O que é lugar de fala? Empoderamento? Invisibilidade negra? Solidão da mulher negra? Cota racial? O que são essas coisas de preto? O que tanto esta gente pede, luta e exige? O que é o genocídio da juventude negra?
É muito comum pessoas brancas, mesmo as engajadas politicamente, ainda se questionarem e nos questionar sobre temas sensíveis à população negra como os citados a cima.
Esta ignorância no sentido de desconhecimento vem do fato de vivermos em um país dominado pela “branquitude”, que a mais de 500 anos impõem valores europeus não respeitando que somos diferentes. Temos anseios que partem do pressuposto que não pedimos para aqui aportar e sim fomos raptados e jogados neste país – pior é cobrar patriotismo dentro das condições (quase) desumanas que nos impõem.
Trocaram o navio negreiro pelo camburão e a senzala se chama favela. A televisão ainda nos deixa com uma fatia de menor valor e ainda somos retratados de forma caricatural e sem respeitar nossas idiossincrasias, nosso DNA africano.
Esta luta do povo negro nasce a muito tempo atrás com Quilombos feitos por seres humanos que foram escravizados apenas por terem a cor da sua pele diferente das dos dominantes. Foi em Palmares o local que ficou para história por lutar contra os escravocratas e pela libertação da população negra que foi escravizada. Foi um local de acolhimento, ensinamento e resistência.
Por sua liderança frente ao Quilombo dos Palmares, Zumbi foi assassinado em 1695, mas não deixou um vazio na luta e sim um “motivo a mais para se continuar”, ou seja, este horrendo fato não diminuiu o ímpeto de combate do povo subjugado, humilhado e até assassinado e sim dá força.
Percebe-se que Zumbi renasce (isto até hj em cada um de nós) e faz com que a população negra não esmoreça frente aos desafios de ser negro(a) num mundo feito para brancos.
Por isso é de suma importância quando na década de 1970 o Movimento Negro Unificado (M.N.U), incorporou o dia 20 de Novembro como Dia Nacional da Consciência Negra. Antes em 1971, o Grupo Palmares, de Porto Alegre, já tinha feito este dia como data histórica do povo negro, transformando a data de falecimento de Zumbi, 20 de novembro, em um dia para celebrarmos e lembrarmos oficialmente deste grande líder e suas façanhas.
Para quem ainda tem dúvidas da importância deste dia, abrimos outro questionamento: o quão maléfica foi o ensino escolar sobre a Cultura Negra no Brasil. Por isso se faz necessário pôr em prática, urgentemente a Lei 10.639/03, que versa sobre o ensino da história real negra, da cultura afro-brasileira e africana, ressaltando o quão importante é nossa verdadeira história negra para ser conhecida, assimilada e que ajude na formação da sociedade brasileira.
Voltando no inicio do texto, um dia como 20 de novembro ajuda fomentar o debate e a conscientização dos nossos anseios e demandas, mas lembramos que para nós negros e negras todos dia é dia de ZUMBI, ou seja, dia de resistir, falar da nossa história e lutar!
Viva Zumbi, Viva Dandara e o povo preto(a)!