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Pesquisa nacional inédita sobre o empreendedorismo negro (a)

 

Por Marco Antonio “Dipreto” 

Metade dos empreendedores brasileiros são negros. São 12 milhões de homens e mulheres que apostam na própria capacidade, inovação e criatividade como fontes de renda e realização pessoal.

Mas em um País que abriga 70% da população negra da América Latina, e a maior fora do continente africano, pouco se sabe sobre este grupo de profissionais que assume as rédeas de um setor promissor e em franca ascensão.

Para conhecer melhor o perfil deste segmento, o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Empreendedorismo Negro, ligado à Universidade de São Paulo (Gepen/USP) em parceria com o Instituto Locomotiva, empresa de pesquisa e estratégia, apresentam um levantamento inédito que vai mostrar os potenciais para investimentos, tipos e espécies de financiamentos necessários, a partir do conhecimento e análise de como esses empresários – em sua maioria de pequeno e médio porte – gerenciam seus negócios, quais são suas percepções sobre as influências do racismo nos seus negócios, suas expectativas sobre o futuro político e econômico do País, entre outros conceitos que vão colaborar para a construção de cenário mais nítido e abrangente sobre as demandas do setor.

A pesquisa será dividida em três etapas. A primeira, um dossiê, será divulgada entre os meses de maio e junho, a segunda, a pesquisa propriamente dita, acontecerá após junho, e terá foco nos empreendedores negros da capital paulista e região metropolitana de São Paulo. A terceira, de abrangência nacional, acontecerá no segundo semestre, após análise e divulgação dos dados das etapas antecessoras.

 

Marco Antonio "Dipreto"
Marco Antonio “Dipreto”

“Os negócios e iniciativas empreendedoras comandadas por negros ainda são subvalorizados, tanto como potencial para grandes investimentos privados, quanto como instrumento estratégico de desenvolvimento nacional. Para esta parcela da população, hoje, empreender  é apresentado geralmente como opção ao desemprego ou complemento de renda, um “bico”, quando na verdade, em países desenvolvidos social e economicamente, existe um sistema sofisticado em organização, com a formação de parcerias públicas e privadas para fortalecer os pequenos e médios negócios, especialmente para incluir grupos em condições econômicas e sociais desiguais” diz Marco Antonio “Dipreto”, coordenador geral da pesquisa e um dos fundadores do GEPEN.

 

Ele cita como exemplo a Alemanha, onde aproximadamente 70% das exportações tem participação das pequenas e médias empresas (PMEs) e os EUA, país onde elas são 98% das empresas exportadoras, contribuindo com 33% do valor exportado.

 

Para João Paulo Cunha, gerente de pesquisa de mercado do Instituto Locomotiva, o empreendedorismo é uma das principais forças a impulsionar a economia brasileira, e ganhou ainda mais importância em um cenário de crise. “Os negros são protagonistas desse processo, sendo responsáveis pela maior parte dos pequenos negócios do País. Compreender com profundidade quem são os empreendedores negros, identificando suas perspectivas e demandas, é uma tarefa fundamental para embasar políticas e estratégias que contribuam para alavancar os negócios desse público tão relevante para a economia nacional”, declara Cunha.

João Paulo Cunha
João Paulo Cunha

 

Etapas da pesquisa

Dossiê

Através de releitura e integração de informações de diferentes fontes de dados, incluindo dados públicos (IBGE , PNAD e organizações setoriais) e outros já coletados pelo Instituto Locomotiva, serão mapeadas informações relacionadas aos empreendedores negros brasileiros e suas características.

Serão delineados o perfil demográfico, faixa de faturamento na comparação com os empreendedores brancos, grau de  formalização, escolaridade e acesso a plataformas digitais. Também serão coletados dados sobre valores, perspectivas de futuro, visão sobre o País e percepções sobre racismo.

 

Base do GEPEN/USP

Na segunda etapa, uma pesquisa quantitativa online será realizada com empreendedores negros da base cedida por parceiros do GEPEN/USP, com destaque especial para o aplicativo KILOMBU, desenvolvido justamente para possibilitar a localização de negócios nas mais diversas categorias e potencializar pequenos empreendimentos negros.

Nesta fase será possível realizar análises estatísticas sobre as características, modelos e potenciais dos negócios, assim como comportamentos, opiniões e demandas do empreendedor negro.

