São Paulo, 27 de setembro de 2019, seis e cinquenta da tarde, eis que chego na Avenida Paulista em frente ao Masp e vejo umas 500 pessoas no Ato por Agatha Félix, menina de 8 anos assassinada cruelmente pela PM do Rio com um tiro de fuzil nas costas na semana passada.
Vejo cartazes, frases de protesto e eu pego um balão amarelo (que Agatha gostava tanto como foi mostrado em várias fotos) e uma rosa em homenagem a pobre menina negra que não teve permissão de viver numa sociedade tão enlouquecedora e intolerante que vivemos atualmente.
Não vi políticos, nem líderes sindicais ou ainda a grande imprensa, que aliás silenciou totalmente sobre o ato – retificando vi a mídia alternativa, tão aguerrida e ousada divulgando amplamente o ato como deveria ser feito, essa grande imprensa que não teve a capacidade de nem divulgar entre os seus (o ator global Fábio Assunção) mandando um viva para a Agatha quando foi receber seu prêmio essa semana no Prêmio Bibi Ferreira de Teatro, longe disso.
Pelo contrário, eu vi o povo (em grande maioria negra) que estava lá protestando num frio cortante que só São Paulo pode ter em prol a vida, a sua sobrevivência. Digo isso porque o negro no Brasil é uma carne, um adorno, um lixo que se pode usar e jogar fora como se fosse algo descartável.
Agora eu apostaria o que vocês quisessem que se Agatha fosse branca, estudante do Colégio Bandeirante (um dos mais caros do Brasil) e fosse filha de algum milionário ou de uma personalidade famosa o ato não seria gigantesco e divulgado pelos quatro cantos do mundo.
Daria pouco minutos pra Paulista ficar toda interditada e com as pessoas gritando com todos os pulmões saudáveis para uma conscientização.
Mas sinceramente não me importo, porque sei que nesse silêncio mortal que vivemos no Brasil de hoje, as poucas vozes que apareceram e mostraram seu valor de alguma maneira vão ser vistas, notadas e percebidas.
Agatha não é um número estatístico, ela é uma vida ceifada mas que o sr Witzel terá que colocar na sua conta de incompetência e descaso no governo do Rio.
Uma cidade tomada pela violência e caos abundante, uma hora a oposição acorda e pede a cassação do mandato dessa pessoa que está destruindo a Cidade que já não é mais Maravilhosa há muito tempo, quem sabe se com ele saindo do cargo surge alguém apaziguador e que de fato trabalhe em prol as pessoas.
Jamais esqueceremos de você, querida Agatha e de nenhuma vida negra, lutaremos sempre pela nossa preservação
Axé!