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No dia 20 de Novembro escolhemos as crianças. Por quê?

Ontem dia 20 de novembro foi dia da Consciência Negra e o Jornal Empoderado foi convidado para inúmeros eventos e atividades sendo a Marcha da Consciência Negra, na Av. Paulista o principal evento da cidade de São Paulo.

Estivemos na Marcha com nossas colaboradoras. Como Valéria Silvestre que ajudou na construção do ato. Assim foram em inúmeros eventos pelo estado.

Vivemos um Brasil conservador que é administrado por governantes conservadores e de extrema-direita. Ou que isso quer dizer para a população negra?

O presidente atual já falou publicamente contra a população negra e Quilombola, assim como o atual governador de São paulo e do Rio de Janeiros que ambos ao invés de criarem projetos que valorizam a vida preferem dar “tiro na cabecinha”. E assim temos casos como do assassinato da pequena Ágatha ou de 80 tiros em um pai de família negro.

Pensando no momento atual, que se encontra o Brasil, o Empoderado resolveu mais do que nunca voltar para base e assim construir com quem amanhã vai ter poder de voto e decisão.

Assim chegamos a E.E.Profª Laurinda Cardoso Mello Freire, na região de Mogi das Cruzes para a 4ª Semana da Consciência Negra da Escola Estadual Profª Laurinda Cardoso Mello Freire – 2019. E este ano a homenageada foi: Sandra Aparecida Santos (Dona Sandra da UNEGRO).

O Laurinda é uma escola localizada em um bairro de classe média e onde os alunos e professores (as) são majoritariamente brancos e os (as) alunos (as) negros (as). O convite foi feito pelo professor Diogo Dionízio. Diogo é um dos poucos professores negros da escola.

Professor Diogo e seus alunos e alunas.

No primeiro dia (18/11) teve a palestra “O Racismo no Brasil”, com o advogado Doutor Odair, no Anfiteatro. Além de Oficina de Turbantes.

No segundo dia de evento (19/11) aconteceu o “Café Filosófico – O Negro no Brasil”.

Este foi um momento de trocar vivências com as crianças.  O papo foi tão positivo que o único momento que os alunos e alunas usaram celular foram para filmar a Yasmin (poeta) ou quando um tema chamava muito a atenção. Aconteceram duas mesas um no período da manhã e outro para os mais novos a tarde. 

Foram convidados (as) para esta conversa com os (as) alunos (as): Anderson Moraes (Jornal Empoderado) Lindemberg Alves (COMPIR/Afrontarte), Yasmin (Frente SP), Fabiana Silva (Empreendedora e Jornalista do Empoderado), Dr. Adelson Mendes (Advogado), Geralda Marfisa (Militante do Movimento de Saúde da Zona Leste de SP) e Selena Ferreira ( Estudante) e o professor Álvaro Dos Santos.

 

No dia 20/11 – Shows e apresentações culturais das 07:00 as 23 horas ininterruptamente.

E no segundo dia teve desfile e muita música..A abertura do evento musical foi feito pela Thata, do Jornal Empdoerado. Ela mandou muito bem.

Crianças da CEI Jardim Rosely do bairro de São Matheus (Sp) se apresentando na 4° Semana da Consciência Negra da EE Prof Laurinda Cardoso Mello Freire, em Mogi das Cruzes.

A escola recebeu muitos artistas e bandas entre eles Grupo Viciados no Rap (Rap), Roda de Choro do seu Julinho (Samba e Choro), BABG (Rap) e o lendário Mc Pepeu, o primeiro Rapper do Brasil. Pepeu agitou a criançada e foi muito simpático a ponto de dar conselhos para um grupo de jovens que desejam trilhar o caminho do RAP.

Mc Pepeu de óculos batendo papo com um grupo de jovens rappers.
Vinão (a esquerda) e Mc Pepeu (a direita) dividiram o palco … para surpresa de Vinão rs

 

Mais fotos na página do Facebook  clicando aqui!

A organização do evento foi feita pelos professores e direção e ex-alunos(as): Prof° Diogo Dionízio, Profª Glenda, Profº Gerson, Profª Tânia, Prof° Fábio, Profª Edileusa, Profª Letícia, Prof° Ronaldo, Profª Cleuza, Profª Fabiana, Profª Gisleine, Profª Lizandra, Profª Regina (Coordenação Pedagógica), Profª Cátia (Coordenação Pedagógica), Profª Lilian (Vice Diretora), Profª Angélica (Diretora), Dadimar (Agente de Organização Escolar), Telma “Fubá” (Agente de Organização Escolar), Paulo (agente de Organização Escolar) e Grêmio Estudantil 2019.

Representatividade importa sim!

Após sairmos do evento da escola, em Mogi, fomos até o evento “Racismo e genocídio nas periferias” organizado pelo “CDC – Coletivo Democracia Corinthiana” e a “Rede De Proteção E Genocídio”, da ECLA – Espaço Cultural Latino Americano a convite do Lucas, do CDC

A primeira mesa estiveram jovens que tiveram sua liberdade interrompida quando foram presos por crimes que afirmam não terem cometido. E como foi forte ouvir que acreditavam no sistema até serem presos injustamente. Manteremos os nomes ocultos devido estarem ainda em processo judicial o caso deles e delas. Uma forma de resguardar as vítimas que já sofreram muito.