 

Pesquisa Nacional

Por fim, a mesma metodologia – pesquisa quantitativa online –  será aplicada em todo o território nacional. O levantamento inédito será fundamental para a elaboração de um diagnóstico mais preciso sobre os desafios e demanda dos empreendedores negros brasileiros em geral.

O primeiro passo já foi dado

Em 2015, o Fundo Baobá de Igualdade Racial em parceria com o Instituto Feira Preta realizaram a Pesquisa Nacional Negro Empreendedor (PNNE) -(https://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-perfil-do-empreendedor-negro-no-brasil) que pontuou os avanços e desafios dos empreendedores no que tange à gestão do negócio, processo produtivo e acesso ao crédito.

“A pesquisa sinalizou que houve avanços na forma como os negros lidam com o processo de empreender e como isso impacta na condução de seus empreendimentos, mas, ao mesmo tempo revelou que há muitas ações a serem feitas para melhorar e fortalecer o cenário para o empreendedor negro brasileiro”, continua Dipreto, que foi um dos pesquisadores deste estudo.

 

Grande potencial

O empreendedorismo está no DNA da população negra. Desde que foram traficados para o Brasil, há mais de 500 anos, os africanos, apoiavam-se na inovação e criatividade para suportar os desmandos da escravização, como, por exemplo, através das profissões de ofício (alfaiates, “quituteiras”, marceneiros, etc) ou prestando serviços domésticos. Hoje o ato de empreender ultrapassa as fronteiras da subsistência e tem buscado aprimorar as suas habilidades e competências para a criação, abertura e gerenciamento de seus próprios negócios.

 

Entretanto, o racismo institucional ainda é uma forte barreira para o avanço desse segmento tão promissor. A dificuldade de acesso ao crédito e a capacitação são alguns dos “nós” que precisam ser desatados.

Dados divulgados em 2013 pelo Instituto Data Popular apontou que os consumidores negros, boa parte localizados na chamada classe C, movimentaram cerca de R$713 bilhões ao ano. O estudo também observou que existe demanda crescente e oferta insuficiente de produtos e serviços para atender o perfil de um novo consumidor negro.

Recentemente, relatório divulgado pelo Instituto Locomotiva, para avaliar o impacto do racismo na economia brasileira revelou que  a população negra movimentou R$ 1,6 trilhão em 2017 e constatou que, se a remuneração entre brancos e negros fosse equiparada, haveria um potencial de injeção de mais R$ 808 bilhões no mercado.

 

A expansão do empreendedorismo – capitaneado pela população negra, certamente a mais afetada por crises econômicas – aponta para uma tendência irreversível e que deve no médio prazo pautar as diretrizes econômicas do Brasil.

Conhecer melhor este novo mercado e investir em políticas públicas e estratégias consistentes para a inclusão e o fortalecimento de quase 12 milhões de negros e negras empreendedores – o equivalente a quase 30% do número de trabalhadores com carteira assinada no país – é fundamental para a estabilidade socioeconômica nacional.

 

Sobre

 

O GEPEN/USP – Criado em 2017 como iniciativa do Instituto Montsho – organização cujo objetivo é a inclusão social através do desenvolvimento econômico – é um coletivo com caráter acadêmico autônomo, interinstitucional e multidisciplinar, que através de estudos e pesquisas tem como objetivo servir como fonte de conhecimentos para organizar, inovar, escalar o empreendedorismo negro no Brasil. Na Universidade de São Paulo (USP) o grupo conta com a curadoria dos professores doutores Dennis de Oliveira, da Escola de Comunicação e Artes (ECA) e Gilson Schwartz, também da ECA e do Instituto de Estudos Avançados (IEA).

O Instituto Locomotiva – Empresa de pesquisa e estratégias fundada em 2016 por Renato Meirelles e que tem como sócio o  consultor Carlos Alberto Júlio, com grande expertise na produção de dados e análises sobre os empreendedores e a população negra.

 

Informações para a imprensa

Mônica Costa  11 996891518

mc.costa40@gmail.com

Marco Dipreto 11 98644 4652

marcodipreto@gmail.com

Instituto Montsho Empreendedores Afro-brasileiros

montsho.contato@gmail.com

 

Nota: O texto enviado é de responsabilidade do Marco Antonio “Dipreto” 

 

NOTA

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