempo que for, vencerá. E que Deus é amor e é justiça e para segui lo nossos atos tem que refletir isto, como um fruto reflete a sua árvore.
De fato, precisamos de mais amor e menos religião. Jesus foi contra religiosos e deu amor incondicional aos perdidos e pecadores, aqueles livres de seu próprio orgulho, que reconheciam seu pecado e não os que perguntavam o que fazer para herdar o reino, por conta de esforço próprio.