Por Onesio Meirelles
Salve leitores,
Meu maracatu é da Coroa Imperial
É de Pernambuco ele é da casa real
E assim o GRES Acadêmicos do Salgueiro revolucionou o carnaval carioca, quando em 1960 apresentou como tema “Zumbi dos Palmares”
Foi a primeira vez que uma escola de samba apresentava um tema afro-brasileiro e como personagem principal um herói negro.
Um herói que você não toma conhecimento na escola primaria, ou seja, na historia oficial o negro só faz parte como subalterno, como elemento de segunda classe.
Neste ano o Salgueiro ficou em primeiro lugar juntamente com mais quatro escolas de samba; Portela, Mangueira, Império Serrano e Unido da Capela, solução encontrada para que o desfile não fosse anulado.
Nesta história uma família de sambistas liderada por Iraci Serra, um dos que participaram da fundação da agremiação já era reconhecida no morro pela sua importância e colaboração para o crescimento do Salgueiro.
Iraci era violinista e tocou em muitas rodas de samba nas biroscas do morro
Seu Serra fez parte do Conjunto a Fina Flor do Samba que em 1975 gravou o LP Historia das Escolas de Samba, tendo gravado “Sambista”
Seu Serra também gravou em 1996 no LP Encontro com a Velha Guarda o samba “Vou sorrir”
Dona Fia sua esposa foi imortalizada na gravação do Fundo de Quintal, ela que era costureira, confeccionava fantasias e também desfilava de baiana.
Em 1960 seus três filhos Francisco, Lourival e Almir, jovens adolescentes já desfilavam no Salgueiro e ali eles foram crescendo e se desenvolvendo com um comprometimento muito forte com o samba.
Com o samba no coração e com o Salgueiro como paixão, cada um dos irmãos foi se destacando na carreira artística.
Francisco ficou conhecido como Chiquinho dos Originais, pois, juntamente com Mussum, Bide, Lelei, Rubão e Bigode no final dos anos sessenta fundou o grupo “Os Originais do Samba”.
Se fixaram em São Paulo e de lá explodiram com um sucesso atrás do outro.
Cadê Tereza, Do lado direito da rua direita, Esperança perdida, A dona do primeiro andar, Assassinato do camarão e tantos outros.
Muitos shows, em São Paulo e no Rio de Janeiro então nem se fala.
Chiquinho além de cantar juntamente com os outros componentes do conjunto tocava ganzá ou agogô.
Lourival se tornou Mestre Louro e por trinta e um ano comandou a bateria do Salgueiro, tendo começado sua carreira de diretor geral de bateria em 1972 indos até 2003.
A bateria do Salgueiro sob o seu comando conquistou o Estandarte de Ouro oferecido pelo Jornal o Globo nos anos de 1984,1993 e1998( Melhor bateria)
Ganhou também o Estandarte de Ouro como personagem dos desfiles nos anos de1997 e 1993
Almir Guineto o mais bem sucedido sambista da família Serra e que começou a desfilar pelo Salgueiro em criança, assim como seus irmãos, foi também Diretor de bateria do Salgueiro um pouco antes do seu irmão Louro, mas ficou por pouco tempo.
O coisinha tão bonitinha do pai
O coisinha tão bonitinha do pai…
Em 1997 este samba foi tocado em Marte na Voz de Beth Carvalho, Almir Guineto um dos autores.
No começo dos anos 70 Almir Guineto já frequentava as rodas de samba do Cacique de Ramos onde se cantava muitos sambas inéditos
Ali mais tarde ele apresentou a novidade, acompanhando samba tocando banjo, deu tão certo que outros o seguiram e hoje é um dos instrumentos mais tocados nas rodas de samba.
Em 1979, Almir Guineto foi morar em São Paulo e teve uma leve passada no Conjunto “Os Originais do Samba” onde tocou cavaquinho.
Em 1980 já de volta ao Rio de Janeiro, fundou juntamente com Jorge Aragão, Sombrinha, Neoci, Sereno e Ubirany o Conjunto Fundo de Quintal, mas logo após o primeiro disco do grupo, partiu pra carreira solo.
E fez muito sucesso, compositor de mão cheia, além das próprias composições Almir gravou outros compositores em seus discos..
Mel na Boca, Insensato destino, Conselho, Lama nas ruas, Caxambu, só para citar alguns.
Tem que se tirar o chapéu para esta família de sambistas autênticos, principalmente para Almir Guineto, cantor, compositor do eixo Rio/São Paulo.
O seu legado musical é inestimável e incomparável a sua forma de tocar banjo.
Família Serra, Nem Melhor, Nem Pior, apenas diferente.
O Samba agradece.
Rio de Janeiro 19 de junho de 2017.
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Parabéns pelo relato dessa parcela da história do samba, pois, poucos conhecem os bastidores da nossa cultura e, obrigado pela escolha de focar essa matéria na Academia do Samba, a Acadêmicos do Salgueiro e nas suas figuras históricas. Sarava. Um forte abraço Onésio. Flavio Oliveira do Salgueiro.
Ficamos felizes em saber que gostou da matéria Flavio. Continue nos acompanhando!