A segunda mesa contou com integrantes do Jornal Empoderado (Anderson  Moraes e Thata), Estevão Silva (advogado), Rafael (Fisioterapeuta do Corinthians) e Mariana Janeiro (Filósofa e Ativista Política).

Cada um com sua vivência, mas que suas falas convergiram para que as pessoas não negras entendessem seu lugar na luta anti racista. Ou seja, usarem seu privilégio para ajudar e entenderem que é só “mais uma reclamação deles(as)”, e sim, um grito de quem entende que na prática muito ainda precisa ser feito.

O doutor Estevão fez uma análise do sistema judiciário, sua debilidades e como seu Coletivo Clã da Negritude apoia vítimas de injustiças criminais.

Mariana fez uma contextualização no panorama geral da estrutura racista no Brasil e como a Necropolítica é utilizada diariamente no modo de pensar o país. Ou seja, é a poder social e político que dita como algumas pessoas podem viver e como algumas devem morrer.

Rafael que trabalha no Corinthians passou um vídeo institucional do clube sobre como o racismo afeta a vida dos jogadores, dirigentes e funcionários. Logo depois expõe que mesmo ele hoje podendo entrar em um restaurante de alto padrão ele percebe que é tratado como se fosse um qualquer, só por ter a cor da pele mais escura. 

Anderson e Thata falam sobre como é difícil fazer mídia sendo negros (as). E que o Empoderado evita a cada dia mais expor desnecessariamente pessoas negras que estejam sofrendo. E ainda sobrou uma autocrítica em relação que estar nas comunidades é um passo para mudança.

Pois muitas pessoas votam em políticos da extrema direita não por prazer e sim porque foram bombardeados com informações, de uma mídia branca conservadora e que só visa lucro, dizendo que o Brasil está num mar de lama e o candidato conservador x ou y é a salvação.

O país teve momentos de melhorias sociais e econômicas, mas no geral a população negra e periférica sempre sofreu. São centenas de anos de luta e resistência. E para entender isso basta ir em uma comunidade, conversar com motorista de Uber ou uma dona de casa. Existe quem acredita nos políticos que hoje estão no poder, mas uma grande maioria votou neles por falta de esperança.  

O evento serviu para mostrar que o Mano Brown sempre esteve certo ao pedir “voltem pra quebradas” para uma parte da esquerda.

E para quem ainda se questiona como ajudar, é simples. Respeitem e aceitem que existe sim LUGAR DE FALA e que seu papel como pessoa branca com consciência é usar seu privilégio branco para dar os acessos que uma pessoa negra não tem. Outro ponto importante é abrir espaço, ou seja, deixar de querer ser protagonista 24 horas; pois até quando o evento é do Dia da Consciência Negra alguém branco (a) quer fazer “fala” sem entender o que é protagonismo. Assim já estarão ajudando muito as pessoas negras (mais vulneráveis e invisíveis).

Estar no Laurinda no dia da Consciência Negra e depois receber a noite a triste notícia que o professor antirracista, militante negro histórico, fundador da UNEGRO – União de Negros pela Igualdade, e parceiro do Empoderado, Juarez Tadeu de Paula Xavier foi esfaqueado após ser chamado de macaco nos da a certeza que fizemos certos em estarmos em um dia tão significativo dentro de uma escola.

Focar nossos esforços com crianças e nas periferias é para o Empoderado a energia que queremos investir. Pois no futuro as crianças que conscientizamos hoje, amanhã irá ajudar amenizar os problemas e sofrimentos que acompanhamos hoje.

O Empoderado valoriza e apoia todas as manifestações feitas para lembrar da luta e resistência do povo preto. Tanto que muitas matérias estão sendo feitas das atividades deste mês. Mas acreditamos que se mais e mais pessoas voltarem a construir na base (escolas e periferias) vamos diminuir as atrocidades que acompanhamos diariamente.

Vale lembrar que o aluno e a aluna do Laurinda de hoje pode vir a ser o legislador, o (a) magistrado (a) e o dono de empresa de amanhã que vai ter consciência o suficiente para parar de encarcerar, matar e fazer sofrer o Juarez’s, Marielles e Ághatas de amanhã.

Queremos que em um futuro próximo o Brasil seja governado por pessoas que ao invés de mandar matar fale: “Vamos juntos (periferia e poder público) criar soluções para que todos tenham acesso a lazer, saúde pública de qualidade, emprego e que possamos ter escolas com mais investimento e estrutura”. 

 

Respeito às vítimas e familiares

O Empoderado resolveu tomar algumas atitudes editoriais. Uma delas é não compactuar com a exposição excessiva do corpo negro (a) em situação de sofrimento. Ou seja, vamos cada vez mais valorizar pessoas negras que constroem este país e que são invisíveis. E esperamos estar mais presentes em locais que possamos trocar com que no futuro irá estar nas posições de comando.

Quando fazemos uma matéria de uma pessoa negra assassinada ou presa injustamente, mais que o click queremos que a mãe, familiares e amigos que estão sofrendo sejam respeitados na sua dor. E assim vamos evitar expor o corpo negro que sofre. Falaremos e informaremos sobre o tema, mas sempre que necessário iremos ocultar a imagem da vítima.

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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